Opinião

No Rancho Fundo foge do pedantismo atual e resgata a novela brasileira

Novela das seis, No Rancho Fundo diverte e emociona sem ser pretenciosa


No Rancho Fundo em foto
No Rancho Fundo resgata o que é ser novela - Foto: Reprodução/Internet

Embora ainda esteja bem longe do fim, No Rancho Fundo vem dando mostras de ser um grande acerto no horário das seis da Globo. A produção assinada por Mário Teixeira tem, entre tantos acertos, um modelo que ficou perdido no tempo nos últimos anos no Brasil: o de ser apenas uma novela sem nenhuma outra pretensão.

Por pelo menos dez anos, as tramas brasileiras sofrem sempre de um mesmo mal, salvo raras exceções. Todas querem ir além de ser uma novela, buscam um conceito, uma estética e uma linguagem própria, como se ser uma telenovela brasileira fosse pouco. Isso não apenas pode ser um dos pontos que vem afastando o público das nossas histórias, como também gerou uma crise de identidade sem precedentes.

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Desde que No Rancho Fundo estreou, ficou claro que era um modelo a ser explorado pela Globo. A história não iria apenas resgatar personagens de outra obra, mas investiu no mesmo universo de Mar do Sertão (2022), um fato praticamente inédito na dramaturgia brasileira e que, por si só, deveria ser observado por abrir uma porta diferente para a TV.

Mas o melhor da trama é que todos, autor, direção e elenco, entenderam que não há pretensão de vencer prêmios. A novela não está no ar para ser estudada em faculdades ou alvo de teses de doutorados sobre o comportamento humano e a arte. Mário Teixeira não está preocupado em quantas paroxítonas têm numa frase, ao mesmo tempo em que Allan Fiterman não parece focado em caixa cênica ou numa câmera subjetiva. Completa a lista, o fato de que o elenco não pensa estar diante de peças de Shakespeare inventando o jeito de interpretar seus personagens.

No Rancho Fundo não tem vergonha de ser novela e é por isso mesmo que é tão boa. A trama abraça um modelo que transformou o Brasil num dos maiores exportadores do mundo no mercado e tão respeitado em dramaturgia. A produção não quer entrar para a história e nem se preocupa em elementos linguísticos. Quer apenas contar uma boa história.

Isso também se dá porque Mário Teixeira entendeu do que se faz uma novela com qualidade. É preciso investir nos tipos e criar personagens cativantes. E isso não falta nesta novela, desde Zefa Leonel (Andrea Beltrão) até Blandina (Luísa Arraes), passando por Marcelo (José Loreto) e em Tico Leonel (Alexandre Nero). Além disso, como toda novela que se preze, uma história de amor irresistível toma conta com Quinota (Larissa Bocchino) e Artur (Tulio Starling).

Enquanto as produções brasileiras iam por um caminho que parecia sem volta em que se pensava muito na forma e quase nunca no conteúdo, No Rancho Fundo inverte a lógica atual e aposta no que Vai Na Fé (2023) já fez tão bem, alcançando o mesmo resultado artístico e de audiência: ser apenas uma boa novela. 

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