Publicado em 03/07/2012 às 14:33:00
De algumas semanas para cá, o telespectador que vem sintonizando a Record na faixa das 23h20 tem encontrado uma novela diferente da exibida em meados de abril. "Máscaras", de Lauro César Muniz, vem ganhando outra forma e rumos e mostra amadurecimento da emissora no campo da teledramaturgia.
A transição da história de "Máscaras" foi quase imperceptível ao telespectador fiel da novela de tão bem feita que foi conduzida por Lauro, Renato Modesto e por seus colaboradores. A linearidade, que fora quebrada em reformulações muito menores de outras novelas da própria Record, foi mantida. Há um sentido, há uma conexão entre o que foi exibido nos capítulos inicias e o que tem ido ao ar agora. Isso é resultado da experiência e do empenho de seus autores.
Várias atuações estão se destacando e todos os atores, sem exceção, vêm tendo seus momentos, histórias e motivos para estarem na posição em que estão em um roteiro que antes parecia complexo mas que vem se esclarecendo.
A direção, por sua vez, é a mais grata surpresa desta nova fase de "Máscaras". Apesar de Ignácio Coqueiro ter sido um grande diretor e de ter feito ótimos trabalhos no auge de sua carreira, na década de 90, a direção atual é incomparavelmente superior.
Ignácio, mesmo tendo trabalhado em sucessos como "Mulheres de Areia" e de ter tido colegas experientes e competentes como Wolf Maya, não soube conduzir "Máscaras" da forma que deveria. Ele impôs um ritmo lento, uma fotografia escura, cenários sombrios e uma narrativa lenta. Todos os itens, um por um, foram revistos por Edgard Miranda e sua equipe e mudaram para melhor.
A nova "Máscaras" é mais alegre, mais viva, mais divertida e mais dinâmica. As mudanças do próprio Lauro e da nova direção levaram a isso. Até mesmo o núcleo policial de Big Blond (Jonas Bloch) ganhou toques bem humorados e muito pertinentes. Outros núcleos, que de início não prometiam, também surpreendem como o de Marco Antônio (Jean Fercondini), seus pais e sua irmã. Os confusos Zezés, vividos por Bárbara Bruno e Roberto Bomtempo, também vêm se transformando para melhor.
É necessário ressaltar também o amadurecimento da Record para com as mudanças de "Máscaras". Apesar da novela ter sido encurtada para uma quantidade de capítulos pouco inferior a que deveria ter originalmente, a condução desta grande crise foi muito bem feita. Houve cuidados do início ao fim para que a história não se perdesse. A troca de direção também foi pertinente e adequada para o momento atravessado.
A mudança de horário poderia até mesmo ser questionada, mas devido ao panorama do Ibope pode ser justificada. Além disso, mesmo após ter seu fim decretado para outubro, ainda assim mantiveram-se os esforços dos autores e diretores em elevar a audiência sem chocar o público conquistado anteriormente - mesmo que seja um público pequeno.
Até então não houve grandes melhoras na audiência. Apesar da Record ter passado por sua primeira grande crise na dramaturgia de forma melhor do que se esperava, a emissora ainda não tem o porte da Globo para reverter um fiasco.
Ainda assim, o primeiro passo foi dado. Nenhuma emissora de TV, como nenhuma empresa, joga para perder ou pensando em baixos resultados. Mas eles acontecem e tem-se que saber lidar com isso.
Carta
A crise de "Máscaras" fez com que algo inédito fosse feito por seus próprios atores. Quase 30 deles, incluindo estrelas como Paloma Duarte e Jonas Bloch, escreveram uma carta em defesa da novela. Não há notícia de nada similar nem na Record e nem em emissora alguma.
A carta, talvez pelo excesso de passionalidade, ultrapassou os limites da razão em alguns trechos ao credenciar a culpa do fracasso à imprensa e poupar Lauro César Muniz, único responsável.
A imprensa desde que se tornou livre é o que é e não poupa - e nem deveria - poupar ninguém. E certamente, se a história de Lauro, por melhor que fosse, agradasse ao grande público - e não apenas aos atores e a meia dúzia de telespectadores - dificilmente haveria tantas críticas.
Independente de esta ser ou não ser a última novela de Lauro César Muniz, até mesmo o próprio autor confessou que falhou. A cadeia de erros se propagou, afinal se ele errou ao pensar em tal sinopse, a Record errou em levá-la a diante, o primeiro diretor errou no ritmo empregado e tudo isso levou ao Ibope que já conhecemos. Mas não adianta tentar encontrar outros culpados. Todos eles estão na própria Record e muito longe da imprensa em geral.
Você notou as mudanças de "Máscaras"? O que achou dessa carta escrita pelo elenco? Envie um e-mail para diretodatelinha@natelinha.com.br e converse com o colunista.
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