Atriz estreia em Quanto Mais Vida, Melhor com "pitada de vilã" e promessa de reviravolta
Veterana do cinema e do teatro, Suzy Lopes chega à novela como Valdirene, que vai se aliar a Celina e balançar romance entre Deusa e Odaílson
Publicado em 13/03/2022 às 10:00
“A Globo está te perdendo” era uma frase que Suzy Lopes sempre escutava dos amigos. Não está mais… Com 28 anos de carreira no cinema e no teatro, a atriz faz sua estreia em novelas da emissora em Quanto Mais Vida, Melhor. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, ela afirma que Valdirene tem uma “pitada de vilã” e passará por algumas reviravoltas no desenrolar da trama. A personagem vai se aliar a Celina (Ana Lúcia Torre) e balançar o romance entre Deusa (Evelyn Castro) e Odaílson (Thardelly Lima).
Para Suzy Lopes, a personagem é contraditória, com direito a algumas maldades, o que estimula seu trabalho de atriz. “Foi um exercício delicioso a construção de Valdirene. Trouxe pra ela a força da mulher nordestina no humor”, define a paraibana, que ganhou notoriedade no elenco do premiado Bacurau (2019). Em sua estreia na TV, ela contracena com a amiga Bárbara Colen, também destacada no filme de Kléber Mendonça Filho.
Casada com Odaílson, Valdirene chega na história para melar o namoro do motorista, que é impedido de se casar com Deusa por não ter oficializado o divórcio. Cheia de artimanhas, ela acaba se aliando a Celina em uma série de tramóias. “Sem dar spoiler, Valdirene chega de uma forma e tem uma reviravolta. Algo que ela sempre desejou, mas que no fundo não acreditava que seria possível em sua vida. Será divertido!”, promete a atriz.
A estreia em novelas veio acompanhada de outros desafios, como gravar a trama inteiramente antes de ir ao ar e chegar à história já na metade, após o capítulo 100. Ainda assim, ela se diz fascinada pela experiência. “Sempre ouvi de várias pessoas uma frase que me inquietava quanto ao poder da TV na vida do povo brasileiro. Sempre ouvi o famoso ‘Ainda te vejo na Globo’! (risos) Pois bem, aos amigos que tanto torceram e me fizeram acreditar: agora vocês irão me ver na Globo!”, comemora.
Recentemente, em meio à pandemia da Covid-19, a artista se casou por videoconferência, com transmissão para convidados pelo YouTube. Quem deu a ideia foi o colega de cena Thardelly Lima. O eleito foi o também ator, escritor e diretor Paulo Vieira Melo. “Foi dentro de nossa casa, com os pés no chão – como é o nosso amor”, conta Suzy Lopes.
Leia a entrevista com Suzy Lopes, a Valdirene de Quanto Mais Vida, Melhor
NaTelinha: Em 28 anos de carreira, você teve diversas experiências no cinema e no teatro. O que a estreia em novelas representa para a sua trajetória?
Representa mais um espaço alcançado pela minha arte. Eu tinha muita curiosidade de saber como era o processo de gravação de uma novela. Porém, na minha vez, esse processo foi atípico, pelo fato de a novela ir ao ar toda gravada, e não como normalmente acontecia, de ir ao ar ainda em processo de gravação e as personagens e tramas irem tomando outros rumos conforme a opinião do público. Mas o processo é fascinante pelo ritmo que exige.
Eu sempre ouvi de várias pessoas uma frase que me inquietava quanto ao poder da TV na vida do povo brasileiro. Sempre ouvi o famoso “Ainda te vejo na Globo”! (risos) Pois bem, aos amigos que tanto torceram e me fizeram acreditar: agora vocês irão me ver na Globo!
E ainda tinha aquele momento quando eu fazia algo que meus amigos gostavam muito e eles falavam a clássica “A Globo está te perdendo”! (risos) Engraçado isso, né? Estou muito feliz com esse momento da minha vida artística! A TV tem um ritmo diferente do teatro e do cinema, mas que eu gostei muito.
NT: Como define a Valdirene de Quanto Mais Vida, Melhor?
Valdirene é uma paraibana arretada de Nova Coxixola. Uma mulher divertida, mas que teve uma vida muito dura. Só que ela não abaixa a cabeça e nem leva atrevimento para casa. É dura na queda, sempre dá um jeito de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Após muitas relações difíceis, conheceu Odailson e achou que finalmente tinha encontrado a tampa da sua panela, mas era pura ilusão. Ele escafedeu-se e ela só teve notícias dele muitos anos depois de seu sumiço. Vai para o Rio de Janeiro encontrá-lo e, a partir dessa chegada dela em solo carioca, a vida de Deusa e Odailson será muito sacolejada. Pois Valdirene quando provocada... Sai de baixo que a confusão é grande! Ela ainda se alia com Celina para engrossar o caldo de treta na mansão Monteiro Bragança.
Foi um exercício delicioso a construção de Valdirene. Trouxe pra ela a força da mulher nordestina no humor. Tem também uma pitada de vilã nela que é algo que seduz muito o meu construir de personagens, assim como a personagem que interpreto no filme Fim de Festa, de Hilton Lacerda: uma persona contraditória, que é maravilhoso de viver na ficção.
Gosto muito de personagens assim, que estão fora do meu campo de conforto no sentido de identificação pessoal.
NT: O que podemos esperar do destino da personagem?
Sem dar spoiler, Valdirene chega de uma forma e tem uma reviravolta. Algo que ela sempre desejou, mas que no fundo não acreditava que seria possível em sua vida. Será divertido!
NT: Como encarou esse desafio duplo, de pegar uma novela já em andamento e que foi inteiramente gravada antes de ir ao ar?
Pegar a novela já em andamento certamente foi meu maior desafio, mas que foi muito bem vivido pela generosidade da equipe. Todos do elenco e da técnica sempre foram muito generosos comigo. Em pouco tempo, pude viver a sensação de fazer parte desde o começo. Quanta gratidão tenho aos profissionais que conheci nessa jornada. Trabalhar com amor e respeito é fundamental para que seu estado criador possa voar. Se sentir acolhida, respeitada, escutada, sabe?! Foi incrível essa experiência e quero voltar a vivê-la. Confesso, me apaixonei!
NT: Bárbara Colen, também de Bacurau, está no elenco da novela.
Nossa! Babi é uma grande amiga desde que nos conhecemos em Bacurau. Uma mulher encantadora que sempre dividiu e compartilhou comigo coisas preciosas e raras.
NT: Vocês chegam a contracenar?
Não posso falar muito porque tem surpresas importantes no núcleo de ambas, mas tem uma cena que ela chega e é recebida por Valdirene. Eu não sabia que íamos contracenar, foi Babi quem achou essa cena primeiro no roteiro da Globo e me ligou na hora super feliz contando a novidade. Quando eu atendi ela falou: “Amiguinha, a gente tem uma cena juntas na novela!”. E rimos muito nessa ligação, ficamos felizes.
Nós temos ideia de vários projetos para fazermos juntas. Eu amo Babi! Além de ser uma grande atriz, é uma amiga muito generosa. Voltar a conviver com ela durante a gravação foi um plus nessa deliciosa experiência que foi gravar novela.
NT: Ainda neste ano, você estará em Não Foi Minha Culpa, série do Star+ sobre feminicídio. O que pode nos contar sobre esse projeto?
Ainda não estou autorizada para falar muito, mas posso dizer que é um grande projeto, com uma equipe quase que inteiramente formada por mulheres e uma temática absolutamente importante para a sociedade, que trará certamente grandes e valiosas discussões sobre este universo da violência contra a mulher. Toda ação e obra de arte que tenha como propósito acabar com essa triste realidade deve ser levada para frente.
Para além dos méritos de importância da questão que a série trata, foi um trabalho muito incrível. Atuar com Luana Xavier e João Baldasserini foi uma experiência inesquecível. Dois profissionais que mexeram comigo em suas atuações e atitudes pessoais. E ainda ser dirigida por Susanna Lira, que eu já tinha uma admiração por sua cinematografia de absoluta impotência para um estudo do sujeito brasileiro. Ela é autora de obras fundamentais para a nossa memória como A Torre das Donzelas. E também a preparação de Maria Beta Perez, o texto de Juliana Rosenthal... O elenco que Melina Anthis montou é muito potente e gigante. Só alegria em fazer parte desse projeto.
NT: Você se casou pelo Zoom em meio à pandemia. Conte sobre o contexto que levou a essa situação e como foi a experiência.
Essa é uma das minhas histórias mais inusitadas. Eu já morava com o Paulo, que foi minha paixão platônica na adolescência, havia alguns anos, mas quando começou a pandemia, nós vínhamos falando na possibilidade de oficializar perante os papéis dos homens o nosso amor que, na vida prática, já existia. E foi o Thardelly que falou pra gente que ia casar pelo Zoom e a gente achou uma maravilha essa possibilidade.
Foi dentro de nossa casa, com os pés no chão – como é o nosso amor. E mais: foi transmitido pelo YouTube, o que possibilitou as amigas do mundo todo assistirem. Assim foi criada uma corrente gigante de amor e nos sentimos muito felizes e abraçados por nossa tribo, que é espalhada pelo mundo.
Claro que ainda temos o desejo de fazer uma festa com todas as presenças, mas quem sabe em algumas bodas da vida? São tantas né? E felicitar o amor e sua livre vivência nunca será demais!