Homenagem

Há um ano, o Brasil se despedia de Domingos Montagner; relembre trajetória

Ator morreu afogado nas águas do Rio São Francisco e deixou seu legado


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Divulgação/TV Globo

Há exato um ano, no dia 15 de setembro de 2016, o país se despedia de forma assustada de Domingos Montagner, que morreu naquela tarde afogado nas águas do Rio São Francisco, na região de Canindé de São Francisco, interior de Sergipe, onde estava para as gravações da novela "Velho Chico".

Aos 54 anos, o ator tinha uma carreira até curta, mas marcante na televisão. Ao contrário de outros da mesma faixa etária, Domingos fez sua carreira praticamente inteira baseada no circo.

Em 1997, criou o grupo La Mínima, cujas apresentações farsescas obtiveram grande notoriedade, e hoje segue sendo tocado pela viúva, Luciana Lima. Paralelo à vida circense, ele fez breves participações em novelas do SBT e da Record até 2010.

Com o início da década, viria seu estrelato na Globo em dose dupla. Primeiro, no papel de Carlos na série “Divã” (2011), e posteriormente vivendo o Capitão Herculano na novela “Cordel Encantado” (2011), onde fez parceria com as autoras Duca Rachid - com quem já havia trabalhado em 1995, na trama “Tocaia Grande”, na extinta Manchete - Thelma Guedes e a diretora Amora Mautner.

O sucesso e a simplicidade de Domingos cativaram os autores e diretores da TV. Em 2012, viveu o jogo político na pele de Ventura, que virava Presidente da República por um golpe do destino, na minissérie “O Brado Retumbante”. No segundo semestre, arrasou corações como o turco Zyah, da malfadada “Salve Jorge”.

Multifacetado e querido

Mesmo com o sucesso, Domingos Montagner nunca esquecia de suas raízes no circo. Sempre que podia, aproveitava para puxar essa parte de seu talento para as telas, como fez em uma cena de “Joia Rara”, em 2013, onde viveu Mundo, um operário politizado dos anos 20.

Em 2015, reforçou sua versatilidade ao incorporar o sensível e atormentado Miguel, protagonista de “Sete Vidas”, trama de Lícia Manzo dirigida por Jayme Monjardim.

Seu último personagem na televisão foi o idealista Santo dos Anjos na novela “Velho Chico”. A obra de Benedito Ruy Barbosa com direção artística de Luiz Fernando Carvalho ficaria marcada pela súbita morte do ator.

Como forma de homenagem, e saída artística para a adversidade trazida pelo destino, o diretor optou por manter a presença do personagem a partir da câmera subjetiva – enquadramento de tela que mostra a visão que aquele personagem tem de tal momento.

Sua morte, por afogamento nas águas do Rio São Francisco há um ano, chocou e mexeu com os brasileiros. Na classe artística, a lamentação era unânime. Diversos atores que trabalharam diretamente com Domingos, como Débora Bloch, Carolina Dieckmann e Renato Góes, compartilharam sua dor com o país.

Camila Pitanga, par de cena em “Velho Chico”, estava junto no momento do ocorrido. A atriz precisou tirar um período sabático e buscar ajuda psicológica para superar o trauma.

A trágica morte de Montagner ainda abalou o planejamento da novela substituta na faixa das 21h, “A Lei do Amor”. Convidado para interpretar o artista plástico popular Abel Gadelha, que seria a vértice de um triângulo amoroso com Helô (Cláudia Abreu) e Pedro (Reynaldo Gianecchini), o personagem deixou de existir, sem nenhum ator ser escalado para o lugar.

Após o falecimento, Domingos deixou dois trabalhos inéditos: os filmes “Um Namorado para a Minha Mulher”, lançado ainda em 2016, e “Bingo - O Rei das Manhãs”, atual hit dos cinemas que adapta a história de vida de Arlindo Barreto, um dos intépretes do palhaço Bozo.

O legado artístico de Domingos Montagner, bem como sua simpatia e simplicidade, nunca será esquecido por quem está atrás e de frente às telas de TV, telões de cinema e palcos teatrais.

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