Derrotados nas urnas, aliados de Bolsonaro ganham cargos e recebem dinheiro público
Ex-parlamentares estão alinhados com estados vencedores
Publicado em 23/07/2023 às 19:30
Cerca de metade dos 20 deputados do PL, que não foram reeleitos na última eleição encontrou novos postos de trabalho, graças a nomeações feitas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro em gabinetes parlamentares, governos estaduais ou retornando a cargos públicos anteriores à carreira política.
Levantamento do Estadão mostrou que as remunerações dessas posições variam entre R$ 5 mil e R$ 29 mil por mês. Alguns nomes conhecidos do bolsonarismo, como Coronel Armando (PL-SC), Coronel Tadeu (PL-SP) e Policial Katia Sastre (PL-SP), foram realocados em espaços de aliados do ex-presidente.
O PL é um partido no qual os postos de liderança são altamente cobiçados pelos parlamentares. A influência de Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência honorária da sigla com um salário de R$ 41,6 mil, atrai também outros políticos que buscam espaço na agremiação. Ex-ministros como João Roma (Cidadania) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil) estão entre os que pressionam Valdemar Costa Neto, líder do partido, em busca de posições de destaque.
Roma e Onyx deixaram seus cargos no governo há pouco mais de seis meses e já estão em busca de recolocação dentro do PL. Eles se reuniram recentemente com Costa Neto, em Brasília, buscando cargos nacionais no partido para fortalecer suas posições políticas visando às eleições municipais de 2024.
O ex-ministro da Cidadania, João Roma, deseja uma "promoção" dentro da estrutura partidária, visando uma posição de destaque em nível nacional. Enquanto isso, Onyx Lorenzoni pretende retomar a posição que ocupava no partido antes de sua derrota nas eleições para o governo do Rio Grande do Sul. Ele foi substituído na presidência estadual da legenda por Giovani Cherini (PL-RS).
Outro político que almeja espaço no PL é o ex-deputado Paulo Eduardo Martins (PL-PR). Desde sua derrota nas eleições para o Senado contra o ex-ministro Sérgio Moro, Martins está fora de funções públicas. Ele é próximo de Bolsonaro e pretende usar a influência do ex-presidente para avançar sobre o diretório paranaense do partido. No entanto, outros dois nomes, o deputado federal Fernando Giacobo, próximo de Costa Neto, e Filipe Barros, considerado um dos bolsonaristas mais fiéis no Paraná, também disputam o comando da agremiação no estado.
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O ex-deputado Edio Lopes, de Roraima, também tentou manter poder sobre o PL no estado, mas teve suas pretensões frustradas por Valdemar Costa Neto, que sinalizou que trocaria o comando do diretório do partido. Diante disso, Lopes acabou se filiando ao Solidariedade, onde reassumiu o posto de presidente estadual.
A remuneração dos dirigentes partidários é permitida, seja com dinheiro público proveniente do Fundo Partidário ou com recursos privados, provenientes de doações externas e contribuições de filiados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já decidiu que os dirigentes podem receber salários a partir do Fundo Partidário, sem a necessidade de comprovar suas atividades nas siglas.
De acordo com a lei, a direção nacional dos partidos pode destinar até 50% da parcela que recebe do Fundo Partidário para gastos com funcionários. Já os diretórios municipais e estaduais têm um limite maior, podendo gastar até 60% do valor recebido.