TVxTV

A reprise confirma: Totalmente Demais é a melhor pior novela da história

Novela merece todos os elogios possíveis por ser ruim, mas imperdível


Cena de Totalmente Demais com Carolina e Arthur
Novela Totalmente Demais é a melhor novela ruim da Globo - Foto: Reprodução

Quem acompanhou a primeira exibição de Totalmente Demais em 2015 e 2016 pode até não ter concordado, mas a reprise da trama de Rosane Svartman e Paulo Halm traz uma comprovação categórica: ela é a melhor pior novela da história da TV brasileira, com todos os defeitos que uma obra de dramaturgia poderia ter, o que a torna simplesmente irresistível. É a versão brasileira de Eu, a Patroa e as Crianças.

Com um sucesso retumbante na segunda exibição, Totalmente Demais vem se tornando constantemente nas últimas semanas a maior audiência da Globo, o que somente confirma um fato inegável: a produção é deliciosamente ruim. Cheia de defeitos e completamente descartável, a novela protagonizada por Marina Ruy Barbosa, Fabio Assunção, Felipe Simas e Juliana Paes, tem tantos problemas que é impossível não assistir.

A novela tenta mostrar a história contemporânea da gata borralheira, mas pecou em todas as tentativas de desenvolver uma história que fizesse algum sentido. Este texto, inclusive, poderia apontar todos os problemas de dramaturgia, de verossimilhança e até de direção da produção, mas o objetivo não é criticar a obra, ao contrário, é fazer uma espécie de reconhecimento pela capacidade dos autores.

Afinal, não é fácil escrever uma novela. Pior ainda é escrever uma novela ruim. Mas o mais difícil é escrever uma novela ruim e que seja simplesmente viciante. Não há um único capítulo de Totalmente Demais em que a didática da história não siga esta lógica. Qualquer brasileiro que goste do formato, basta sentar-se por cinco minutos diante da televisão enquanto a trama estiver no ar, que não fique hipnotizado pela deliciosa sequência de cenas sem sentido em que a canastrice parece ser a base da linha narrativa.

Totalmente Demais tem situações bizarras, mas muito legais

Não se trata de um elenco canastrão, longe disso. O texto é quem cria a canastrice ao apresentar situação estapafúrdias, mesmo num universo de novelo. Mas quem se importa que uma modelo que não sabe nadar vença uma prova de fotos na água? Quem se importa que uma jornalista conceituada não consiga nem por um minuto se livrar de uma aspirante a modelo, ainda que tenha mil recursos para tal? Quem se importa que um vendedor de flores tenha uma ascensão meteórica numa multinacional sem nenhum estudo?

O público certamente não presta nenhuma atenção nestes detalhes técnicos de roteiro porque está hipnotizado com a sequência de situações bizarras em que o coloca como refém da novela ruim. Totalmente Demais é uma amostragem do que Walcyr Carrasco consegue fazer com maestria para prender o público, com o diferencial que os ganchos e evolução narrativa é muito mais coruscante. A sensação que a gente tem é de estar assistindo uma sequência aleatória de cenas do Tá no Ar, engraçadíssimas, mas que não fazem muito sentido.

Totalmente Demais sai de cena nesta semana com alguns legados importantes: ter aumentado a audiência da faixa, além de conquistado um dos melhores desempenhos da década. Mas o mais importante é que ela provou ser possível escrever uma novela ruim, mas tão deliciosa que ninguém perde tempo fazendo teses sobre os problemas da narrativa porque todos estão torcendo exclusivamente para o final feliz dos personagens. Não precisa fazer sentido, não precisa ter lógica. Precisa apenas ser legal. E Totalmente Demais é muito legal.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado