SBT aposta em mexicanas, mas adquiriu novelas brasileiras que nunca produziu
Emissora tem uma vasta gama de opções de novelas para produzir
Publicado em 04/04/2021 às 06:28,
atualizado em 04/04/2021 às 08:27
Desde 2012, com o remake de Carrossel, o SBT passou a investir apenas em tramas juvenis para disputar Ibope no horário nobre contra a Globo e Record. Além disso, a emissora acabou consolidando sua imagem no mercado como o canal das tramas mexicanas da Televisa. Ao longo dos seus 40 anos, que serão completados em agosto, a emissora comprou direitos de diversas novelas de autores brasileiros que nunca foram produzidas.
Silvio Santos adquiriu na década passada todo o acervo de Janete Clair, simplesmente considerada a grande dama da telenovela brasileira. É bem verdade que o SBT comprou os direitos da obra radiofônica, mas quem conhece sua biografia, sabe que a novelista criou vários de seus folhetins para a Globo com base em histórias que ela própria havia inventado para o rádio.
A emissora chegou a investir neste formato quando Íris Abravanel foi alçada ao posto de escritora e assinou Véu de Noiva, baseada na icônica obra de Janete Clair e que já havia sido produzida na TV com o nome de Vende-se um Véu de Noiva. Mas, desde então, toda a obra está em uma engavetada.
SBT tem novela que transformou Regina Duarte em fenômeno
Também está nas mãos do SBT a novela que transformou Regina Duarte num fenômeno e deu a ela o apelido de a namoradinha do Brasil. Minha Doce Namorada (1971), escrita por Vicente Sesso foi um fenômeno no horário das 19h e alçou a atriz ao estrelato, fardo que ela carregou por muitos anos sendo aceita pelo público apenas como mocinha das telenovelas, justamente por conta do peso deste papel.
A emissora de Silvio Santos comprou os direitos de produzir uma nova versão da trama das mãos de Sesso, o autor da obra, no mesmo período em que também adquiriu os direitos de Uma Rosa Com Amor (1972). A última foi feita pelas mãos de Tiago Santiago em 2010, quando o novelista número da Record trocou o canal por uma proposta milionária do SBT.
A imersão de Santiago em novelas no SBT não alcançou o mesmo sucesso que ele fazia na concorrência e o fracasso de Amor e Revolução (2011) acabou minando o projeto do canal de investir na dramaturgia adulta, mirando em tramas infantis, que acabaram se tornando o principal produto da década passada. Talvez por isso, talvez pelos valores necessários para produção de novelas adultas, as obras de Janete e de Sesso ficaram na gaveta e nunca foram adiante.
SBT planeja novela e não produz
O canal é pioneiro em comprar projetos e não levar adiante, já que chegou até a encomendar uma novela e não produzir. Foi o caso de A Pantera, trama de Vicente Sesso, produzida em 1996 e que acabou nunca vendo a luz do dia. E houve dois ensaios para colocar a novela em produção, na primeira vez com negociações avançadas com Fernanda Montenegro para o papel principal, mas que acabou não indo adiante, o que provocou a suspensão dos trabalhos.
Com Marília Pera de protagonista, que chegou a ser contratada, A Pantera voltou ao radar de Silvio Santos em 1997, já com ajustes para economizar na produção e sem viagens internacionais solicitadas pelo autor, mas novamente acabou não vingando e o texto nunca foi produzido.
O caso não chega a ser inédito, já que o SBT produziu Pérola Negra completamente antes de levar ao ar e a novela quase não foi exibida, mesmo sendo gravada na íntegra. Exibida em 1998, o folhetim ainda hoje é um com a melhor recepção e audiência por parte do público da emissora.
Atualmente o SBT exibe duas novelas mexicanas: Triunfo do Amor e Amores Verdadeiros. Ambas, oscilam entre 6 a 7 pontos de audiência na Grande São Paulo. No horário nobre, com o agravamento da pandemia e a decisão de não gravar tramas inéditas enquanto o elenco não for vacinado, O SBT transmite o remake de Chiquititas, exibida originalmente em 2013.