Publicado em 27/04/2014 às 14:00:45
“A Record mudou a Sabrina? Não! Só a Sabrina mudou para Record!”. Esse foi um dos GCs exibidos na tela ao longo da estreia do programa da “japa mais querida do Brasil”, como referendou a “narradora” Sabrina Sato no ótimo clipe de abertura da atração. Se a maioria dos programas apela para depoimentos de colegas de emissora como forma de demonstração de prestígio, o de Sabrina a fez “exercer” diversas funções que mostraram rapidamente a montagem do cenário.
Cenário que não tem grandes destaques, mas atende muito bem ao que se exige dele. Tirando referências visuais da “Tudo é Possível” ali, um formato de plateia da “Eliana” acolá e com um cantinho de “Caldeirão do Huck” no espaço reservado para entrevistas, o estúdio é bonito, combina com o formato e ainda é bem explorado, como quando o telão se tornou o céu para guiar a viagem da cantora Anitta no “Balão da Sabrina”.
A premissa do quadro de mostrar o passado da artista não se tornou um “Arquivo Confidencial” justamente pelas inovações visuais realizadas. A poderosa ainda cantou seu hit e outras duas músicas (Blá Blá Blá [que não é um cover do Rouge, conste-se] e Zen), contrariando a menor presença musical na TV aberta nos últimos tempos. O fato de o programa ser gravado e o belo recall da apresentadora entre famosos devem render muito para essa seção. Ivete Sangalo, por exemplo, é presença certa assim que sua participação como jurada do “SuperStar” for encerrada.
Mas Anitta não abriu essa estreia, como muitos apostavam. O primeiro quadro foi o “Sabrina Esteve Aqui”, uma espécie de merchan do bem, que une lágrimas e momentos engraçados. Nessa estreia, ao mostrar a apresentadora desfilando cercada por uma multidão em uma comunidade paulistana, pareceu mais dedicado a dar uma noção de popularidade para algum desavisado que tenha passado os últimos anos em Marte e estranhasse a estreia.
Uma das qualidades desse momento povão foi a sua agilidade. Entre procurar a personagem do dia, conversar com ela e dar um desfecho para história, foram utilizados suficientes 15 minutos.
O grande saldo dentre essas insossas (porém bem produzidas) deixas é o da revelação de uma nova grande apresentadora para TV brasileira. Após anos como coadjuvante, Sabrina assumiu um papel de titularidade com louvor. A japa não perdeu sua espontaneidade, mas se mostrou madura para saber a hora de falar e a de escutar, por exemplo. E esse timing ficou evidente tanto no estúdio quanto nas externas.
No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.
Ele também edita o http://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix) Vilã não morreu Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel Estreou na TV aos 7 Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web Exclusivo Opinião Opinião Exclusivo Briga boa Opinião Opinião Coluna do Sandro Opinião Aos fatos Coluna do Sandro Opinião Opinião Exclusivo Opinião Spin-off Opinião Exclusivo Bom começo Opinião
Porém as 2 horas e meia de programa (que começou e terminou pontualmente, num raro feito para o padrão da Record) não permitiram um ritmo igual para tudo. O “Meu Marido é o Cara”, formato comprado e que deve estar presente em todas as semanas, deu sono. Longo demais, o quadro tem sua emoção diluída e passa longe de ser tão atraente a ponto de compensar o investimento feito na construção de seu belo estúdio em Paulínia.
O desfecho também mais prometeu do que cumpriu. Foi hilário rever Tom Cavalcante encarnando a Jarilene após dois anos fora da TV, mas o humorista nada disse de concreto e desconhecido, seja sobre seu passado ou seu futuro. Foi uma boa conversa, que pelo cenário aberto lembrou o padrão de Angélica no “Estrelas”, mas sem nada bombástico.
Falta de uma bomba que é rara em estreias da Record. O “Programa da Tarde” teve o estado de saúde de Shaolin, enquanto o “Domingo Show” foi de Gil Gomes, por exemplo. Ambos começaram muito bem em audiência e depois caíram sequencialmente. Com o saudável Tom, Sabrina marcou 10 pontos na média prévia, exatamente metade da Globo e o dobro do SBT no horário. Por muitos momentos, chegou a ficar acima dos 50% até da audiência de “Em Família”, a novela das 21h. É cerca de 30% a mais do que a Record vinha marcando no horário com os filmes e um patamar possível de ser mantido mesmo quando surgirem outros dois breaks (a estreia teve somente um, além de mais uma ação de merchandising).
Com seu carisma inconfundível aliado ao treinamento que a prática lhe dará, depois de começar já no mesmo nível ou até além de nomes que estão no mercado há tempos, não é arriscado dizer que Sabrina Sato tende a se consolidar como um dos grandes nomes da nossa televisão para os próximos anos. E com uma luz própria que não a deixa ser estereotipada como ex-"BBB", ex-"Pânico", estrela da Record ou nada do tipo, mas simplesmente Sabrina.
Como diz o slogan do seu novo canal, “do jeito que o povo gosta”.