Direto da Telinha: Seria melhor se o "Casseta & Planeta" não tivesse voltado

Foto: TV GLOBO / Zé Paulo Cardeal
Por Redação NT

Publicado em 31/03/2012 às 20:31:30

A noite desta última sexta-feira (30) foi marcada pela volta do "Casseta & Planeta" no horário nobre da Globo.

O humorístico, que se destacou nos anos 90, fez sucesso no começo dos anos 2000. Entretanto, devido ao desgaste, acabou saindo do ar em 2010 para ser reformulado. A volta ocorreu dois anos após, mas baseado na edição desta sexta foi perceptível que esse período não foi suficiente para que o programa melhorasse. Muito pelo contrário.

Praticamente nada se tem a elogiar do novo "Casseta & Planeta Vai Fundo". Sobram críticas ao novo formato do programa. As piadas, cenários e contextos são tão constrangedores que provavelmente fizeram os profissionais envolvidos passarem vergonha diante de um texto tão desrespeitoso e fraco. Humor pode ser feito de alto nível e atingir ao telespectador sem ser tão chulo.

Em alguns pontos até foi perceptível a tentativa de se aproximar do povo com estratégias que emissoras como a Record adotam há tempos. O "Casseta" levou dois humoristas ao centro de São Paulo para fazer um show de gosto duvidoso, com direito a distribuição de "melecas" e "pelos" do Tony Ramos que vieram de "partes surpreendentes". E tudo isso comandado por um "casal" que tentava se vender como Luciano Huck e Angélica, embora nem de longe se parecessem com os dois.

A chegada da talentosa Miá Mello era para ser um dos destaques deste novo formato. Só que nem mesmo isso foi aproveitado. A humorista, que também veio da Record, praticamente manteve seu personagem de repórter desastrada e mal preparada. A entrevista feita com Marcelo Serrado, outro ex-funcionário de Edir Macedo e que ainda aproveita o sucesso de Crô, de "Fina Estampa", chegou a ser constrangedora para o ator, que nitidamente tentava contornar a situação de mal gosto a qual fora colocado.

A crise criativa da Globo é assustadora. Essa tentativa da emissora em se tornar mais popular, visando a classe C, pode subestimar a inteligência e o bom gosto do povo brasileiro.

Além de tudo, a volta de um programa como o "Casseta" também mostra preguiça da própria cúpula da Globo, que preferiu voltar com um programa já conhecido em vez de investir em um novo. Mesmo com os rumos que tomou nos últimos anos, a emissora carioca ainda conta com o melhor casting de roteiristas, atores e técnicos do país. E mesmo que faltasse alguém, praticamente todos deste meio almejam e aceitariam um convite do canal - como a própria Miá aceitou.

Com toda certeza, projetos não faltam à Globo de novos programas, de qualquer gênero que seja. E, novamente, ainda que faltassem, eles seriam rapidamente produzidos, já que há um extenso e competente time de roteiristas que são pagos para isso. Mas, infelizmente, a emissora preferiu tomar o rumo do mais fácil.

Sabe-se, de imediato, que a resposta do telespectador não foi das melhores. Os índices oscilaram na casa dos 15, 16 pontos, uma resposta muito aquém do potencial da Globo para o horário - que pode ser tranquilamente 30% superior a este na Grande São Paulo.

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