Parto complicado

Entenda por que Heloísa ficará à beira da morte em Além da Ilusão

A mulher de Leônidas terá seu filho roubado na maternidade


Paloma Duarte como Heloísa de Além da Ilusão
Paloma Duarte em cena de Além da Ilusão - Reprodução/TV Globo
Por Jéssica Alexandrino

Publicado em 10/08/2022 às 05:45,
atualizado em 10/08/2022 às 08:28

Na reta final de Além da Ilusão, Heloísa (Paloma Duarte) vai ter uma hemorragia após o nascimento do filho e, além de correr risco de morte, terá seu bebê roubado na maternidade. Ao NaTelinha, o Dr. Luciano Curuci, médico ginecologista, acupunturista e Presidente do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP), explica que a perda de sangue exacerbada pode fazer com que a paciente desmaie, como será o caso da personagem da novela das seis, ou, na pior das hipóteses, morra.

De acordo com o especialista, na época em que a trama de Alessandra Poggi se passa, existia um risco muito maior de complicações obstétricas pela dificuldade de diagnósticos, já que recursos como a ultrassonografia, por exemplo, não existiam e não era possível saber ao certo o peso aproximado do feto, o posicionamento da placenta, o volume de líquido amniótico, dentre outras informações acerca da gestação.

"Hoje você tem ultrassom morfológico, ultrassom 4D, ultrassom com grau de qualidade de imagem fantástica, tem o doppler pra medir irrigação das artérias uterinas, e também exames de laboratório", diz o médico, que afirma que alguns diagnósticos, como o de diabetes gestacionais, são muito mais rigorosos atualmente e previnem diversas complicações, além de medicamentos que podem auxiliar até mesmo no controle da hipertensão gestacional.

Curuci esclarece que o problema que complicará a vida de Heloísa acontece porque, após o nascimento do bebê, o esperado é que o útero contraia e volte ao seu tamanho normal. O perigo se instala quando isso não acontece. "Existem substâncias produzidas no sistema nervoso central, uma delas é o hormônio ocitocina, que ajudam na contração do útero. É o mesmo hormônio que se usa para induzir o trabalho de parto e para conduzir o trabalho de parto de forma sintética. A própria amamentação no pós-parto imediato já ajuda a produzir mais ocitocina pra contrair o útero", pontua.

De acordo com o ginecologista, é a contração uterina que previne o sangramento excessivo após o parto. "Nas primeiras quatro horas, no puerpério imediato, você tem que ficar atento à quantidade de perda de sangue da mãe. Sangramento acima de 500 ml em um parto vaginal ou acima de um litro em um parto cesárea nas primeiras 24 horas já é considerado uma hemorragia pós-parto", ensina, dizendo que se a hemorragia for maciça a mãe pode necessitar de transfusão sanguínea com concentrados de hemácea.

"Sangramentos nessas quantidades exacerbadas podem levar a uma anemia materna e essa anemia pode levar a uma hipovolemia, que é a diminuição da quantidade de líquidos orgânicos. A paciente pode estar entrando em um estado de choque hipovolêmico por diminuição dos líquidos orgânicos e de sangue e isso faz com que a pressão diminua e a paciente pode desmaiar e, na pior das hipóteses, sofrer uma parada cardiorrespiratória e ir a óbito", completa ele.

A explicação do especialista traduz a fala do médico de Heloísa na ficção. "O útero não contraiu, a pressão está caindo. Ela está com hipotonia! Injeção de ocitocina rápido! Precisamos estancar a hemorragia", dirá o profissional que fará o parto da personagem de Paloma Duarte nos últimos capítulos da novela das seis.

Médico explica quais fatores aumentam riscos de complicações como as de Heloísa em Além da Ilusão

Heloísa (Paloma Duarte) chorando em Além da Ilusão
Reprodução/TV Globo

O Dr. Luciano Curuci explica que uma hemorragia no pós-parto pode envolver fatores de baixo, médio e alto risco. Hipertensão e diabetes gestacional, cirurgias anteriores no útero e aumento de líquido amniótico além do esperado são alguns exemplos que já geram um risco mediano. Mas o ginecologista também alerta para situações mais graves.

"Casos em que a gravidez evoluiu com uma placenta de inserção baixa, uma placenta prévia, ou uma placenta que a gente diz que já tem um grau na ultrassonografia que você consegue ver se está se inserindo na musculatura, tudo isso pode fazer com que não tenha a saída completa da placenta, naturalmente, e aconteça esse acretismo placentário, o que a gente chama de placenta acreta, percreta e até increta, em que o útero não vai contrair e isso pode causar a hemorragia pós-parto de forma grave", pontua.

Ainda segundo o especialista, casos de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia também levantam a bandeira vermelha, além de doenças hematológicas ou outros problemas de saúde, como a dengue hemorrágica. "Pode causar essa plaquetopenia, a diminuição de plaquetas, e alterar fatores de coagulação. O uso de coagulante é outro sinal de alerta para que possa ocorrer a hemorragia no pós-parto e os casos de descolamento prematuro de placenta, que é uma urgência do pré-natal, e pode causar a dificuldade de contração do útero no pós-parto imediato", acrescenta.

Curici finaliza explicando que, em casos como o de Heloísa, massagem no útero com estímulo e injeções de ocitocina podem solucionar o problema. Caso o útero continue sem contrair e nem mesmo a transfusão sanguínea ajude, é preciso fazer a histerectomia pós-parto, ou seja, a retirada do útero. "Só assim se consegue estancar esse sangramento para que não chegue em um grau em que não se controla mais", completa.

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