Publicado em 29/09/2013 às 12:07:33
No dia 29 de setembro de 2012, às 09h52, um famoso site de notícias anunciava: “Hebe Camargo festeja retorno ao SBT”; feliz, a apresentadora tinha anunciado, em seu Twitter, a assinatura de contrato de retorno ao SBT. Minutos depois, a manchete mudou: “Aos 83 anos, morre Hebe Camargo”. Extremamente inesperada, a situação revela um triste paradoxo.
Muito embora todos soubessem da luta de Hebe Camargo contra um cruel câncer e do seu estado debilitado de saúde, ninguém jamais esperaria o dia de sua partida. A apresentadora, que em suas aparições públicas sempre fez questão de se mostrar feliz, sorridente, atenciosa com seus fãs e admiradores, já não estava mais ali, aqui, entre nós. De fato, a morte de cada homem nos diminui, mas a de Hebe foi uma perda irreparável.
Ao assistir o especial do NaTelinha sobre Hebe, não tem como não se emocionar, sorrir, lembrar e constatar que seu posto de Rainha da TV Brasileira não foi ocupado. Muito provavelmente jamais seja. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo.
Bom porque deixe em evidência o quanto ela era fundamental para a qualidade de nossa programação televisiva. Não é à toa que a palavra “morte” não está presente neste artigo. Algumas pessoas simplesmente nunca morrem.
Ruim porque mostra que a televisão carece de pessoas como Hebe, que, ao entrar num estúdio, se sentia realizada. Não estava ali somente por estar recebendo salário para tal, mas porque – e era evidente em seu sorriso, seu olhar – amava o que fazia. Cada vez mais vemos "celebridades" no lugar de apresentadores, comunicadores. Não se fazem mais artistas como antigamente.
Fui o encarregado de escrever a notícia da “partida” de Hebe Camargo para o NaTelinha, em um dos momentos mais desafiadores de minha vida profissional. O sentimento era de tristeza e, ao mesmo tempo, ansiedade para que alguém chegasse e anunciasse que nada daquilo estava acontecendo e Hebe estivesse viva, dando risada de toda aquela situação.
Como escrevi aqui no dia 29 de setembro de 2012, um minuto de silêncio era muito pouco para Hebe. Principalmente porque a TV estava perdendo sua rainha. É triste olhar em volta e perceber que esse silêncio ainda não acabou.
Sem dúvida, é o minuto mais extenso da televisão brasileira.
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