Por “boa tarde”, Sandra Annenberg criou saia justa com Carlos Nascimento no Jornal Hoje
Apresentadora passou a fazer questionamentos na sua segunda passagem
Publicado em 21/04/2021 às 05:00
Sandra Annenberg ficou 17 anos como âncora do Jornal Hoje, mas foi na sua segunda passagem, em 2003, que ela criou uma saia justa com Carlos Nascimento nos bastidores do telejornal. Em 2015, a apresentadora revelou à revista Trip que passou enxergar machismo em diversas situações ao dividir o comando do vespertino. Dentre elas, questionou o motivo de porqque só Nascimento dava o “boa tarde” primeiro na abertura. O NaTelinha apurou que, na época, o clima se tornou insustentável. Um ano após dividir o Hoje com Annenberg, Carlos deixou a Globo e assinou com a Band.
“Em 1996, eu fui para o Jornal da Globo, que tem aquele peso de noticiário eminentemente econômico e político. Aí as pessoas começaram a me olhar de um jeito diferente. Eu apresentava o jornal sozinha. Tinha como comentaristas o Juca Kfouri, no esporte, e o Joelmir Beting, na economia, pessoas com uma longa jornada. Eu fui sugando, absorvendo que nem uma esponjinha e aprendendo com eles. Em 2000, virei correspondente e coordenadora do escritório da Globo, em Londres. Aí foi outro aprendizado porque eu tinha que coordenar o trabalho dos colegas e intermediar o escritório de lá com o Brasil, ver que pautas eles queriam aqui, administrar um orçamento internacional, coisas que eu nunca tinha feito antes. Foi um grande desafio”, iniciou Sandra em entrevista para a revista Trip.
“Quando eu voltei, fui fazer o Jornal Hoje com o Carlos Nascimento, de 66 anos. Isso em 2002, 2003. Nessa época, comecei a falar: ‘Mas por que só ele dá o primeiro ‘Boa tarde’? Por que só ele começa dando a notícia mais importante do dia? Não seria isso um machismo?’. Ali criei uma certa saia justa, porque ninguém antes tinha ousado questionar isso”, completou.
Sandra comandou o Jornal Hoje, pela primeira vez, em 1998 e ficou na bancada até outubro de 1999. Ela foi substituída por Carlos Nascimento, porque a Globo queria fazer mudanças na editoria do telejornal, deixando mais próximo do público masculino por conta da estreia do Mais Você na faixa vespertina. Annenberg retornou para o JH em 2003 e dividiu a bancada com Nascimento ao longo daquele ano. Após a saia justa, Carlos deixou a atração em março de 2004, transferindo-se para a Band.
Sandra, de 52 anos, ficou por lá até 2019. “É chegada a hora da despedida. Eu tive o privilégio de ter a sua companhia nos últimos 16 anos, nesta bancada. Diariamente nos encontramos aqui ao vivo e a cores, olho no olho. Eu espero ter conseguido levar até você da melhor maneira possível”, disse ao telespectador no seu último dia. Hoje ela está no Globo Repórter.
O “boa tarde” dado pelos âncoras do Jornal Hoje se tornou uma marca do telejornal, tanto que a Globo publicou na última terça-feira (20), no seu perfil do Twitter, um compilado dos jornalistas que comandaram a atração usando o termo para se apresentar ao público.
Confira:
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História do Jornal Hoje
O Jornal Hoje está completando 50 anos em 2021 e por lá passaram grandes nomes do jornalismo brasileiro, como Léo Batista, Leda Nagle, Evaristo Costa, entre tantos outros. O telejornal soube se reinventar ao longo das últimas décadas e, não por acaso, é líder de audiência há tanto tempo.
Quando foi criado, o objetivo era que o programa fosse uma revista eletrônica tendo como público-alvo as mulheres, tanto que a edição de sábado ficou conhecido por ser experimental e dar espaço a matérias de cultura e comportamento. “O Jornal Hoje nasceu como uma revista, mas, desde o nome, sempre foi um jornal, um noticiário muito quente, muito forte. Hoje, mais do que nunca”, afirmou Claudio Marques, editor-chefe da atração, em entrevista ao Memória Globo.
Com mudanças no pacote gráfico, cenários e até na linha editorial, claro que o Jornal Hoje também trocou de apresentadores - atualmente, Maju Coutinho é quem comanda a produção. Nesta semana, a atração tem exibido uma série especial para relembrar os momentos mais marcantes da produção ao longo das suas cinco décadas.