Publicado em 26/12/2023 às 14:09:00,
atualizado em 26/12/2023 às 15:36:18
É grave e não pode passar impune o que aconteceu na véspera do Natal com a jovem Jéssica Vitória Canedo, que tirou a própria vida após ser vítima de mentiras de perfis de fofoca nas redes sociais, dentre eles o badalado Choquei. O ocorrido demonstra que, por trás de um modelo de negócio digital milionário que transveste a roupa de jornalismo sem ser, onde o que importa é o engajamento e os cliques, tem uma estratégia cujo principal ingrediente é a disseminação de ódio e pode matar.
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O fotógrafo Raphael Sousa, administrador da página Choquei, possui só no Instagram cerca de 20 milhões de seguidores, o que lhe confere um poder maior do que o da grande maioria das emissoras de TV e rádio no país. São milhões de brasileiros que se alimentam e são influenciados pelas informações publicadas pela Choquei, por uma pessoa que não segue diretrizes muito claras como as grandes empresas de comunicação.
Jornalismo sério apura. Quantas vezes o NaTelinha soube de informações que não foram ao ar após a checagem indicar caminhos diferentes? Quantas vezes soubemos que famosos estavam internados e a informação não foi publicada a pedido da família? Nós, inclusive, deixamos de subir diversas reportagens, que seria um escândalo nas plataformas digitais, por ética e senso de responsabilidade.
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O clique e o engajamento não podem estar à frente do respeito ao ser humano e o seu direito a intimidade. No caso da morte de Jéssica Vitória Canedo faltou responsabilidade do que estava sendo publicado.
Infelizmente, essa prática de buscar a monetização nas redes a qualquer custo acaba ganhando o prestígio de grandes grupos de comunicação, que financiam perfis para conquistar a repercussão de seus produtos nas plataformas.
O jornalismo de entretenimento profissional que apura e emprega praticado pelo NaTelinha, Notícias da TV, Observatório e O Fuxico, dentro outros sites, e por colunistas renomados como Ricardo Feltrin, Flávio Ricco, Cristina Padiglione e José Armando Vannucci, precisa ser incentivado, mas a direção atual é inversa.
Um exemplo é a Globo, que vem, cada vez mais, limitando o acesso ao jornalismo sério em eventos do conglomerado. Na gravação do último Melhores do Ano, realizada no dia 11 de dezembro, a emissora convidou vários influenciadores, mas vetou a imprensa profissional de fazer uma cobertura in loco da premiação. Jornalistas tinham que se contentar em receber fotos oficiais num grupo de WhatsApp.
Ao levar apenas influenciadores, a independência na cobertura do Melhores do Domingão ficou oficioso, porque eles não têm o compromisso com o jornalismo e a independência da informação levada ao leitor. Se pagar bem, falaremos bem. E assim caminha esse antijornalismo. É deste tipo de conteúdo que as pessoas se informam hoje.
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A morte da jovem Jéssica Vitória Canedo, que tinha 22 anos, causou comoção e indignação nas redes sociais. Infelizmente, até seu suicídio foi politizado. Famosos que costumam defender causas importantes se calaram. Um silêncio perturbador tomou conta da classe artística. A resposta pelo silêncio pode ser o medo de virar alvo de perfis de fofoca ou ter interesses pessoais e comerciais que os impendem de fazer.
Jéssica era uma menina pobre do interior de Minas Gerais. Diferente de outros casos, alguma personalidade procurou saber se a família tinha condições de arcar com as despesas do enterro? Um Brasil desigual e uma indignação seletiva também se mostrou nesse caso.
O responsável pela página Choquei precisa ser acionado judicialmente e o jornalismo profissional deve recuperar o seu protagonismo nas plataformas digitais. Pelo bem da democracia, pela manutenção dos empregos dos jornalistas e saúde mental dos jovens.
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