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Morre ex-diretor do Grupo Bandeirantes vítima de Covid-19

Profissional estava na emissora desde os anos 70


Cláudio Petraglia ex-diretor do Grupo Bandeirantes
Cláudio Petraglia morreu vítima de Covid-19 - Foto: Reprodução/TV Bandeirantes
Por Redação NT

Publicado em 01/04/2021 às 09:07,
atualizado em 02/04/2021 às 12:42

Morreu nesta quinta-feira (1º) Cláudio Petraglia, aos 91 anos de idade. Em comunicado, o Grupo Bandeirantes, do qual era diretor, lamentou a perda do profissional, vítima do novo coronavírus (Covid-19). Ele estava internado há um mês em um hospital do Rio de Janeiro, mas não resistiu às complicações da doença que já vitimou mais de 300 mil pessoas em todo o país.

Na Band, Petraglia começou como diretor artístico em 1972 e ajudou na fundação da Band RJ em 1977 e ajudou a colocar o tripé que a emissora investe até hoje: jornalismo, esportes e entretenimento. Com mais de 30 anos na Band, seu último trabalho foi no Arte 1, onde recuperava arquivos do teatro Cacilda Becker para fazer uma reedição que iria ao ar na emissora.

Petraglia também foi responsável por momentos memoráveis na TV. Ele dedicou sua vida às artes e dirigiu sucessos da dramaturgia e da MPB (Música Popular Brasileira), cujo maior acervo está na Band.

A carreira de Cláudio Petraglia

Sua biografia é marcada por sucessos premiados na TV, na música e no teatro, tais como Hair, Tarzan, A Moreninha, Memórias de um Sargento de Milícias, Vila Sésamo, Revista do Henfil e São Paulo Sociedade Anônima. Todas elas ganharam prêmios importantes como o Molière, Coruja de Ouro, Saci (do jornal O Estado de S. Paulo), Associação Paulista de Críticos Teatrais e Prêmio Governador de São Paulo.

Ao longo de meio século de carreira, Petraglia exerceu a função de maestro, poeta, compositor, novelista, produtor, ator e roteirista. Ele escreveu O Pintor e a Florista (1964) para a TV Excelsior e O Mestiço (1965) na TV Tupi. Em 1969, ajudou ainda a fundar a TV Cultura, onde esteve à frente da direção artística.

Segundo o professor Fernando Morgado, membro da Academy of Television Arts & Science, estudioso sobre TV e biógrafo de Silvio Santos e Blota Jr. , Petraglia teve uma trajetória marcada pela versatilidade e por uma enorme capacidade de trabalho. "Por exemplo: na década de 1970, ele, ao mesmo tempo, dirigia a Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, comandava duas salas de teatro em São Paulo, dirigia peças e empresariava artistas. Passou por diversas emissoras, mas foi na Band onde deixou suas maiores marcas. Reposicionou a programação, lançando o conceito de 'audiência qualificada', que impulsionou o faturamento da empresa. Comandou a expansão da rede, inaugurando, por exemplo, a TV Guanabara, hoje Band Rio. Foi por orientação sua que a emissora, canal 7, entrou no ar pela primeira vez às 7 da noite do no dia 7/7/77. Também inaugurou o Teatro Bandeirantes com um show histórico reunindo Chico Buarque, Elis Regina, Maria Bethânia, Rita Lee e Tim Maia", comenta ao NaTelinha.

Morgado destaca que graças à ele, muitos desses artistas gravaram especiais na Band ao longo dos anos 70. "Ele também foi figura importante para a produção audiovisual carioca, inaugurando o Polo Rio Cine Vídeo. Chegou até a apresentar um programa local, o 'Onda Carioca', na Band Rio. A classe artística brasileira deve muito ao Cláudio Petraglia", explica.

Em livro lançado em 1988 pela editora Brasiliense com o título TV Ao Vivo: Depoimentos, Petraglia conta como convenceu João Jorge Saad a transformar o canal 13 de São Paulo, que ainda sofria os efeitos do grande incêndio de 1969, numa rede nacional. "Entrei na empresa vindo da TV Cultura e fiz uma proposta ao proprietário: 'Ficar com uma empresa isolada, não adianta. Você vai morrer. Não vou lhe dar uma garrafa de champagne, porque você já tem dinheiro para comprar todas as garrafas de champagne que quiser. Quero fazer uma rede. Não vou lhe dar mais dinheiro, vou até pedir sacrifício. Mas, daqui a alguns anos, você terá poder e uma realização'. Ele disse: 'Tudo bem, eu topo esse negócio'", diz um trecho.

Ainda no depoimento publicado no livro TV ao Vivo, o ex-diretor deu uma visão particular sobre como enxergava uma rede de televisão. "Uma rede é como um ser humano. Num determinado momento ela é como uma menina de 10 anos, com as pernas compridas, ainda sem seios. Mas depois vai crescendo, tornando-se mulher, ajeitando-se e aprimorando-se; com a programação também é assim. Depois do período de crescimento, a rede pára e todo o envolvimento em termos de programação se modifica, pelo fato de sua estrutura óssea já estar totalmente quantificada. Nesse momento, ela não vai crescer mais; será preciso melhorar o que tem", compara.

Cláudio Petraglia deixa um filho, Marcelo, que é fruto de seu primeiro casamento.

 

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