Opinião

Carnaval 2024: Globo faz transmissão Globeleza desastrosa e expõe que perdeu know-how

Emissora otimizou custos, tratou os desfiles como entretenimento, cortou jornalismo e esqueceu da competição

Vítor diCastro virou a cara do Carnaval Globeleza 2024 - Foto: Divulgação
Por Sandro Nascimento

Publicado em 12/02/2024 às 13:23:54,
atualizado em 12/02/2024 às 17:14:18

Os telespectadores da Globo que assistiram aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro no último domingo (11) se depararam com uma transmissão meia-boca que não lembrava o padrão de qualidade que a emissora sempre teve orgulho de ostentar. Em 2024, o que foi levado ao vídeo mostra que a emissora perdeu o know-how do Carnaval e, além disso, precisou fazer cortes nos custos operacionais para tentar aumentar sua margem de lucro na produção do produto Globeleza.

Neste ano, a Globo tirou a responsabilidade do jornalismo e tratou os desfiles como uma atração do setor de entretenimento. Sem repórter, contratou dois influenciadores digitais na base do cachê e ficou livre das despesas trabalhistas como adicional noturno e hora extra. Tudo pensando numa transmissão mais enxuta.

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Mas o barato, para o telespectador, saiu caro. Na primeira noite dos desfiles do Grupo Especial carioca, teve uma cobertura pobre e deixou os fãs das escolas sem informação. A Globo tratou como espetáculo, mas esqueceu que a premissa é a competição.

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Na quarta-feira de cinzas (14), quem só acompanhou os desfiles pela emissora não vai entender porque sua escola não teve uma boa avaliação dos jurados, pois se guiou pelo que viu na TV. Afinal, na tela da Globo, a agremiação passou pela Sapucaí perfeita.

A Globo não exibiu buracos entre uma ala e outra, carro alegórico que ficou desgovernado e feriu uma pessoa, comissão de frente de escolas. Um horror. Parece que a edição foi feita por estagiários que nunca assistiram Carnaval orientados por pessoas que não gostam da folia. Só não foi pior pelo Milton Cunha, o grande herói.

O influenciador Vítor diCastro, que desempenhou o papel de repórter nas arquibancadas populares, foi visto consumindo pastel e salame, como se fosse algo inédito. No entanto, essa prática já era comum nas coberturas do Carnaval Globeleza nas décadas de 80 e 90, realizadas por Maurício Kubrusly e Márcio Canuto. Não agregou. Não disse para que veio, não tinha repertório e cheio de frases prontas.

Outro ponto foi a qualidade da imagem. Muitos takes não tinham definição. A Globo também economizou e capturou boa parte das cenas com sinal 5G.

Por fim, foi uma transmissão desastrosa. A Globo deveria apagar o registro do Globeleza 2024 e fingir que não foi feito. No ano que se comemorou os 40 anos da Marques da Sapucaí, a Globo forçou o saudosismo da cobertura da Manchete (1983 - 1999). 

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