Opinião

A minha experiência de assistir as sete horas do Domingo Legal

Programa de Celso Portiolli no SBT atravessa toda a tarde de domingo

Celso Portiolli nos três diferentes games do Domingo Legal - Fotos: Reprodução/SBT
Por Thiago Forato

Publicado em 31/08/2024 às 08:51:57

O Domingo Legal ficou inflado desde 30 de junho, quando Eliana saiu do SBT para a Globo. Celso Portiolli comanda uma verdadeira maratona de sete horas de duração, ainda que ele tenha se tornado uma espécie de "sessão" ou um amontoado de programas de auditório, exatamente como foi em grande parte da existência do Programa Silvio Santos.

Isto é, são verdadeiros programas dentro de um. Quando o dominical ganhou todo esse tempo, sempre bate aquela curiosidade: será que alguém é capaz de assistir um programa desse tamanho inteiro? Será que alguém chegava a assistir o PSS do início do fim nos seus áureos tempos? Tem louco pra tudo. Resolvi ser um deles no último domingo (25).

Estreias da Record no domingo não conseguem 2º lugar e Sheherazade dá menos da metade de Portiolli

Celso Portiolli abre o jogo: De lição de Silvio Santos a bastidores do Domingo Legal turbinado

VEJA TAMBÉM

É necessário algum preparo mental. Afinal de contas, o DL começa antes do almoço e termina perto do jantar. O grande desafio é se manter atento e não cair na armadilha de ficar disperso.

Domingo Legal - Parte 1

Celso Portiolli na abertura do Domingo Legal e do Passa ou Repassa - Foto: Reprodução/SBT

O programa começou às 11h28 e a gente sabe que o início é o ponto alto. O Passa ou Repassa é um caso curioso. Com 37 anos da sua estreia no Brasil ainda sob o comando de Silvio Santos (1930-2024), o game segue competitivo e atraente.

Celso Portiolli entende do riscado. Dizer que ele conduz bem aquela brincadeira é chover no molhado. Durante a edição, as tradicionais provas se mesclaram com algumas clássicas que embalaram o Programa Silvio Santos, como a do Tobogã e Prêmio ou Água, no tanque. Foi atípico.

O apresentador entrou na brincadeira e se molhou. Fazer esse tipo de bagunça ao vivo sempre foi especialidade do SBT. Tal modus operandi nunca foi bem reproduzido pela Globo, que nos últimos tempos até tentou emplacar algo parecido. Mas a bagunça era tão roteirizada e engessada que não tinha a menor graça. E aqui falo do Zig Zag Arena e o Pipoca da Ivete.

O improviso e a autenticidade fazem toda diferença. Ao passo que o quadro seja o ponto alto do Domingo Legal, é também o mais desafiador para o telespectador. Nas primeiras duas horas (antes do game da Havan), foram quatro intervalos comerciais, totalizando 32 minutos, sem contar as ações de merchandising.

A primeira hora é pior ainda: de 11h28 até 12h29, foram três breaks. 23 minutos de anúncios. Mas faz parte do show. Os boletos precisam ser pagos. No entanto, não há como negar que são "mal distribuídos". Foram sete no total, sendo o último dado pouco antes das 18h.

O Passa ou Repassa seguiu até 14h13. Reitero que sem dúvida essa é a melhor parte do Domingo Legal. Pra cima, "zoneado". Um SBT raiz, sobretudo se os convidados ajudarem, como foi o caso dessa edição.

Para que você não se pergunte quem foram os participantes do PR, o time azul foi composto por Mara Maravilha, Patricia Salvador, Rafinha Viscardi e o amarelo por Luís Ricardo, Liminha e Felipeh Campos.

Domingo Legal - Parte 2

Celso Portiolli na abertura do Quem Arrisca, Ganha Mais - Foto: Reprodução/SBT

Atualmente, o Domingo Legal exibe uma nova temporada do Quem Arrisca Ganha Mais. Confesso que não sou o maior fã desse programa. Apesar das provas serem bem elaboradas, falta plateia e um cenário mais diurno. E é muito longo.

Caso fosse ao ar à noite, seria ótimo. A edição mais tensa ajuda e a paleta de cores seria mais condizente. Pode ser que seja chatice da minha parte, é claro, mas é no mínimo desconfortável ver o sol estatelando enquanto um programa "quente" na TV está com o ambiente todo escuro.

O Quem Arrisca Ganha Mais foi ao ar entre 14h13 e 16h01 e teve apenas um intervalo comercial, às 15h43, de oito minutos. Acabei me dispersando pelo tempo de tela em excesso e pelo próprio quadro me trazer alguns desses desconfortos que listei acima.

Domingo Legal - Parte 3

Celso Portiolli na abertura do Até Onde Você Chega - Foto: Reprodução/SBT

A última parte teve um desafogo importante. Foi ao ar o quadro (agora sim, quadro) De Quem é Essa Mansão? que começou às 16h01 e foi até 17h12. Apenas um intervalo foi contabilizado, às 16h41 e com sete minutos.

O quadro que visita a mansão de um famoso e que coloca Portiolli ao lado de Pedro Manso e Marlei Cevada, é importante. Depois de dois games - especialmente o último mais denso, foi uma válvula de escape que me conectou de novo com o programa.

Algo mais leve e descontraído principalmente contra o futebol da Globo é uma boa sacada. Nessa edição, a trupe mostrou a mansão de Cesar Filho, atual âncora do SBT Brasil.

O último quadro, o Até Onde Você Chega, começou às 17h12 e ficou no ar até 18h19, com um intervalo pouco antes das 18h. Apesar de não ter visto muita graça nele no início, é um game que fica mais eletrizante pro final. É bom? É. Mas depois de uma tarde repleta de jogos, acredito que esse seja um excesso. A última hora pode ser preenchida com qualquer outra coisa, menos game-show.

É bem verdade também que poucos devem maratonar o Domingo Legal e portanto, assistir só o último quadro. Ainda assim, o programa peca pela falta de diversificação e na distribuição dos intervalos.

O programa de Celso Portiolli naturalmente vai se moldando ao longo dos próximos meses. Ter sete horas ainda é uma novidade. É competitivo na audiência e fatura os tubos, mas por que não variar o cardápio?


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto



TAGS:
NOTÍCIAS RELACIONADAS
MAIS NOTÍCIAS