Jornalismo

Globo e Record disputam nos bastidores exclusividade de vídeos sobre caso João Alberto

Homem negro foi morto por dois seguranças em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre


Imagem de João Alberto apanhando em Porto Alegre
João Alberto morreu após ser espancado em loja do Carrefour em Porto Alegre

Desde o último sábado (20), Globo e Record vivem uma disputa ferrenha nos bastidores para conseguir a exclusividade ou primeira-mão da exibição de vídeos envolvendo a morte de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos assassinado por seguranças do supermercado Carrefour em Porto Alegre na noite da última quinta (19). A Record tem levado a melhor, por causa do trabalho local. O jornalismo da Globo mostrou-se incomodada e teve de mudar planejamento que preparou para o último Fantástico por causa disso.

Segundo apurou a reportagem do NaTelinha, no último sábado (21), a Record conseguiu antecipar uma atração que seria o grande chamariz de audiência para reportagem da revista eletrônica global no domingo (22) - o vídeo que mostra João Alberto dando o primeiro soco nos seguranças. A imagem acabou sendo obtida também pela Record do Rio Grande do Sul, mais exatamente pela produtora Manuela Kühn. O vídeo foi exibido localmente e uma reportagem foi parar no site de notícias da Record, o R7.

A Globo viu o movimento da sua concorrente e trocou algumas questões. Chamadas que já rolavam na programação e que chamavam para "imagens exclusivas" sobre o caso tiveram que ser retiradas do ar. O VT sobre a história para o Fantástico foi feito por Valmir Salaro e produzido por nomes como Robinson Cerantula, Mahomed Saigg e Eduardo Faustini, quatro dos maiores jornalistas investigativos sobre assuntos policiais no Brasil.

Globo muda estratégia para evitar furo da Record

Por causa do "furo" que tomaram da Record, a Globo decidiu não segurar as imagens e publicou em seu site de notícias, o G1, além de exibir na GloboNews. O grande problema é que, nesta altura, o Fantástico perdeu o seu diferencial para a reportagem e houve uma reunião para discutir medidas para tentar evitar que perdessem novos furos para a Record. Um deles foi deixar Mahomed Saigg dedicado exclusivamente ao caso até o fim de novembro.

O grande porém, até aqui, é que a tática não surtiu efeito. Ontem (23), a Record voltou a exibir um vídeo antes da Globo, que a emissora pretendia mostrar com exclusividade no Jornal Nacional. Tais imagens mostravam um dos seguranças acusados do crime de racismo tentando se explicar para as testemunhas, pai e esposa de João Alberto, dizendo que ele poderia estar drogado. O vídeo foi exibido primeiro no Balanço Geral RS e foi para a Record. A GloboNews, por causa disso, só mostrou a cena às 14h e a Globo passou apenas à noite.

Nesta terça-feira (24), a aposta da Record foi conseguir uma entrevista com um dos seguranças que trabalhavam na loja do Carrefour onde aconteceu tudo, mas que não estava envolvido no assassinato. Na conversa, tal trabalhador, que topou falar de forma anônima, disse que a orientação do Carrefour era bater nas pessoas que poderiam ser suspeitas de roubo naquela loja em Porto Alegre. A Globo segue investindo em informações exclusivas do inquérito e promete novamente algo do tipo para o JN de hoje.

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