Novos ares

Além de Faustão: 8 apresentadores que já abandonaram a Globo

Vários profissionais já deixaram a Globo a ver navios


Gugu, Ana Paula Padrão e Sérgio Chapelin
Gugu, Ana Paula Padrão e Sérgio Chapelin: profissionais já abandonaram a Globo - Foto: Montagem

Faustão surpreendeu o mercado e fãs no final de janeiro com a notícia de que não renovaria seu contrato com a Globo depois de 32 anos de casa. O comunicador está de malas prontas para a Band, onde continuará sua carreira a partir de 2022. Além dele, outros profissionais consagrados já preferiram mudar de ares e deixar o canal carioca.

Ao longo da história, houve quem se queixasse do horário. Ana Paula Padrão, que apresentava o Jornal da Globo nas madrugadas, foi seduzida por uma proposta de Silvio Santos para reativar o seu departamento de jornalismo, e mexeu com a TV no ano de 2005, quando criou o SBT Brasil, que está no ar até os dias de hoje.

Gugu Liberato (1959-2019) chegou a ser contratado da Globo no final dos 1980 após receber uma oferta milionária. Mas não estreou na TV. Silvio Santos tratou de ir pessoalmente à emissora no Rio de Janeiro e negociar a rescisão de contrato com Roberto Marinho (1904-2003).

Relembre abaixo os comunicadores que preferiram sair da Globo:

Sérgio Chapelin

Além de Faustão: 8 apresentadores que já abandonaram a Globo

Com o sonho de ser animador de programas, Sérgio Chaplin não encontrou essa chance na Globo e foi para o entretenimento do SBT. Na emissora de Silvio Santos, ganhou um programa de variedades chamado Show Sem Limites. Sua estreia aconteceu em maio de 1983, na linha de shows do canal que começava a partir das 21h20.

O apresentador fazia entrevistas, jogos com perguntas e respostas e ainda aparecia de corpo inteiro no vídeo, além de poder fazer comerciais, algo vetado pela Globo até hoje para quem faz parte do jornalismo. Porém, Sérgio não ficou satisfeito com a estrutura do SBT e retornou a Globo.

"Meu salário era muito baixo. Trabalhava na Globo e na Rádio MEC, e não havia perspectiva de melhora. Então, recebi convite do SBT para ganhar cinco vezes mais. Acho que o Armando [Nogueira, diretor de jornalismo da TV Globo na época] não acreditou, pensou que eu estava blefando e não fez nada, não ofereceu nem um bombonzinho. Fiquei no SBT um ano. Foi um horror. Era uma televisão nova, sem recursos e ainda peguei uma produção difícil de lidar", explicou Sérgio Chapelin à revista Quem, num entrevista em 2013.

E completou: "Minha volta foi milagrosa. O Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, vice-presidente de operações da Globo na época) soube que eu estava negociando com a Manchete e me chamou para conversar. Ele disse: “Você só vai sair daqui com um contrato assinado”. Fiquei proscrito dos jornais porque virei um protegido do Boni só para fazer o Fantástico'. No Jornal Nacional e em outros programas, como o Globo Repórter, eu era barrado. Ficou uma aresta, uma arestona!".

Em 1988, durante o Show de Calouros, Silvio Santos deu sua versão sobre a saída do jornalista da emissora: "Eu contratei o Sérgio Chapelin porque ele me falou que queria ser animador de programas, apresentador de programas, uma das vezes que veio aqui receber um prêmio. O público foi ao delírio, porque ele é um rapaz bonito. Ele veio, porque queria realizar o sonho dele. Um ano depois, quando terminou o contrato, ele veio com a esposa e me disse: 'Silvio, eu não vou ficar, porque o aumento que eu tive foi aparente. Eu ganhava 100 na Globo e agora ganho 200, mas a Globo não deixa que os meus comerciais entrem na Rede Globo e o que ganhava não ganho mais. E como não deixam que os meus comerciais entrem na Globo, eu vou voltar pra Globo, porque lá eu ganho menos de ordenado, mas eu ganho mais quando meus anúncios são colocados na Globo'", revelou o comunicador.

Chapelin só voltou ao SBT em 2018, mas para receber o Troféu Imprensa. A Globo permitiu que ele recebesse o prêmio e o jornalista se emocionou, dedicando a vitória às mulheres, principalmente a sua esposa.

Luciano do Valle

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Depois de vários anos sendo o principal locutor esportivo da Globo, além de ter comandado o Esporte Espetacular, Luciano do Valle (1947-2014) se associou à José Francisco Coelho Leal, Quico, e começa a produzir eventos esportivos, com destaque para o vôlei. Sua primeira parada pós-Globo foi a Record, em 1982, depois da Copa do Mundo.

"Não saí brigado com a Globo. Apenas queria certificar-me de quem eram os 40 pontos de Ibope das minhas transmissões. Se eram resultado do meu esforço ou da eficiência daquela emissora. Depois da Copa, fiquei sem jeito de oferecer o Mundialito de Voleibol à Globo: ela jamais quis dar apoio à essa modalidade esportiva, porque o tempo de duração da partida é imprevisível, e a Globo tem compromissos comerciais com horários certos", desabafou ele ao Jornal do Brasil em setembro de 1982.

A final do Mundialito de Vôlei chegou a dar 28 pontos na Record. Ele acreditava que o esporte amador era a maior potencialidade da TV. "É um espetáculo mais barato e mais impressionante", elogiou o profissional.

E falou como gostaria de ser lembrado: "Quero ser lembrado como alguém que lutou pelo esporte amador". Depois, Luciano foi para a Band onde ficou por décadas, justamente sua última emissora. Seu contrato com a Band venceria em 2016 e sua família continuou recebendo do canal. Ele faleceu em meio à Copa do Mundo no Brasil.

Gugu Liberato

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Morto há dois anos e meio, Gugu Liberato chegou a ser contratado pela Globo em 1988. Seduzido por um contrato milionário para a época e animado com a possibilidade de ir para a emissora número um em audiência no Brasil, o loiro fez as malas disposto a encarar o novo desafio. Mas, voltou atrás.

Silvio Santos foi até o Rio de Janeiro convencer Roberto Marinho que precisava de Gugu, devido a um problema na garganta. Gugu deveria substitui-lo em pouco tempo. No show de Calouros, em 1988, comentou: "Minha corda vocal é um músculo e tá cansada. Eu posso parar de falar a qualquer momento se o músculo se cansar. Eu posso ficar um ou dois [anos] sem falar. Eu tentei trazer o Gugu de volta (ele tinha acabado de assinar com Globo). O Gugu não é só um bom animador. Ele é um garoto e bom caráter. Conheci a mãe dele, conheci o pai dele, que me disse: 'Comigo é pau na mão e pow na outra. Filho meu não pode ser nem bêbado, vagabundo e ladrão'. Eu conheci a Maria (mãe) e o Augusto (pai), que foi caminhoneiro, eu disse que não vou perder esse garoto que eu trouxe para o SBT".

"Porque eu vou encontrar outros animadores, e já tinha até outros animadores, mas talvez eu não encontre um rapaz com boa formação como é o Gugu. Como eu perdi a batalha da minha voz, pela minha idade, eu vou passar, até por inteligência, para o Gugu. Porque os outros lá da Globo, estão dizendo: 'O velho está pifando, a voz está acabando. O Gugu tem 28 anos, daqui a cinco anos está 33 anos e está com audiência lá em cima. O público acostuma com ele e o velho está pifando, tá acabando, e com 62 anos de idade nós estamos com o domingo ganho. E o SBT que sempre foi um dos donos do domingo fica sem nada'. Eu acordei, na minha introspectiva que fiz há 15 dias", prosseguiu Silvio.

Jô Soares

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Em 1988, Jô Soares estreava o Jô Soares Onze e Meia (1988-1999) no SBT, que foi fruto de um "não" da Globo, quando era contratado do canal. Embora fosse uma das estrelas do casting, não havia conseguido um espaço para criar um programa de entrevistas.

A insatisfação com o fato fez Jô mudar de ares em 1988, aceitando uma proposta de Silvio Santos no SBT. Além de um talk show do seu jeito e sem a interferência de ninguém, ele também teria um programa humorístico. Nascia o Veja o Gordo. Jô Soares realizou quase sete mil entrevistas em 11 anos e se tornou uma referência do gênero.

A consolidação de seu talk show fez com que a Globo iniciasse as tratativas por sua volta em 1998. Jô aceitou e creditou sua mudança a uma "inquietação artística" e a linha de programação do SBT, que era outra de quando chegou.

"Quando fui para o SBT, a programação tinha Boris Casoy, Lillian Witte Fibe, dramaturgia e investimento em jornalismo. Hoje, isso mudou. Os rumos da programação são outros", afirmou em entrevista ao periódico O Globo em junho de 1999.

Eliakim Araújo e Leila Cordeiro

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Apelidado de "casal 20 da TV brasileira", estavam no auge de suas carreiras apresentando o Jornal da Globo. Em 1989, eles já demonstraram sua insatisfação com os telejornais da casa, numa reformulação promovida por Alberico de Souza Cruz. Leila cogitou se demitir na primeira semana que passou a apresentar o Jornal Hoje, que fez 50 anos de idade em abril.

"Não abrimos mão do nosso marketing de casal", pontuou Eliakim, numa entrevista à Folha de São Paulo em julho de 1989. "Na TV, para acontecer, você precisa marcar. E nós marcamos como casal", acrescentou Leila.

Boni deu férias de quatro meses ao casal na esperança que mudassem de ideia. "Ele constatou que nossa incompatibilidade com a emissora não se resolveria em alguns meses", afirmou ele. O que mais desagradava o casal era o clima ruim entre os diretores de jornalismo da Globo.

O então casal 20 se mudou para a TV Manchete no fim dos anos 80 e depois para o SBT em 1992.

Xuxa

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Sem espaço na Globo no final de seu contrato, em 2014, onde não apresentou programas (TV Xuxa terminou em janeiro), Xuxa resolveu respirar novos ares em 2015 e sendo seduzida por uma proposta da Record. Na emissora carioca, sua participação vinha se resumindo a participações pontuais e sem protagonismo.

Em 2015, portanto, Record e Xuxa anunciaram acordo, causando frisson no mercado. Ela apresentaria uma atração com seu nome nas noites de segunda-feira. Contudo, o programa durou apenas um ano. Na emissora, ela ainda apresentaria o Dancing Brasil (2017-19), The Four Brasil (2019-20) e especiais, como o Geração Xuxa (2019) no PlayPlus e uma edição do Canta Comigo (2020) no ano passado.

Xuxa revelou em sua entrevista na coletiva de imprensa em março de 2015 que suas tratativas com a Record duraram dois anos. "Estou sorrindo à toa para a Record", garantiu ela, deslumbrada com a nova fase após 29 anos de Globo.

Ana Paula Padrão

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Em 2005, o SBT anunciava que a Globo "perdeu Padrão" e "não tinha mais Padrão". Mas, em breve o público saberia disso. a jornalista assinava um contrato com o SBT de quatro anos em maio de 2005. As conversas vinham sendo mantidas desde o início daquele ano. A jornalista comunicou, segundo o jornal Folha de S.Paulo, seu desligamento da Globo por telefone ao diretor Carlos Henrique Schroder. Silvio Santos arcaria com a multa contratual.

A hoje apresentadora do MasterChef Brasil, na Band, estava insatisfeita com seu horário. Ela apresentava o Jornal da Globo nas madrugadas havia cinco anos e se desencontrava com seu então marido, com quem queria ter um filho.

Para trocar um confortável contrato na Globo com estabilidade, Ana Paula Padrão pediu carta branca e inseriu uma cláusula anti-geladeira, de acordo com outra edição do jornal Folha de S.Paulo de maio de 2005.

Ganhando três vezes mais no SBT, ela teria um orçamento polpudo para remontar o departamento de jornalismo da emissora, que sobrevivia com telejornais esvaziados e conteúdos enlatados. "O formato [do novo telejornal] será o de notícia de forma coloquial. Algumas pessoas que estão na minha cabeça podem ser o diferencial", entregou ao periódico.

Na mesma entrevista, negou que tenha saído da Globo porque não lhe deram a bancada do Jornal Nacional. "Que vantagem eu teria de fazer aquele jornal sem personalidade?", provocou Padrão, reiterando apenas seu desejo de chegar mais cedo em casa. De acordo com Ana Paula Padrão numa entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo de maio de 2005, o dono do SBT a procurou pela primeira vez em 1996. "Desde então, de dois em dois meses ele me dá um telefonema. Na última vez, como na Globo já viam se esgotado as chances de mudar de horário, não resisti".

Padrão admitiu que em seu contrato estava previsto um orçamento para recuperar e aumentar a infraestrutura das afiliadas e praças, além da redação nacional. "Silvio quer trazer o jornalismo de volta à casa. Ele é muito intuitivo e acredita que comigo tem essa chance", afirmou.

A decisão de Padrão sair da Globo enfureceu a emissora. A multa, estipulada em R$ 3,8 milhões, não previa rescisão unilateral, de acordo com o canal. A própria jornalista fez o depósito do cheque à Globo, que foi recusado. O valor da multa incluía tudo o que ela recebeu da emissora desde que assinou seu último contrato, em 2002, e o que ganharia até seu término, em 2006.

A Globo entrou com uma ação judicial ordenando que Padrão voltasse ao trabalho, mas a Justiça entendeu que não havia irregularidades e tudo seguiu seu curso.

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