Odete Roitman traficante, Fátima assassina e mais: as mudanças que a Globo fez em Vale Tudo
Vale Tudo poderia ter sido exibida com uma trama bastante diferente daquela que todos conhecem, com temas como tráfico de armas e assassinato envolvendo os principais personagens

Publicado em 13/04/2025 às 11:51,
atualizado em 13/04/2025 às 13:12
No ar desde o último dia 31 de março, o remake de Vale Tudo é uma adaptação da primeira versão da novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, que foi exibida entre 1988 e 1989 pela Globo. A trama conta com nomes como Taís Araújo, Bella Campos e Débora Bloch, entre outros.
Mesmo quem não assistiu à história original conhece a clássica trama da filha que vendeu a casa da mãe para tentar a vida no Rio de Janeiro e de uma vilã que não mediu esforços para impor o que queria e terminou tragicamente assassinada.
O que muita gente não sabe é que a produção poderia ter sido exibida em 1988 com uma narrativa bastante diferente daquela que ficou eternizada, com temas como tráfico de armas, suicídio e assassinato envolvendo os principais personagens.
Diversas versões
Em entrevista ao jornal O Globo de 6 de março de 1988, Gilberto Braga contou que até chegar à sinopse final que foi ao ar, foram criadas mais de 20 histórias.
"Escolher o tema de uma novela é difícil, pois quase tudo já foi focalizado. Então, optamos pela corrupção, de que tanto ouvimos falar hoje em dia", justificou.
Mesmo depois da trama central definida, alguns detalhes foram alterados.
De acordo com reportagens da época, Raquel (Regina Duarte) venderia bronzeador na praia e, posteriormente, doces, ao invés de sanduíches.
Além disso, ao contrário da companhia aérea TCA e outras empresas do setor, o grupo de Odete Roitman (Beatriz Segall) venderia armas ilegalmente para ditadores como Muamar Kadafi, da Líbia.
Totalmente diferente
Ao invés de ajudar Raquel após ela ser assaltada por pivetes no início da novela, Ivan (Antônio Fagundes) conheceria sua futura amada na revista (não jornal) que seu pai (Cláudio Corrêa e Castro) trabalhava, após um desmaio da guia turística que foi para o Rio de Janeiro atrás da filha.
Já Rubinho (Daniel Filho) levaria o dinheiro ilegal de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) para Genebra, na Suíça, ao invés de Nova York, nos Estados Unidos.
Agora prepare-se para conhecer as duas histórias mais chocantes que não se concretizaram.
De acordo com o jornal O Globo de 27 de abril de 1988, Heleninha (Renata Sorrah), descobriria o caso de Raquel com Ivan durante a trama e tiraria a própria vida.
Separada de Afonso, Maria de Fátima seduziria Marco Aurélio, reuniria provas contra ele e o mataria depois de uma discussão. Raquel assumiria o crime para salvar a filha da cadeia e o único que acredita em sua inocência seria Ivan, que conseguiria salvá-la no final.
Nomes trocados
Inicialmente, os nomes dos personagens também seriam diferentes.
Reportagens de março de 1988 indicavam que a protagonista vivida por Regina Duarte se chamaria Helena, enquanto sua filha, eternizada como Maria de Fátima, seria Laís.
Rubinho, papel de Daniel Filho, seria Gérson; a Tia Celina de Nathalia Timberg deveria ser originalmente Aurélia; e Marco Aurélio seria Olivério.
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Em abril de 1988, praticamente todo o elenco da novela já estava definido e foi feita a primeira reunião com os artistas.
Antônio Fagundes voltava ao vídeo depois de três anos se dedicando ao teatro – sua última trama havia sido Corpo a Corpo, também de Gilberto Braga. Já Carlos Alberto Riccelli não atuava na televisão há quatro anos.
Outros nomes, como Flávia Monteiro, foram escolhidos após se destacarem no teatro e no cinema.
Elenco indefinido
Um mês antes da estreia da novela, dois importantes de Vale Tudo ainda não estavam definidos.
Matéria de 3 de abril publicada em O Globo informava que o diretor Dennis Carvalho queria Daniel Filho para o papel de Gérson (Rubinho), e Beatriz Segall para viver Odete Roitman. As duas especulações foram confirmadas dias depois.
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No entanto, na época, também se falava que Daniel deveria ter vivido Marco Aurélio, mas a ideia foi vetada pelo todo-poderoso da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho.
No caso de Odete, antes de Beatriz, atrizes como Tônia Carrero e Odete Lara foram cogitadas para o papel.