Coluna do Sandro

Além de Lula, vídeo de Nikolas Ferreira expôs graves problemas para Globo, SBT e Record

Vídeo de Nikolas Ferreira critica fiscalização do Pix, viraliza e expõe a força das redes sociais sobre a TV aberta


Nikolas Ferreira usando camisa preta e os logotipos da Globo, Record, SBT e Band
Vídeo de Nikolas Ferreira mostrou o futuro preocupante da TV aberta - Foto: Montagem/NaTelinha

O vídeo gravado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL - MG), com críticas ao aumento da fiscalização sobre transações financeiras, incluindo o Pix pela Receita Federal, viralizou nas redes. Com a repercussão negativa, o governo Lula voltou atrás na decisão na última quarta-feira (15). Com 317 milhões de visualizações, Nikolas conseguiu uma visibilidade que nem o Jornal Nacional seria mais capaz de entregar, mostrando que as redes sociais estão se tornando mais fortes que a TV aberta no país, para preocupação da Globo, Record, SBT e Band.

A gravação se tornou um marco no marketing político devido à sua linguagem simples, popular, por furar a bolha bolsonarista e por conseguir um impacto desfavorável ao Planalto no ambiente digital que levou Lula a revogar a medida sobre o Pix.

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O poder de influencia do vídeo foi retratada na pesquisa publicada pela Quaest na última sexta-feira (17). O instituto revelou que 88% dos brasileiros estão cientes das mudanças nas normas de fiscalização do Pix e que 87% ouviram falar sobre a possibilidade de o governo federal implementar uma taxa nas transações realizadas por meio deste sistema.

Mas o vídeo de Nikolas Ferreira transcende a questão política e a disputa de narrativas entre direita e esquerda nas redes sociais. O material também expõe que a internet se tornou uma plataforma de massa, com mais acesso do que o serviço de televisão aberta no mercado de radiodifusão.

Em 2024, o Jornal Nacional, em seu melhor mês de audiência, atingiu cerca de 66 milhões de brasileiros. Isso ocorreu na semana de 6 a 12 de maio, durante a cobertura das chuvas no Sul. Segundo o Grupo Globo, o jornalismo da emissora nesse período foi assistido por 107 milhões de pessoas, considerando todos os jornais da emissora, incluindo a GloboNews.

Além de Lula, vídeo de Nikolas Ferreira expôs graves problemas para Globo, SBT e Record

Fora da Globo, Record, SBT e Band não teriam condições sequer de se aproximar da visibilidade conquistada pelo deputado no Instagram. Para o mercado publicitário, o vídeo de Nikolas Ferreira expôs, ou potencializou, que uma ação comercial pode ter o mesmo efeito se pensada apenas para a internet, deixando de fora a mídia tradicional de radiodifusão.

Isso é uma grande preocupação que já ronda as emissoras de TV, principalmente as regionais, que já sentem esse efeito.

Conforme um estudo do Cenp-Meios, realizado pelo Cenp (Fórum de Autorregulamentação do Mercado Publicitário) e divulgado em setembro de 2024, referente ao segundo trimestre, pela primeira vez na história, a internet, com investimento de R$ 2,391 bilhões (39,6%), superou a TV aberta, cuja participação foi de R$ 2,256 bilhões (37,4%) da verba publicitária disponível no período.

Ainda sobre o estrago na popularidade do governo numa a pesquisa publicada pela Quaest na última sexta-feira (17)  revelou que 88% dos brasileiros souberam sobre as mudanças nas normas de fiscalização do Pix e que 87%  ouviram sobre a possibilidade de o governo federal implementar uma taxa nas transações realizadas por meio deste sistema.

Vídeo de Nikolas Ferreira mostra que a TV aberta precisa de mudanças regulatórias

Vamos além nesse debate. Na legislação atual, as empresas de TV aberta brasileiras não podem ter mais de 30% do capital composto por indivíduos ou empresas estrangeiras. Isso é considerado uma utopia, pois nas plataformas digitais o capital é liberado para 100%.

Uma das justificativas para esse limite na mídia de radiodifusão é a preocupação com a soberania nacional. No entanto, a cada ano, isso se torna mais utópico, já que a televisão aberta está perdendo espaço no hábito dos brasileiros de consumir notícias e se entreter.

A exposição das opiniões do deputado do PL no vídeo publicado em seu Instagram evidenciou a necessidade de uma assimetria regulatória entre redes sociais e o setor de radiodifusão, tanto pela responsabilidade sobre o conteúdo exibido quanto pela igualdade no poder financeiro.

Para se manterem competitivas frente às gigantes da tecnologia com vultosos recursos, Globo, Record, SBT, Band e RedeTV! precisarão de igual capacidade econômica. Manter o limite de 30% de participação estrangeira, nesse cenário atual, é uma grande incongruência. A força do vídeo de Nikolas Ferreira deixou isso bem claro. Já existe uma geração que se informa pelo Tik Tok.

No passado, uma reportagem impactante na capa da revista Veja ou uma entrevista no Jornal Nacional tinha o poder de influenciar a população e até provocar a queda de um governo. Hoje, um simples vídeo no Instagram é capaz de exercer a mesma influência. Nesse jogo, a TV aberta está em desvantagem.

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