De contratação badalada a estrela apagada: Como a Record não emplacou Xuxa em cinco anos
Xuxa se mudou para a Record em 2015
Publicado em 23/05/2020 às 08:51
Depois de quase 30 anos na Globo, Xuxa Meneghel foi contratada a peso de ouro pela Record em 2015. Era uma grande virada na carreira da apresentadora, que não estava feliz na rede carioca e vinha perdendo cada vez mais espaço.
Seu último programa, no entanto, justiça seja feita: dos últimos, o TV Xuxa, que ia ao ar nas tardes de sábado, era o que tinha mais a sua cara e a audiência não era uma tragédia. Muito por conta dos inexistentes concorrentes, é claro.
A Record quis apostar no carisma de Xuxa e no poder de publicidade que ela sempre teve. Sua aquisição era praticamente um tiro certo, mas a cabeça teve que ser quebrada para saber onde encaixá-la na grade de programação.
Xuxa queria um programa seu, do seu jeito. Essas foram as condições. Coisa que não conseguia na Globo. E só isso poderia fazê-la trocar um contrato estável e anos de glória no canal que a consagrou nos anos 90, onde ficou conhecida como a Rainha dos Baixinhos.
Tudo ficou acertado que a loira apresentaria um programa com seu nome às segundas-feiras, com direito a sofá, entrevistas e o que mais ela quisesse. Carta branca à Xuxa. Inclusive, ao vivo, um dos seus sonhos.
A novidade passou e os números do Ibope despencaram, passando a perder constantemente para o SBT.
Audiência x faturamento
Obviamente, audiência não é tudo. O horário herdado de Xuxa era de Hebe Camargo no SBT, e a Rainha da TV não anotava índices de audiência tão expressivos. Pelo contrário, passou a perder constantemente para a Record em 2004, quando o canal do bispo Macedo levava ao ar aquele seriado Turma do Gueto e o terceiro lugar para ela era uma realidade.
Silvio Santos demorou anos para trocá-la de horário. Quando foi para os sábados, chiou. Mas depois, acabou retornando às segundas. Com baixa audiência, mas assim seguiu até seu ciclo se encerrar na emissora, no final de 2010. O prestígio valia a pena.
O programa de Xuxa Meneghel, que era feito nos estúdios da Record no Rio de Janeiro (RecNov) ao vivo, passou a ser gravado. Em uma entrevista do diretor Ignário Coqueiro ao NaTelinha, declarou que "era mais fácil abrir o mar vermelho do que dar audiência na Xuxa".
O TV Xuxa, na Globo, era líder por falta de concorrência, mas a apresentadora já vinha encontrando dificuldades em emplacar no Ibope há muito tempo. Até no início dos anos 2000, o Planeta Xuxa era freguês de Silvio Santos e Gugu nas tardes de domingo.
Do auditório aos formatos
Decepcionada com Xuxa e seus resultados, a Record não demorou muito para tirar seu programa do ar às segundas-feiras e a apresentadora ficou na geladeira.
Retornou em 2017 com a promessa de que ela apresentaria formatos. Formatos? Sim, formatos, uma tendência na Record que o próprio Gugu Liberato vinha seguindo, Marcos Mion, etc.
Apresentadores carismáticos e que comandaram enormes programas de auditórios podem ter uma certa dificuldade de se adaptar à algo quadrado, com script e sem grandes espaços para improvisos.
Xuxa teve que se contentar com o Dancing Brasil em 2017 e desde o ano passado com o The Four Brasil. Embora a loira tente fazer algo diferente, é notório que todos esses programas independem do apresentador. O resultado é o mesmo.
Horário na grade de programação da Record é o que não falta. E não seria espantoso caso ela resolva trocar de ares novamente.
Artisticamente, Xuxa conseguiu se apagar ainda mais em sua passagem pela Record e acreditem, muitos sequer sabem que ela está lá.
Thiago Forato é jornalista e escreve diariamente para o NaTelinha. Assina a coluna Enfoque NT desde 2011. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto