Revolução

Metaverso: Como telespectador pode virar personagem de novela

Mudanças já estão acontecendo e devem entrar na dramaturgia


Cena das novelas Avenida Brasil e A Dona do Pedaço
Metaverso pode revolucionar novelas brasileiras - Foto: Montagem
Por Daniel César

Publicado em 10/11/2021 às 04:23,
atualizado em 10/11/2021 às 09:58

As novelas passam por constante evolução e, por isso, continuam entre as principais fontes de dramaturgia do mundo. Desde que o formato foi criado, ainda como livro, até os dias de hoje, muito se viu. Seja no teatro, seja no rádio ou na TV e, agora, na internet. Mas no futuro, a novela como o público conhece pode deixar de existir graças a uma evolução do 5G, o metaverso. Com ele, especialistas apostam que o telespectador poderá interagir com o cenário, com personagens e fazer parte da história.

O NaTelinha já mostrou que Verdades Secretas 2 faz parte dessa evolução ao se tornar a primeira novela brasileira para o streaming, mas essa é só a ponta do iceberg sobre o caso. Especialistas acreditam que, com o advento do 5G e investimentos na casa do trilhão no metaverso, as novelas ganharão outra realidade e o telespectador poderá ser parte da história, já não sabendo mais o que é realidade ou ficção.

Primeiro, a reportagem explica o que é o metaverso. É uma espécie de Matrix, um universo multidimensional em que as pessoas interagem num mesmo local, mesmo estando distante fisicamente. Não se trata de uma vídeoconferência, mas de um ambiente virtual em que as pessoas irão se ver, se tocar. "É como se todos estivessem num ambiente, só que ele não é físico, é em outro universo", explica Rafael Brandão, engenheiro de informação e que vem trabalhando no projeto para uma empresa no Brasil.

Segundo ele, o metaverso ganhou destaque nos últimos dias por conta da mudança de nome da empresa que administra o Facebook, o Instagram e o WhatsApp, sob o comando de Mark Zuckerberg, mas os estudos acontecem há muito tempo. "Desde os anos 80 pensa-se no metaverso, só a gente analisar os filmes, como Matrix, por exemplo", lembra. Mas o que parecia muito mais ficção científica, agora está perto de se tornar real. "Atualmente, já existem reuniões empresariais que acontecem neste ambiente virtual, tudo em fase de testes ainda, evidentemente.

O Metaverso e a dramaturgia

Metaverso: Como telespectador pode virar personagem de novela

Para Rafael, o metaverso tomará conta de tudo. "Não vai mais existir distância entre ninguém", crava ele empolgado com o assunto. No caso da dramaturgia, a aposta é que o telespectador irá virar parte da narrativa. "Imagine o público podendo invadir o cenário de uma novela e tomar frente nas decisões da personagem", comenta. A ideia, de fato, é revolucionária.

Mas nem tudo são flores e não é tão simples de se pôr em prática. Isso porque, a novela passa por um conceito básico de roteiro, ou seja, há uma pessoa que sabe para onde levará os personagens e a presença de um corpo estranho pode gerar mil situações que não levarão para onde o autor quer. Para isso, terá de se buscar uma saída. "O metaverso vai se impor a isso e a solução irá aparecer", garante o engenheiro.

O que pensam jornalistas sobre o metaverso

Metaverso: Como telespectador pode virar personagem de novela

A reportagem conversou com os jornalistas do NaTelinha, responsáveis por cobrir as novelas no dia a dia sobre a possibilidade de uma revolução deste patamar. Para Tatiana Bruzzi, há muitas perguntas ainda não respondidas sobre o tema. "Minha pergunta é, será que com essa tecnologia você pode não só estar no cenário, mas fazer parte da cena? Uma cena romântica com o Gianechinni, sei lá", comenta, rindo.

Mas Taty pondera sobre pontos importantes. "Eu estou pensando aqui como isso funcionaria em novela, porque não bastaria estar no cenário, você teria que ter o poder de influenciar na cena. Por exemplo, quando a internet dava seus primeiros passos, se pensava num futuro próximo onde através da TV poderia fazer compras, olhar um figurino e querer igual. Anos depois surgiu as smarts. Agora já tem o QR Code. Ou seja, isso se tornou realidade", lembra. "Voltando ao cinema, quando se pensa em 3D você se aproxima da personagem. Aqui no Rio tem o 4D. Em um filme tipo Titanic vc sente frio, sai do cinema até molhado" exemplifica.

Já Marcela Ribeiro também fala sobre o tema. "A realidade virtual já é uma tecnologia presente em nossas vidas e, em um mundo em que a interação a distância está cada vez mais comum, isso acabará virando tendência na TV também. Parece estranho a princípio visitar de perto os cenários e ficar frente a frente com os personagens das novelas, mas, imagina que mágico seria poder dar um abraço (virtual) em Dona Lurdes (Amor de Mãe), impedir que Nazaré Tedesco (Senhora do Destino) dê um empurrãozinho em alguém na escada, ou se ver sentado em uma mesa da trama e disparar para Carminha (Avenida Brasil) um 'Me serve, vadia!'?? Conhecer de perto detalhes dos cenários das novelas seria incrível também!", imagina.

Mesmo assim, Marcela pondera. "Mas, apesar disso, me causa estranheza deixarmos de lado o contato presencial, o sofá com a família parar assistir novela, debater sobre os temas e trocar por uma vida solitária, mergulhados na realidade virtual com milhões de pessoas, cada um na sua bolha".

Natasha Amaral segue a mesma linha. "O Metaverso é o futuro da internet e da tecnologia e pode/vai proporcionar às tramas uma aproximação maior com público. Se hoje, com histórias fechadas e determinadas pelos autores, a novela é o gênero de mídia mais assistido do país com cerca de 100 milhões de telespectadores diariamente, quem dirá daqui 10 ou 20 anos. Essa nova perspectiva para os folhetins, com a inserção do público na trama, será fundamental para garantir o sucesso das histórias. Quem não gostaria de virar um personagem de novela, não é mesmo? É claro que essa troca do real pelo virtual pode trazer muitos malefícios, uma vez que a interação social decaia, mas, noveleira que sou e pensando justamente nesse cenário, acho que pode ser bastante positivo", finaliza.

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