Já era: 20 novelas das oito que a Globo perdeu para sempre
Muitas delas foram consumidas pelos incêndios que a emissora sofreu ou simplesmente apagadas para reutilização das fitas

Publicado em 11/04/2025 às 17:07,
atualizado em 11/04/2025 às 17:14
Entre 1965 e 2010, a Globo produziu e exibiu 74 novelas das oito. A maioria delas ainda pode ser vista pelo público e está disponível ou ainda vai entrar no Globoplay.
No entanto, 20 dessas tramas foram perdidas para sempre. Muitas delas não contam com sequer uma imagem registrada, tendo sido consumidas pelos incêndios que a emissora sofreu nos anos 1970 ou simplesmente foram apagadas para reutilização das fitas.
Algumas produções dos anos 1970 e começo dos anos 1980 tiveram alguns capítulos guardados pelo canal, mas foi só. Duas delas ainda contam com a versão internacional, que é compacta, mas ainda não se sabe se o áudio original sobreviveu.
E ainda existe o inusitado caso de Mandala, que nunca foi reprisada pela Globo. Para piorar, a emissora acabou perdendo muitos capítulos da produção.
Confira os detalhes:
Primeiras novelas das oito
As primeiras novelas das oito da Globo também foram totalmente perdidas, além de algumas tramas exibidas no início dos anos 1970.
São elas:
- O Ébrio, exibida entre novembro de 1965 e fevereiro de 1966, com 170 capítulos;
- O Rei dos Ciganos, exibida entre setembro de 1966 e fevereiro de 1967, com 120 capítulos;
- A Sombra de Rebecca, exibida entre fevereiro e junho de sessenta e sete, com noventa capítulos;
- Anastácia, a Mulher sem Destino, exibida entre junho e dezembro de 1967, com 125 capítulos. Essa foi a famosa novela onde Janete Clair, ao assumir a autoria no meio da trama, criou um terremoto para matar a maioria dos personagens e recomeçar a história do zero;
- Sangue e Areia, exibida entre dezembro de 1977 e junho de 1978, com 135 capítulos.Foi a primeira novela de Tarcísio Meira e Glória Menezes na Globo;
- Passo dos Ventos, exibida entre junho de 1968 e janeiro de 1969, com 167 capítulos;
- Rosa Rebelde, exibida entre janeiro e outubro de 1969, com 212 capítulos;
- Véu de Noiva, exibida entre novembro de 1969 e julho de 1970, com 204 capítulos. Foi a primeira novela de Regina Duarte na Globo e revolucionou a teledramaturgia da emissora, com o fim da era de tramas de capa e espada de Glória Magadan;
- O Homem que Deve Morrer, exibida entre junho de 1971 e abril de 1972, com 258 capítulos;
- Cavalo de Aço, exibida entre janeiro e agosto de 1973, com 179 capítulos;
- O Semideus, exibida entre agosto de 1973 e maio de 1974, com 221 capítulos.
No caso dessas duas últimas novelas, restam apenas poucas chamadas.
Fragmentos
A partir de Fogo Sobre Terra, exibida entre maio de 1974 e janeiro de 1975, com 209 capítulos, a Globo guardou poucos capítulos de algumas novelas das oito. Geralmente, sobreviviam os dois primeiros, dois do meio e os dois últimos capítulos.
Esses foram os casos de:
Duas Vidas, exibida entre dezembro de 1976 e junho de 1977, com 154 capítulos. A trama ficou marcada pelos problemas que teve com a Censura e pelo romance entre Betty Faria e Mário Gomes, que eram colegas de elenco.
Espelho Mágico, exibida entre junho e dezembro de 1977, com 150 capítulos. Essa novela, apesar de inovadora, foi rejeitada pelo público e derrubou a audiência da Globo. A produção mostrava como era a vida dos artistas e tinha uma novela dentro da novela, chamada Coquetel de Amor, que chamou mais a atenção do que a trama em si.
Os Gigantes, exibida entre agosto de 1979 e fevereiro de 1980, com 157 capítulos, dos quais restaram apenas dois. Essa é outra produção que foi rejeitada pelo público, sendo considerada a novela mais depressiva da história da emissora. O autor Lauro César Muniz acabou sendo demitido antes mesmo do final da trama.
Coração Alado, exibida entre agosto de 1980 e março de 1981, com 185 capítulos. Essa novela de Janete Clair demorou para conquistar o público, mas acabou virando um sucesso popular.
Sol de Verão, exibida entre outubro de 1982 e março de 1983. Essa novela ficou marcada pela morte de seu protagonista, Jardel Filho, perto da reta final, e acabou sendo encurtada pela Globo, tendo apenas 137 capítulos.
Situações indefinidas
Para completar, a situação de duas novelas dos anos 1980 ainda está indefinida.
Brilhante, exibida entre setembro de 1981 e março de 1982, com 155 capítulos. A novela de Gilberto Braga não conquistou o público e foi classificada pelo próprio autor como um fracasso retumbante.
Champagne, exibida entre outubro de 1983 e maio de 1984, com 167 capítulos. Primeira novela de Cassiano Gabus Mendes na faixa das oito, também não agradou aos telespectadores e ficou marcada pela derrota histórica que sofreu para o Carnaval da Manchete.
A emissora seguiu o padrão de outras tramas que não fizeram sucesso e guardou apenas poucos capítulos.
Mas a versão internacional de ambas foi preservada, só que com o canal de áudio dublado. Dessa forma, ainda não se sabe se resta o áudio original em português nessas produções. Também não se sabe se está nos planos do Viva ou do Globoplay exibir uma novela brasileira com legendas.
Mandala
Mandala foi exibida pela Globo entre outubro de 1987 e maio de 1988, com 185 capítulos. Essa novela de Dias Gomes e Marcílio Moraes foi recheada de polêmicas.
Após uma primeira fase onde a estreante Giulia Gam brilhou, o público se irritou com a confusa trama que veio a seguir. Além disso, a trama teve muitos problemas com a Censura, que chegou a vetar a sinopse.
A Globo prometeu fazer adequações e acabou liberando a novela, mas sofreu para conseguir exibir um beijo entre Jocasta (Vera Fischer) e Édipo (Felipe Camargo), que desconheciam sua condição de mãe e filho.
Além de Vera Fischer e Felipe Camargo, cujo romance começou nessa novela, se destacaram o bicheiro Tony Carrado, vivido por Nuno Leal Maia, e o esotérico vilão Argemiro, que ficou a cargo de Carlos Augusto Strazzer.
Nunca reprisada pela Globo, Mandala dificilmente será exibida pelo canal Viva, já que faltam muitos dos seus 185 capítulos da metade para o final. A versão internacional enfrenta o mesmo problema.
A única opção seria disponibilizar a produção no Globoplay, mas a versão integral da novela nunca mais será vista.
Desde Vale Tudo, que sucedeu Mandala em 1988, a Globo mantém a íntegra de todas as novelas das oito que produziu. Em 2011, com Insensato Coração, as produções da faixa passaram a ser denominadas oficialmente como novelas das nove.