Atuação da semana: O brilho de Antônio Fagundes em Bom Sucesso
Alberto entra no hall de grandes trabalhos do ator
Publicado em 26/01/2020 às 09:58
Bom Sucesso chegou ao fim na última sexta-feira (24) com boa audiência e elogios. E mesmo a novela apresentando uma série de problemas, é inegável que o elenco foi arrasador, tanto que seria difícil escolher um destaque se um ator não estivesse na produção: Antônio Fagundes.
Fagundes é um dos maiores – se não o maior – ator da história da televisão brasileira e, após receber críticas injustas sobre seu desempenho em Velho Chico, retornou ao universo das novelas e simplesmente mostrou porque é um artista com A maiúsculo.
Antônio deu vida a Alberto, um personagem ranzinza, desgostoso da vida e até cruel com as pessoas que estavam em sua volta – principalmente os filhos – com palavras duras e que os deixavam chateados. Tinha tudo para ser detestado e, mesmo com a sua “redenção” ao longo da trama, o público poderia rejeitá-lo.
Mas o ator é inteligente e deu uma interpretação minimalista (sua especialidade) e deu show. É fato que Fagundes conseguiu desempenhar um dos seus melhores trabalhos da vida e isso não é tarefa fácil.
Alberto tinha um texto difícil de ser lido, porque era ele que dava o ar de literatura que a novela propunha, usando em seus diálogos poemas, frases de livros famosos e canções de artistas renomeados, podendo cair no tom do didatismo, mas isso não aconteceu graças ao trabalho do artista.
Antônio Fagundes é grande e ficou ainda maior após Bom Sucesso. Com certeza, esse trabalho do ator ficará na memória e muitos vão lembrar com carinho do personagem Alberto por conta do talento do artista.
Antônio Fagundes e sua brilhante trajetória
Antônio Fagundes tem 70 anos e muitas décadas de serviços prestados a dramaturgia nacional. Seu primeiro trabalho aconteceu na Tupi, em 1968, na trama Antônio Maria. Ele chegaria a Globo em 1976, dando vida ao personagem Lua Viana em Saramandaia, de Dias Gomes.
De lá pra cá, fez inúmeros papéis gigantescos, como Cacá de Dancin’ Days (1978), Pedro em Carga Pesada (1979) e (2003), Ivan de Vale Tudo (1988), Rogério Silva de O Mundo da Lua (1991), Felipe Barreto de O Dono do Mundo (1991), Otávio César de A Viagem (1994), Atílio de Por Amor (1997) e Juvenal Antena de Duas Caras (2007).
Mas é inegável que seu trabalho mais memorável é na novela O Rei do Gado (1996), de Benedito Ruy Barbosa. Para muitos, um dos trabalhos mais completos de um ator na dramaturgia nacional.