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Lulaflix? Governo Lula estuda criação de streaming estatal

Transição fez a proposta que está na mesa da Cultura e da Secom


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Por Daniel César

Publicado em 12/01/2023 às 04:00,
atualizado em 12/01/2023 às 10:55

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cogita um projeto revolucionário para a arte brasileira. Um projeto apresentado pela transição, ainda em 2022, está sendo avaliado para a criação de uma plataforma de streaming, que ficaria sob o guarda-chuva da TV Brasil e iria, em tese, competir com as gigantes do mercado, como a Netflix, o Globoplay e a Prime Video.

Segundo apurou a reportagem, no relatório final da transição, na área da Cultura, existe a sugestão, baseada num modelo feito pela Alemanha. O NaTelinha já havia antecipado que a intenção do presidente era de tornar a emissora estatal numa espécie de BBC brasileira, inspirada no canal inglês. Agora, os planos vão além.

A ideia é criar um serviço de streaming estatal e, portanto, gratuito, para reunir conteúdo original nacional. Dentro da proposta feita pela transição e que está em análise, produções de filmes, séries, minisséries e documentários que recebem recurso público entrariam na plataforma. Ainda não está claro qual o tipo de recurso que daria a contrapartida e nem o período de janela.

Na prática, uma produtora que receber dinheiro público para fazer um filme, por exemplo, teria como segunda janela o streaming da TV Brasil. Ou seja, após o longa sair do cinema, ele entraria no serviço estatal, o que não impediria a tentativa de venda para o catálogo de uma empresa multinacional, como a Netflix.

O modelo encontra resistência nos bastidores porque há o temor de que o serviço vire concorrente das grandes empresas e poderia tirar o investimento de multinacionais na arte brasileira. A ideia, porém, não é que a Netflix ou a Prime Vídeo se sintam ameaçadas pelo conteúdo original do streaming da TV Brasil, principalmente porque irão enfrentar um período de regulamentação.

A reportagem conversou com um membro da transição na área, que explicou o projeto e lembrou que não há conflito com as grandes empresas da área. Para ele, a ideia é ótima porque pode fomentar a cultura nacional.

Embora a transição não tenha deixado claro um modelo específico, o governo Lula estuda a possibilidade de usar a plataforma para pequenas produtoras. Quem não tem espaço na TV aberta, fechada ou mesmo nos grandes serviços, utilizariam recursos públicos e entrariam na TV Brasil, dando a chance do público acompanhar a obra.

O projeto, porém, precisa ser muito bem desenhado, na visão do ministério da Cultura. A ministra Margareth Menezes não se pronunciou publicamente sobre a ideia, mas já afirmou a aliados que considera viável. O desejo dela, no entanto, é que a plataforma nasça exclusivamente para encontrar pequenos produtores e deixe as grandes obras com outras contrapartidas. Ela considera que pode ser um modelo viável para encontrar novos artistas pelo Brasil e investir no fomento do audiovisual.

O streaming da TV Brasil, se sair do papel, não deve ficar no guarda-chuva da Secom (Secretaria de Comunicação) porque será específica para a arte, por isso irá para a Cultura. O canal, porém, assim como a estrutura da EBC continuará sob o comando do ministro Paulo Pimenta. Ele ainda não anunciou quem será o diretor da emissora e também quem deve comandar a empresa.

O NaTelinha antecipou que há nomes sendo cogitados por Lula, como o do jornalista Chico Pinheiro e até de José Trajano. O anúncio oficial deve acontecer nos próximos dias. Já o caso da plataforma de streaming não deve sair do papel em 2023, já que não há previsão orçamentária para isso.

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