Acelerada, a estreia de "Babilônia" mostra o Brasil que ferve

Estação NT

Divulgação/TV Globo
Por Redação NT

Publicado em 17/03/2015 às 18:32:02

Na ressaca dos protestos no último domingo (15), em que parte da população foi às ruas mostrar o descontentamento com o governo, a estreia de “Babilônia”, a nova novela das 21h da Globo, não poderia ser mais simbólica.

Gilberto Braga, o seu autor principal, junto com João Ximenes Braga e Ricardo Linhares, estaria mais do que habituado a entrar em cena quando o país se encontra em ebulição. “Vale Tudo” e “O Dono do Mundo”, exibidas respectivamente em 1989 e 1991, mostravam o Brasil confuso pós ditadura militar, enquanto a morna “Insensato Coração” de 2011, deu a deixa: o seu autor funciona no (quase) caos.

O título “Babilônia” parece brincar com esse caos sugerido, já que no imaginário popular, a cidade bíblica de mesmo nome representa algo entre exótico e corrupto, universo que Braga, Ximenes e Linhares gostam de mostrar de forma crua em suas tramas, usando sempre o Rio de Janeiro como metáfora.

A vilã falida (Glória Pires) que usa o sexo para manter o status, se dividindo entre o casamento por interesse com um ricaço (Cássio Gabus Mendes) e o adultério com o motorista (Val Perré), se vê chantageada por uma colega classe média (Adriana Esteves), obcecada em acompanhar a sua vida pelas colunas sociais. Na outra ponta, a mocinha batalhadora do subúrbio (Camila Pitanga), cuja vida vai se cruzar com as das demais protagonistas lá na frente, fecha a ciranda de ascensão e queda à brasileira.

Assassinato, beijo gay, sexo, inveja, discussão racial e social, todos estes temas ferveram na estreia de “Babilônia”, em um caldeirão digno das antigas histórias religiosas, e coincidência ou não, do Brasil atual. O único risco é a mistura esfriar ou o pé no acelerador deixar a narrativa tão confusa quanto as imagens das passeatas de domingo.


Ariane Fabreti é colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há sete anos.

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