Denúncia

Mexeu com Uma Mexeu com Todas critica Globo e Marcius Melhem

Ex-diretor assediou Dani Calabresa e outras atrizes, segundo revista


Camiseta do grupo Mexeu com Uma Mexeu com Todas; à direita, Dani Calabresa e Marcius Melhem na Escolinha do Professor Raimundo
Camiseta do grupo Mexeu com Uma Mexeu com Todas; à direita, Dani Calabresa e Marcius Melhem na Escolinha do Professor Raimundo - Foto: Montagem/Reprodução/Instagram/Estevam Avellar/TV Globo

O grupo Mexeu com Uma Mexeu com Todas, formado por atrizes e outras funcionárias da Globo, se pronunciou nesta sexta-feira (4) sobre as denúncias de assédio moral e sexual cometidos por Marcius Melhem, ex-diretor do núcleo humorístico da emissora, contra Dani Calabresa e outras profissionais. Os detalhes dos casos foram publicados pela revista piauí.

Em carta aberta, as funcionárias da Globo criticaram "o silêncio e a falta de transparência" da rede no caso. O grupo, criado após a denúncia de uma figurinista contra o ator José Mayer, em 2017, ainda prestou solidariedade às vítimas e defendeu a união das profissionais para que homens não usem o cargo para cometer crimes, como mostram as acusações sobre Melhem.

Leia o pronunciamento na íntegra:

Carta aberta das funcionárias da TV Globo integrantes do grupo Mexeu Com Uma Mexeu Com Todas

Diante dos fatos expostos envolvendo denúncias sobre assédio sexual e moral cometidos por Marcius Melhem em período que exercia cargo de direção na empresa, viemos a público repudiar qualquer conduta que reafirme e beneficie o sistema de práticas opressivas relacionadas ao gênero e à hierarquia profissional que se estabeleceu ao longo dos anos. Também gostaríamos de criticar o silêncio e a falta de transparência na condução do caso por parte da empresa, uma vez que houve escuta das vítimas pelo compliance.

Prestamos aqui toda solidariedade e apoio às vítimas dos abusos cometidos, tendo cada dia mais a certeza que somente com união e escuta poderemos avançar nos diálogos e na luta contra esse tipo de prática dentro da empresa.

Apenas com uma rede de apoio sólida e fortalecida poderemos caminhar para o fim da violência de gênero que nos coloca vulneráveis dentro do nosso ambiente de trabalho.

Nossa mobilização é contínua, nossos diálogos estão abertos e nosso posicionamento parte do princípio que é necessário que se estabeleça: 1) uma escuta ativa das vítimas; 2) que providências efetivas e transparentes sejam tomadas; 3) que, sobretudo, sejam estabelecidos mecanismos de educação e conscientização sobre essas violências a fim de que possamos consolidar um ambiente de trabalho saudável e seguro para todas as mulheres.

Leia o comunicado divulgado nesta sexta pela Globo na íntegra:

"A Globo não comenta questões de compliance, mas reafirma que todo relato de assédio, moral ou sexual, é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento. A Globo não tolera comportamentos abusivos em suas equipes e incentiva que qualquer abuso seja denunciado. Neste sentido, mantém um canal aberto para denúncias de violação às regras do Código de Ética do Grupo Globo. Por esse Código, assumimos o compromisso de sigilo do processo, assim como o de investigar, não fazer comentários sobre as apurações e tomar as medidas cabíveis, que podem ir de uma advertência até o desligamento do colaborador. Mesmo nas hipóteses de desligamento, as razões de compliance não são tornadas públicas.

Somos muito criteriosos para que os estilos de gestão estejam adequados aos comportamentos e posturas que a Globo quer incentivar e para que as medidas adotadas estejam de acordo com o que foi apurado. Não foi diferente nesse caso. O acolhimento e a empatia com quem relata situações de violação do Código de Ética são pontos essenciais do programa de compliance da empresa.

Isso não quer dizer que os processos de compliance sejam estáticos. Ao contrário. Eles evoluem constantemente para acompanhar as discussões da sociedade. As práticas e as avaliações são revistas o tempo inteiro, assim como são propostas e acolhidas sugestões de melhoria nos mecanismos de comunicação interna. A própria sociedade está se transformando e a empresa acompanha esse processo".

Revista detalha assédios de Marcius Melhem na Globo

Em reportagem publicada nesta sexta-feira, a revista Piauí detalhou os assédios praticados por Melhem enquanto era diretor de humor da Globo, principalmente em torno de Dani Calabresa.

Com a contribuição de várias pessoas, que presenciaram ou mesmo ouviram os fatos da própria humorista, foi feita uma grande retrospectiva contando os vários momentos em que o humorista teria encurralado a então colega de trabalho. Começando pela comemoração do episódio 100 do Zorra, que tinha acabado de passar por uma reformulação. A festa aconteceu em 2017 e gerou constrangimentos.

Marcius teria tentado a todo custo um contato mais íntimo com Dani, que sempre se esquivou. Seja desde uma tentativa de beijá-la ou mesmo em momentos que ele chegou a tirar o órgão sexual para fora das calças. Isso teria causado uma crise de choro por parte da profissional, e foi confortada por outros colegas do humorístico.

Desde então, os assédios teriam se repetido, e com as recusas, o então diretor teria passado a complicar a vida da famosa, sabotando seus projetos. Foi então que Calabresa se reuniu com Monica Albuquerque, então diretora de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), e teria ouvido que acionaria os responsáveis pelo programa de compliance, que zela pela aplicação de normas éticas e de conduta.

A coragem de Dani fez com que outras vítimas tivessem coragem de também contarem o que passaram. E após um período afastado do seu cargo, em função da cirurgia da filha, Melhem foi oficialmente desligado.

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