Publicado em 08/03/2020 às 14:15:00
Hebe Camargo é um dos principais nomes na história da TV brasileira. A apresentadora, que completaria 91 anos neste domingo (8), em que também se celebra o Dia Internacional da Mulher, tinha personalidade e discursos que ainda hoje soam progressistas.
Presente na telinha desde sua inauguração no Brasil, na década de 1950, Hebe ficou fora do ar por pouquíssimo tempo. Comandou programas de sucesso na TV Tupi e Band, consolidando-se no SBT na década de 1980. Parte de sua jornada foi narrada no filme Hebe - A Estrela do Brasil, de 2019, que rendeu minissérie homônima para o Globoplay.
Chama atenção que sua fala tenha virado notícia anos após sua morte. Recentemente, trechos da entrevista que Hebe concedeu ao Roda Vida, da TV Cultura, em 1987, viralizaram nas redes sociais. Nos vídeos, ela se opõe ao preconceito contra homossexuais e fala abertamente sobre aborto.
Confira, a seguir, cinco provas de que Hebe Camargo foi uma mulher à frente de seu tempo:
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Hebe tinha apenas 15 anos quando assinou seu contrato com a Rádio Difusora, em 1944 - uma época em que artistas não eram bem vistos na sociedade. A futura estrela deixou sua família humilde para ganhar o Brasil, inicialmente com a voz. Na TV, 11 anos depois, comandou a primeira atração feminina da TV Paulista: O Mundo é das Mulheres.
A apresentadora contava às gargalhadas que faltou à inauguração da TV no Brasil, mentindo estar doente, para se encontrar com o então namorado, Luís Ramos, um de seus grandes amores. Escalada para cantar o Hino da Televisão, ela foi substituída às pressas pela amiga Lolita Rodrigues.
Um de seus maiores admiradores foi o quatrocentão Peppino Matarazzo, que lhe dava variadas joias de presente. Hebe fez questão de devolver tudo quando o namorico acabou. "Tudo o que tenho na vida foi conquistado com o meu trabalho. Nada veio de marido, amante ou amigo", afirmou, em entrevista à Veja, em 2009.
A presença de drag queens e a abordagem de pautas progressistas no programa de Hebe arrepiavam os cabelos dos censores na década de 1980. Por conta do conteúdo, a direção da Band ameaçou só exibir os programas da apresentadora gravados, o que teria sido o principal motivo para sua saída da emissora.
Assista a um trecho da participação do ator Patricio Bisso como a sexóloga Olga del Volga no programa de Hebe, em 1987:
Um discurso da loira, durante participação no Roda Vida, da TV Cultura, em 1987, viralizou nas redes sociais recentemente. De forma esclarecida e didática, Hebe ergueu a bandeira dos homossexuais, colocou sua voz contra o preconceito e negou que "influenciasse" a orientação sexual das pessoas com tal discurso.
"Quem tem que ser é. Eu tenho muitos amigos homossexuais, pessoas com quem eu aprendo muito. São pessoas educadas, maravilhosas, com uma cultura que eu gostaria de ter e não tenho. Tenho profundo respeito, eles por mim e eu por eles", classificou.
Em outro trecho da mesma entrevista, ela fala abertamente sobre o aborto que fez aos 18 anos e defende a legalização. "Na minha primeira relação sexual, fiquei grávida. Não podia contar para ninguém. Meu pais sempre foram muito severos e naquela época era uma perversão ter relação sexual sem se casar", relatou.
Hebe foi levada por uma vizinha para fazer o procedimento pelas mãos de uma mulher que não era médica. "Numa sala pequena, sem anestesia, sem medicamento nenhum, ela fez a curetagem. A dor era tão intensa que ameacei gritar. Jamais vou esquecer daquela voz falando em tom alto e áspero para eu calar a boca", disse.
A entrevista, em que ela também fala sobre política e outros assuntos, está disponível, na íntegra, no YouTube:
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