Autora de Vai na Fé revela quem decidiu colocar personagens evangélicos na novela
Rosane Svartman contou se a Globo a pressionou para criar história gospel
Publicado em 15/01/2023 às 05:31,
atualizado em 15/01/2023 às 09:37
A fé e a relação dos personagens com esse sentimento é o que move a nova novela das sete da Globo, Vai na Fé. No centro da trama, uma mulher evangélica que tem sua crença colocada em prova diante de dificuldades. Em rara abordagem das novelas do canal, a prática da religião protestante será colocada em lugar de destaque, já que Sol, a protagonista da trama vivida por Sheron Menezzes, tem a fé como norte.
Quando o enredo foi divulgado, a imprensa se questionou se essa escolha teria a ver com a estratégia da Globo em chamar à atenção do público evangélico, já que é um nicho bem percebido na audiência da concorrente, a Record. Segundo a autora de Vai na Fé, Rosane Svartman, o tema nasceu quando estava escrevendo as características da personagem, e não por uma imposição ou pressão da emissora.
Em entrevista exclusiva para o NaTelinha, a escritora afirmou que, diante de uma pesquisa feita na época de Bom Sucesso (2019), sua novela anterior, mostrou que metade do público feminino daquele folhetim era composto de mulheres protestantes.
"Comecei a prestar atenção que de quatro às seis mulheres daquele grupo de 10 eram evangélicas. Era uma novela que elas amavam, mesmo Paloma (Grazi Massafera, protagonista da produção) conversando com uma santa e indo na igreja católica. Quando vi isso me perguntei: Porque não uma protagonista evangélica? Ainda mais que 99% dos brasileiros dizem ter fé. Não fazia sentido uma protagonista não ter a fé sendo tão importante pra ela. A Sol será tratada com todo carinho e respeito que minhas outras protagonistas", garante.
Vai na Fé foi criada há quatro anos, antes mesmo da pandemia da Covid-19
Com primeiro capítulo agendado para ser exibido na segunda-feira (16), Vai na Fé era pra ter estreado em janeiro de 2022, mas, por conta do cronograma da Globo afetado pela pandemia da Covid-19, foi alterado por três vezes. Mesmo com essas mudanças, Rosane não desanimou com sua história.
"Muita felicidade em abrir um ano depois de uma pandemia, com esperança, criando diálogos. Então essa é minha expectativa. Ela nasceu na época de Bom Sucesso, em 2019, quando percebemos que o público aceitava personagens imperfeitos, humanos como nós, às vezes agindo de uma forma em um lugar e de outra forma em outro. Os personagens são pessoas que erram e acertam, aprendem", afirma.
Vai na Fé bebe não só da mesma fórmula de Bom Sucesso, mas também de Totalmente Demais (2015), outra trama de Rosane. Depois de duas temporadas de Malhação e duas novelas, ela firma seu estilo de contar histórias.
"Não tenho uma estratégia de construção como autora, mas eu quero contar boas histórias. Sou muito apaixonada pelo que eu faço. Tenho uma vontade de contar uma história com carinho e respeito. Talvez a grande ferramenta pra mim como autora seja a escuta. Pra você falar, você tem que saber ouvir. As minhas novelas têm em comum os personagens imperfeitos", analisa.
"Tenho essa vontade de contar uma boa história, dialogar e conversar. Numa novela a gente fala para milhões de pessoas, então se eu for pensar nisso eu paraliso. Se eu puder contar a melhor história que eu posso, com a melhor personagem que eu posso, com conflito, dilemas, aventura, risada, mas também com lágrimas, pra mim é por aí que eu vou."
Rosane Svartman