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Stênio Garcia revela dificuldade em cena de racismo em Duas Caras: "Personagem asqueroso"

Ator teve papel desafiador na novela exibida entre 2007 e 2008, de volta no Globoplay


Stênio Garcia como Barretão em cena da novela Duas Caras, de volta no Globoplay
Em cena marcante de Duas Caras, personagem de Stênio Garcia vomita todo seu preconceito na mesa de jantar - Foto: Reprodução/Globoplay

Em Duas Caras, Stênio Garcia é Barretão, um advogado racista que não aceita o namoro da filha Júlia (Débora Falabella) com Evilásio (Lázaro Ramos). Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, o ator relembra seu personagem na novela de Aguinaldo Silva com direção de Wolf Maya, que chegou na segunda-feira (30) ao Globoplay. “Asqueroso” é como o veterano define esse tipo tão marcante e diferente em sua carreira.

Em uma das cenas mais fortes de Duas Caras, Barretão ofende Evilásio em um jantar, disparando contra o desafeto uma variedade de comentários racistas. “Foi muito difícil para mim. Tenho horror ao racismo, asco mesmo. O Lázaro [Ramos] é um querido amigo, um ser humano incrível e um grande ator. Foi muito difícil constatar que o personagem que você interpreta é tão asqueroso”, comenta Stênio Garcia.

“Apesar de ser ficção, a gente sempre se envolve. Fico ainda mais triste em saber que, ainda hoje, vemos esse tipo de coisa se repetir na vida real. É importante retratarmos isso cada vez mais nas novelas e combater, na ficção e na vida real, principalmente. Temos sim que falar a respeito. A novela tem essa função social, de combater toda e qualquer forma de preconceito”, afirma o artista.

Barretão se redime na reta final de Duas Caras; “Quero muito acreditar que isso seja possível na vida real”, diz Stênio Garcia

Stênio Garcia revela dificuldade em cena de racismo em Duas Caras: \"Personagem asqueroso\"

No decorrer da trama, o mau-caráter se redime e aceita Evilásio como membro da família. O filho caçula, Barretinho (Dudu Azevedo), após capítulos a fio assediando a empregada da casa, Sabrina (Cris Vianna), se casa com ela. Ao final, após uma passagem de tempo, Barretão leva uma surra ao tentar defender o neto negro de uma discriminação na rua.

A mudança de comportamento é possível, diz o intérprete. “Acredito que o racismo está enraizado no ser humano. Existe esse racismo estrutural que estamos vivendo ainda nos dias de hoje, mas quero muito acreditar também na redenção da essência do ser humano.”

“O Barretão levou as pessoas a pensarem muito sobre isso e se redimirem ou pelo menos a refletirem sobre essa questão e fazer uma autoavaliação. Quero muito acreditar que isso seja possível de também acontecer na vida real. Acredito muito nos seres humanos, e precisamos, sim, combater o racismo e essa estrutura racista que temos até hoje.”

Ator guarda até hoje presente que ganhou de Marília Pêra, sua esposa na novela

Stênio Garcia revela dificuldade em cena de racismo em Duas Caras: \"Personagem asqueroso\"

Entre as lembranças de Duas Caras, a mais cara ao ator é da parceria com Marília Pêra (1943-2015), sua esposa na trama. A atriz deu vida a Gioconda, uma socialite que, em certo momento da história, ingressa na política disposta a resolver os males sociais. Os veteranos tiveram boas cenas juntos.

“Ah, a Marília hoje é uma grande saudade para mim e para todos nós. Era uma mulher e uma atriz muito inteligente. Ela sabia colocar sua alma no personagem, seu caráter e sua moral. Atriz incrível e grande amiga! Contracenar com ela era sempre uma alegria. Tinha e tenho muita admiração pela Marília. Pela sua carreira, pela mulher que ela foi, pela sua entrega nos palcos e na televisão.”

Ele reconhece o entrosamento que adquiriu com a colega ao longo da novela. “Tínhamos uma química e tanto! Tudo fluía muito bem. Nós falamos das cenas, discutíamos sobre as cenas que íamos fazer juntos. Era realmente muito legal essa sintonia. Eram dois personagens que tinham muito a passar para o público. Então, tudo estava em harmonia.”

“Inclusive tenho um presente dela que ela me deu, uma garrafa de Moët & Chandon Rosé que nunca tive coragem de abrir. Sempre que olho para esse presente, lembro com muito carinho dela. Marília era completa. Fui muito honrado e feliz em poder contracenar e conviver com ela”, avalia Stênio Garcia.

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