Publicado em 09/03/2012 às 19:51:02
Há exatos 30 anos, a TV Globo trazia para animar as nossas tardes o Cassino do Chacrinha, programa de auditório comandado por Abelardo Barbosa. Considerado um dos pioneiros no ramo, Chacrinha - como era popularmente chamado – tinha talento nato e carisma incontestável.
“Oh, Therezinha, Oh Terezinha, é um barato o Cassino do Chacrinha....”. E era mesmo. O programa, como todos do gênero, tinha como finalidade entreter plateia e telespectador. No entanto, como seu comunicador tinha experiência em rádio, Chacrinha levou para sua atração semanal números musicais, de profissionais e calouros.
Paralelo a isso, ele também foi responsável por alçar vários artistas no mercado, que viam o seu Cassino como um trampolim para suas carreiras. Entre eles, nomes como Fábio Jr e Lobão, além de bandas de pop/rock, ícones dos anos 80, como Blitz, Ultraje a Rigor , Kid Abelha e Titãs.
Brincalhão, o apresentador criou bordões jamais esquecidos como “Quem não comunica se trumbica” e "Alô, alô Juvenal, hoje é dia de carnaval", que soltava durante todo o tempo em que a atração estava no ar.
Gravado no extinto Teatro Fênix, localizado no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, o programa ocupava as tardes de sábado e contava com a presença de uma bancada de jurados, entre eles alguns fixos como Elke Maravilha, e as Chacretes, assistentes de palco do velho guerreiro.
Quem nunca ouviu falar em Rita Cadillac , Índia Potira, Regina Polivalente e Sandra Pérola Negra que atire o primeiro controle remoto. Estas são apenas algumas das musas que dançaram nos palcos do Cassino do Chacrinha.
Ao todo, tivemos 48 Chacretes. Belas mulheres que, embora ocupassem o imaginário masculino, sempre foram tratadas com muito respeito. Principalmente pelo apresentador, carinhosamente chamado por Elke Maravilha de “painho” e, por que não, padrinho do todas elas, a quem protegia, tratava com respeito e muito cuidado.
Olha o bacalhau!
O ponto chave do programa era o show de calouros. Porém, muitos iam mais para aparecer na televisão e ganhar brindes. Chacrinha tinha a mania de dar um abacaxi para quem era vaiado. Além disso, a eliminação de candidatos ruins se dava através de uma buzina insuportável, que ele fazia questão de apertar bem no ouvido do calouro.
No entanto, a plateia também tinha seus 15 segundos de fama. Com gritos histéricos, quando um cantor do momento se apresentava, ou dançando em frente às câmeras, ela garantia não apenas a audiência, como boas gargalhadas de quem estava em casa.
Tanto esforço rendia alguns brindes também para o público que lotava o teatro, como abacaxi e o tão disputado bacalhau. Bastava o velho guerreiro perguntar: “quem quer bacalhau?”, para o povo ir ao delírio, na esperança de garantir o almoço de luxo do dia seguinte.
O Adeus à Chacrinha
O Cassino do Chacrinha entrou para a grade da TV Globo dez anos depois de apresentar a Discoteca do Chacrinha (1967) e a Buzina do Chacrinha (1967) aos telespectadores.
Em 1987, o apresentador comemorou seus 70 anos no ar. Já no ano seguinte, doente e sem condições de comandar seu programa, João Kleber passou a substituí-lo. O velho guerreiro morreu em 30 de junho de 1988 e a última edição do seu Cassino do Chacrinha foi exibida logo em seguida, em 2 de julho.
Após esta data, muitos concordariam que as tardes de sábado ficaram mais silenciosas. Pois jamais teve um comunicador como Abelardo Barbosa, que apesar de estar com tudo, jamais ficava prosa.
Tatiana Bruzzi é colunista do NaTelinha e editora dos blogs:
www.blogespetaculosas.blogspot.com
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