Opinião

Globo corre atrás do prejuízo após má repercussão de Madonna no Rio em meio à tragédia no RS

Emissora montou mega operação para cobertura da enchente no Sul do país


Montagem com William Bonner e a foto da Madonna
William Bonner comanda a cobertura do JN no Rio Grande do Sul - Foto: Montagem/NaTelinha

O jornalismo da Globo virou alvo de críticas pela ampla cobertura dedicada ao show da Madonna no Rio, veiculada no Jornal Nacional, Fantástico e GloboNews, que tirou o drama da tragédia no Rio Grande do Sul do protagonismo. Saindo da discussão ideológica em torno do assunto, sob a perspectiva do mercado televisivo, é necessário compreender que a emissora errou ao não conseguir equilibrar o interesse público com a demanda comercial. No entanto, outras TVs só mudaram o tom dos seus programas quando a Globo reviu a rota e enviou William Bonner para cobertura in loco da situação.

Esse cenário só aconteceu na última segunda-feira (06). Antes disso, os telejornais dos canais seguiam a linha editorial da Globo, ou seja, davam também amplo espaço ao show da popstar no Brasil. Esse tipo de conteúdo era visto tanto em atrações lideradas pelo departamento de jornalismo quanto pelos programas de entretenimento.

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Nenhuma dessas emissoras percebeu a necessidade de enviar seus principais jornalistas para o Rio Grande do Sul e realizar uma cobertura que a líder de audiência não estava fazendo. Não compreenderam a gravidade da situação antes do Jornal Nacional enviar seu principal âncora para o RS. A Globo precisou mudar para que todos seguissem o mesmo caminho.

No entanto, o mérito deve ser atribuído à Record. A equipe do Domingo Espetacular, em sua última edição, realizou a melhor cobertura até o momento sobre o drama das enchentes no Rio Grande do Sul. Fez o que a Globo não havia feito até aquele momento em seus jornalísticos. A Record deu a verdadeira perspectiva da tragédia aos lares do país. Foi um programa impecável, um show que não era da Madonna, mas do jornalismo raiz.

A Globo errou

Foi um erro histórico nos jornalísticos da Globo em não dar luz a gravidade que enfrentava a população do RS. O melhor exemplo disso foi justamente o canal de notícias do grupo, a GloboNews.

Enquanto haviam pessoas morrendo nas enchentes, chegaram a entrevistar até um cachorro fã da estrela internacional na praia de Copacabana. Não souberam dosar. Transformaram em um Carnaval fora de época. Claro que, por trás disso, existe a questão de entregar o que foi prometido pelo departamento comercial aos patrocinadores na programação, mas faltou sensibilidade e estratégia.

Globo corre atrás do prejuízo após má repercussão de Madonna no Rio em meio à tragédia no RS

O curioso é que o problema ocorre cinco meses após a Globo substituir seu principal executivo de jornalismo. Em janeiro, Ali Kamel, que ocupava o cargo desde 2012, deixou o departamento e Ricardo Villela assumiu a direção em seu lugar.

A Globo corre atrás do prejuízo. Na segunda-feira, o canal carioca enviou seus principais nomes para as regiões mais atingidas pela chuva, incluindo personalidades do entretenimento como Patrícia Poeta, e passou a dedicar no Jornal Nacional o maior tempo para as enchentes.

E a partir daí, a Globo mostrou a força que tem. No JN, a experiência e o carisma de William Bonner fazem a diferença. Ele informa, presta serviço e realiza uma ancoragem humanizada, sem cair no sentimentalismo excessivo e na busca do engajamento digital com comentários desnecessários, como César Filho fez no SBT Brasil sobre a tragédia do Rio Grande do Sul na sexta-feira (10).

Com Madonna, a Globo falhou, mas não ficou sozinha, as outras emissoras foram na onda. O canal tem buscado reparar o dano causado à imagem do seu jornalismo. Esse problema tem sido evidente em suas redes sociais.

Nos últimos dias, retirando os comentários ideológicos e feitos por robôs, as reclamações dos telespectadores ainda persistem e são de direito, mas nada justifica os ataques que os repórteres têm sofrido na cobertura no RS. Fica o aprendizado.

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