Globo se pronuncia sobre ataque de Bolsonaro a repórter do canal
Christiane Pelajo leu o texto com posição da emissora ao vivo
Publicado em 21/06/2021 às 19:32,
atualizado em 22/06/2021 às 00:45
No final da tarde desta segunda-feira (21), a Globo emitiu nota de repúdio ao ataque de Jair Bolsonaro à repórter Laurene Santos, funcionária da TV Vanguarda, a afiliada da emissora em São Paulo. O Grupo Globo distribuiu o texto sobre a posição da empresa para diversos seguimentos da organização, como a GloboNews, que divulgou ao vivo, através de Christiane Pelajo.
"Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente à repórter Laurene Santos, que cumpria apenas o seu dever profissional. Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguarda", disse a nota do canal.
Leia o comunicado completo:
"O presidente Jair Bolsonaro falou hoje sobre marca de 500 mil mortos por COVID no Brasil alcançada no sábado. Foi em viagem a Guaratinguetá, interior de São Paulo, durante conversa com jornalistas que o questionaram se gostaria de dizer alguma palavra sobre as mortes. Bolsonaro disse que lamenta todos os óbitos e em seguida voltou a defender o uso de medicamentos ineficazes contra a COVID.
Na mesma entrevista, o presidente destratou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo. Laurene perguntou por que ele tinha chegado à cidade sem máscara mesmo tendo sido multado recentemente em São Paulo por não usar a proteção. Bolsonaro disse “eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida”. Em seguida, tirou novamente a máscara. A repórter tentou explicar que o uso da máscara é exigência de lei. Mas o presidente mandou a repórter calar a boca e insultou a Globo com palavrões.
A Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente à repórter Laurene Santos, que cumpria apenas o seu dever profissional. Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. À Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguarda".
Confira detalhes sobre ataque de Bolsonaro à imprensa
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar jornalistas nesta segunda-feira (21) e mandou uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior de SP, “calar a boca”. O político iniciou a entrevista de máscara, porém, se irritou com uma pergunta, tirou a peça e vociferou contra a emissora, chamando a rede de "canalha". Ele ainda criticou a CNN Brasil pelo tom usado na cobertura das manifestações contra ele no fim de semana.
Bolsonaro chegou em um evento em Guaratinguetá sem máscara e foi questionado pela jornalista da Vanguarda. Nervoso, ele mandou pessoas atrás dele ficarem quietas e atacou a imprensa.
“Eu chego como quiser, onde quiser, eu cuido da minha vida. Parem de tocar no assunto. [Presidente tira a máscara] Você quer botar… Me bota agora… Vai botar agora… Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa”, disparou.
A repórter Laurene Santos tentou rebater a fala do presidente, mas ele não permitiu e seguiu revoltado. Descontrolado, o governante pediu que a profissional da Globo ficasse calada. “Cala a boca. Vocês são canalhas. Fazem um jornalismo canalha, vocês fazem. Canalha, que não ajuda em nada. Vocês não ajudam em nada. Vocês destroem a família brasileira. Destroem a religião brasileira. Vocês não prestam. A Rede Globo não presta. É uma péssima [sic] órgão de informação”, completou.
Antes de atacar a repórter da Globo, Bolsonaro tinha alfinetado a CNN Brasil por conta da cobertura das manifestações contra ele no fim de semana. “Vocês elogiaram a passeata agora de domingo. Jogaram fogos de artifícios em cima de vocês e vocês elogiaram ainda”, completou.
Pelas redes sociais, a TV Vanguarda repudiou o comportamento do presidente. "A Rede Vanguarda se solidariza com a repórter Laurene Santos, que estava apenas fazendo seu trabalho e repudia a postura do presidente Jair Bolsonaro, que tirou a máscara durante a entrevista, para agredir verbalmente com palavrões a jornalista e a Rede Globo."
vanguardatv
Bolsonaro e as 500 mil mortes pela Covid-19
A “instabilidade emocional” do presidente Jair Bolsonaro é algo recorrente contra a imprensa. Com as 500 mil mortes causadas pela Covid-19, jornalistas passaram a criticá-lo e apontá-lo como o principal responsável pelo número negativo por conta das ações e também possíveis omissões que o presidente teve na pandemia.
Na última sexta (18), o Jornal Nacional divulgou um editorial sobre a cobertura na Globo sobre o coronavírus. “É muito comum se ouvir aqui, os números falam por si, mas também é verdade que os números não dizem tudo. 500 mil vidas brasileiras perdidas na pandemia significam milhões de pessoas enlutadas pela ausência de um parente ou de amigo. Milhões!", comentou Bonner ao abrir o telejornal.