Claudia Raia escancara a realidade da menopausa e mostra que ela afeta a saúde mental de brasileiras
Atriz de 58 anos falou abertamente em suas redes sociais sobre um assunto que para muitos ainda é um tabu

Publicado em 09/06/2025 às 15:30,
atualizado em 09/06/2025 às 15:45
Por que falar de Menopausa ainda é um tabu? As pessoas acham que mulheres não vão envelhecer?
A atriz Claudia Raia, 58 anos, falou abertamente em suas redes sociais sobre um assunto que para muitos ainda é um tabu: a menopausa.
A atriz contou que sua família estava reclamando demais do seu comportamento insuportável e também falou sobre os sintomas como névoa mental (esquecimento), calores absurdos, dores nas pernas e articulações, queda de cabelo, insônia que ela começou a sentir.
Na vida de Cláudia Raia a menopausa começou aos 50 anos, e ela estava bem assistida por médicos pois segundo a mesma, já estava se preparando para essa fase. Mas para muitas mulheres, a menopausa pode começar antes e sem nenhum auxílio e nem compreensão, nem dos membros da casa, e nem dos colegas de trabalho.
A menopausa é um processo natural do corpo da mulher que pode acontecer entre os 45 e 55 anos e é definida em linhas gerais, pela ausência de menstruação por 12 meses consecutivos e com ela, a mulher ganhar dezenas de sintomas indesejáveis. E quando falo de dezenas, não é brincadeira, a menopausa vem como um trator pra cima da gente com sintomas que antes achávamos inimagináveis de acontecer.
“É um turbilhão de hormônios que invadem a mulher nessa fase da vida e não pode ser dessa maneira. Temos muita pouca informação sobre isso e que as mulheres estão cada vez mais acuadas e ainda é um grande tabu em 2025. Isso tem que mudar Medicina olhe para as mulheres.”
Claudia Raia
Cláudia Raia tem uma peça de teatro intitulada Cenas da Menopausa que estreia 12 de junho, no Teatro Claro Mais em São Paulo, com direção de Jarbas Homem de Mello.
Mas e como a menopausa é tratada em nosso país?
A menopausa afeta a saúde mental de brasileiras em níveis alarmantes, segundo estudo global.
O Brasil lidera um ranking preocupante: é o país com maior índice de impacto negativo da menopausa na saúde mental das mulheres. De acordo com um levantamento global realizado pela farmacêutica Astellas, uma em cada três brasileiras afirma ter enfrentado efeitos significativos nessa esfera. Entre os sintomas mais frequentes estão ansiedade (58%), depressão (26%), vergonha (16%) e constrangimento (20%).
A pesquisa comparou dados de seis países e revelou que o sofrimento psicoemocional das brasileiras nesta fase é o mais intenso entre os avaliados. O quadro é agravado pelo silêncio social e pelos estigmas que ainda cercam o climatério, frequentemente tratado como um tema privado, invisível e pouco debatido em espaços públicos ou institucionais.
Famosas tem papel importante para desmistificar a Menopausa
Apesar do tabu persistente, e da vergonha que muitas mulheres ainda têm em falar do assunto, figuras públicas como Claudia Raia, Adriane Galisteu, Fernanda Lima, Naomi Watts e Maria Cândida têm dado visibilidade à experiência da menopausa, revelando sintomas intensos e falta de suporte. Essa exposição contribui para romper o silêncio e ampliar o debate, mas especialistas alertam que a resposta precisa ir além dos relatos pessoais.
Conversamos com a farmacêutica esteta e homeopata Silmeri Bolognani, CEO do Instituto Bolognani, que destacou que o sofrimento emocional vivido por mulheres nessa fase tem raízes sociais e culturais profundas.
“No Brasil, a juventude, a beleza e a fertilidade ainda são muito associadas ao valor da mulher. A menopausa, por sua vez, continua cercada de estigmas, o que torna essa transição ainda mais difícil. Soma-se a isso um sistema de saúde sobrecarregado e a ausência de políticas públicas eficazes voltadas ao acolhimento dessa população”, afirma.
Segundo Bolognani, muitos dos sintomas emocionais associados à menopausa como irritabilidade, tristeza e insônia, têm base física, mas são potencializados por fatores culturais e ambientais. A especialista defende a adoção de abordagens integrativas, que considerem corpo, mente e contexto social. “Homeopatia, acupuntura, fitoterapia, psicoterapia, meditação e atividades físicas regulares fazem parte de um conjunto de cuidados que pode trazer mais equilíbrio à mulher nesse momento.”
Menopausa, palavrinha pequena para um medo gigante
O ambiente de trabalho é um dos locais onde o silêncio sobre a menopausa se impõe com mais força. Sintomas como ondas de calor, alterações de humor e distúrbios do sono são frequentemente ignorados ou mal interpretados por colegas e gestores. “Ainda existe o receio de parecer fraca ou instável. Muitas mulheres simplesmente se calam. Isso é extremamente nocivo, sobretudo considerando que a população feminina está envelhecendo. Ignorar essa pauta é negligenciar uma realidade que só tende a crescer nos próximos anos”, alerta Bolognani.
A conscientização e o acolhimento, segundo especialistas e mulheres que já passaram pela fase, são pilares para uma vivência mais saudável da menopausa. “Mais do que um processo hormonal, trata-se de uma transição profunda que mexe com identidade e autoestima. Quando a mulher tem acesso a cuidados integrativos e apoio familiar, esse momento pode ser vivido com mais serenidade e até renovação”, afirma Bolognani.
Com o envelhecimento da população e o aumento da longevidade feminina, o enfrentamento da menopausa precisa deixar de ser uma questão individual para se tornar prioridade coletiva. Naturalizar esse debate dentro de casa, nas escolas, nos espaços de trabalho e na mídia é o primeiro passo para garantir que mais mulheres atravessem essa fase com dignidade, apoio e saúde integral.
Essa questão vai muito mais a fundo quando nos deparamos com histórias cotidianas que acontecem em nosso no dia dia, como maridos se separando de mulheres que enfrentam essa fase para buscar mulheres mais novas que ainda estão longe desse período tão denso e assustador. É como se uma mulher tivesse prazo de validade e entrando na Menopausa, ele estivesse vencido. Isso sem falar nas piadinhas de mau gosto que muitas mulheres têm que ouvir ao entrar na menopausa. è minhas amigas, essa fase não é fácil, não tem como pular e é preciso muita força para resistir.
Mas eu tenho uma notícia: a menopausa chega para todas, não tem jeito, contudo isso não significa jamais que a mulher acabou, que ela sucumbiu e é o fim da linha. Encontrando acolhimento em suas casas, em seu trabalho , com bom acompanhamento médico e por mais que seja difícil um pouco de bom humor também, a mulher na menopausa pode e deve ser muito feliz!
Dra. Silmeri Bolognani