Acusado de atacar o Porta dos Fundos, Eduardo Fauzi decide voltar ao Brasil, diz revista
Ataque aconteceu na semana do Natal
Publicado em 10/01/2020 às 19:50
Um dos suspeitos de ter praticado o ataque a sede da produtora do Porta dos Fundos, Eduardo Fauzi teria dito à Justiça que voltará ao Rio de Janeiro no dia 30 de janeiro. A informação foi dada pelo colunista Guilherme Amado, da revista Época nesta sexta-feira (10).
As passagens teriam sido anexadas pela defesa no pedido de habeas corpus que chegou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro nos últimos dias. A intenção do advogado de Eduardo é fazer com que seu cliente chegue ao Brasil e não seja levado para delegacia para cumprir prisão preventiva.
O suspeito de ter cometido o crime contra o grupo de comediantes deixou o Brasil no dia 29 de dezembro, na véspera de ter a prisão decretada pela Polícia Civil do Rio, e viajou para Rússia. Com a alta repercussão do caso, Fauzi entrou na lista vermelha da Interpol.
É bom destacar que o suspeito publicou um vídeo no primeiro dia do ano nas redes sociais. A gravação foi realizada dentro de uma casa e os investigadores descobriram que ele contou para amigos próximos que estava em Florianópolis, Santa Catarina, o que parece ter sido uma pista falsa.
No vídeo, Eduardo dispara: "Quem fala mal do nome de Cristo fala, prega, contra o povo brasileiro. Povo brasileiro, povo humilde, povo pobre. Isso é um crime de lesa pátria. Eles [integrantes do Porta dos Fundos] são criminosos, são marginais, são bandidos".
"A tolerância deles é marketing. Se eles fossem verdadeiramente tolerantes, eles vestiriam na pele da tiazinha da pipoca, da minha antiga escola, que eu falei pra ela: 'você é pobre'. Ela respondeu: 'eu sou pobre, mas tenho dentro de mim uma riqueza chamada Jesus Cristo'", acrescenta.
Investigação dos ataques ao Porta dos Fundos
Desde que começaram as investigações, peritos da Polícia Civil refizeram o rosto do suspeito para poder identificar quem teria participado do ataque ao Porta dos Fundos. Especialistas utilizaram imagens de câmeras de segurança e fotografias para chegar ao resultado.
O laudo aponta que é a mesma cor da pele, o mesmo formato de cabeça e distribuição compatível dos elementos da face. A análise precisou usar a aparência da região frontal do rosto, perto da área do nariz, dos ouvidos e da boca.
A identificação do possível criminoso aconteceu por meio de um cruzamento de informações de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Os agentes também usaram imagens de, aproximadamente, 50 câmeras de segurança.
De acordo com a Polícia Civil, Fauzi e os outros suspeitos atacaram a produtora e depois fugiram. Na rua Martins Ferreira, Eduardo saiu do carro em que estava, tirou fitas que escondiam a placa do veículo e saiu andando numa rua isolada.
Vale lembrar que, para a polícia, o ataque não vem sendo tratado como terrorismo, mas como tentativa de homicídio, já que haviam seguranças contratados dentro do local no momento em que as bombas foram lançadas contra o prédio.
Especial de Natal Porta dos Fundos na Netflix
A linha de investigação da polícia é de que as bombas foram lançadas como represália ao Especial de Natal do Porta dos Fundos para o gigante de streaming. O filme apresentou Jesus como gay e foi duramente criticado por religiosos brasileiros que chegaram a pedir na Justiça que o especial fosse retirado do ar, recebendo o aval do desembargador da 6ª Câmara Cível Benedicto Abicair na última quarta-feira (8).
Em seu texto de acolhimento do pedido de liminar, Benedicto afirmou que é preciso lembrar que a sociedade brasileira é majoritariamente cristã. “Por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo a liminar na forma requerida”, disse o magistrado em sua decisão.
Só que na noite da última quinta-feira (9), Dias Toffoli derrubou a liminar de Benedicto e permitiu que o especial continue no catálogo da Netflix. “Não se descuida da relevância do respeito à fé cristã (assim como de todas as demais crenças religiosas ou a ausência dela). Não é de se supor, contudo, que uma sátira humorística tenha o condão de abalar valores da fé cristã, cuja existência retrocede há mais de 2 (dois) mil anos, estando insculpida na crença da maioria dos cidadãos brasileiros", escreveu o ministro do STF em sua decisão.
O grupo de humor venceu o Emmy Internacional por conta da primeira temporada do Especial, o que acabou gerando uma renovação para o segundo ano que teve toda a polêmica. A Netflix e o Porta dos Fundos já confirmaram que em 2020 haverá novo especial.
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