Record ignora agressão de Viny Vieira a galo e abre precedente perigoso
Viny Vieira joga água em galo, mas Record passa pano
Publicado em 31/10/2019 às 11:07,
atualizado em 03/02/2023 às 10:11
A Record optou por ignorar quase que completamente a agressão de Viny Vieira a um galo na noite do último domingo (27), em A Fazenda 2019. O ex-Pânico, irritado com a cantoria do animal em plena madrugada e sem conseguir dormir, descontou sua raiva lhe jogando uma caneca com água.
Quase um dia depois, a emissora decidiu apenas fazer com que os peões ficassem 24 horas sem gás e água encanada por conta das atitudes do humorista.
A agressão abre um precedente perigoso e a Record perdeu a oportunidade de dar um belo exemplo. Afinal, a convivência com os animais é um dos fatores mais atrativos do reality e tratá-los bem é fundamental e imprescindível. A partir disso, como a emissora vai definir o que é ou não agressão?
Em conversas com alguns veterinários para entender melhor a questão, não há dúvidas de que Viny agrediu, de fato, o galo. "O galo tem suas características naturais de cantar, não só ao amanhecer. Foram realizados vários estudos sobre o cantar do galo", diz a veterinária Renata Camili, que topou falar sobre o caso.
Segundo ela, um dos motivos do canto do galo é a marcação de território, que também serve de aviso para outras aves presentes que ele está vivo e domina o local.
Fatores como o estresse podem fazer com que o galo cante a qualquer hora. "Em se tratando de um programa de televisão, é inaceitável qualquer abuso, incentivo ou apologia à violência contra os animais", acrescenta Renata, reiterando que os sons altos, gritos do participante e o susto com a água pode ter ocasionado um estresse ainda maior.
Segundo ela, tal situação pode fazer com a que imunidade do galo baixe, provocando doenças como a pneumonia, uma patologia comum em aves.
A Fazenda deveria ser o primeiro programa a se dedicar em ensinar como conviver com os animais e respeitando-os acima de tudo. Ao longo de sua história de uma década, sejamos justos: fatos como esses são raros. Nunca houve motivos para uma medida severa como a expulsão como agora. Para configurar agressão, não precisa bater, aplicar socos ou pontapés.
Com base na definição de maus tratos da Resolução Nº 1236 de 26 de outubro de 2018 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), está estabelecido que é considerado maus tratos, dentre outras coisas, impedir a movimentação ou descanso de animais, ato direto ou indireto que provoque dor ou sofrimento, dentre outros itens.
A Record, portanto, perdeu a chance de dar o exemplo. Uma pena.
Thiago Forato é jornalista e escreve diariamente para o NaTelinha. Assina a coluna Enfoque NT desde 2011. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto