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Repórter processa a Globo e acusa canal de obrigá-lo a trabalhar com Covid e de dificultar ida ao banheiro

Aluisio Marques pede o reconhecimento do acúmulo de funções e pleiteia mais de 700 mil reais na Justiça


Globo
Aluisio Marques faz acusações gravíssimas contra a Globo - Foto: Reprodução/Instagram/Montagem NaTelinha
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 10/05/2024 às 12:31,
atualizado em 10/05/2024 às 17:08

O repórter Aluisio Marques, de Belo Horizonte (MG), entrou com uma ação trabalhista contra a Globo. O jornalista alega que foi alvo de assédio moral e pede o reconhecimento do acúmulo de funções. Ele solicita uma indenização de aproximadamente 725 mil reais

O grande detalhe nessa história é que Aluisio, diferente de outros profissionais que tomaram a mesma atitude, a exemplo de Cecília Flesch e Veruska Donato, segue, data hoje, contratado da emissora. Marques está de férias no momento e tomou a decisão de acionar o canal nesse período. O NaTelinha teve acesso ao processo com exclusividade. 

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O jornalista ingressou na Globo Minas em 18 de fevereiro de 2015 como estagiário e foi efetivado quase um ano depois, em 11 de fevereiro de 2016, como coordenador de telejornais. No processo, Aluisio alega que passou a desenvolver outras atividades, como editor de texto, operador de teleprompter, editor de imagem, repórter e cinegrafista.

A defesa do profissional acusa a Globo de enriquecer às custas do cliente, uma vez que ele não passou a ser remunerado pelas atividades extras e cita colegas de trabalho de Marques que, supostamente, ganhariam mais pelas mesmas funções.

Como comparação, a ação cita outros repórteres e editores que teriam salário superior ao de Aluisio desempenhando as mesmas atividades.

André Froes de Aguilar, advogado de Aluisio Marques, reivindica o pagamento de horas extras, intervalos intrajornadas, adicional noturno, abono salarial, adicional de transferência e diz que a jornada de trabalho do cliente era de 13 horas diárias, de segunda a segunda, sem horário certo, sendo que as reportagens poderiam ser produzidas em qualquer período, inclusive no da madrugada.  

Aluisio Marques faz grave acusação envolvendo o período da pandemia 

Repórter processa a Globo e acusa canal de obrigá-lo a trabalhar com Covid e de dificultar ida ao banheiro

No processo, a defesa de Aluisio Marques ainda acusa a Globo de obrigar o funcionário a trabalhar com sintomas de Covid-19 em plena pandemia. No dia 30 de agosto de 2021, o jornalista apresentou sintomas leves da doença e, ao relatar o fato ao superior direto, Gleison Barreto, teria sido orientado a continuar trabalhando normalmente, omitindo a informação dos colegas de redação, a fim de evitar pânico. 

Aluisio também alega que informou a situação a Marina Borges, então Chefe de Reportagem, e foi bombardeado de perguntas. Na sequência, ele entrou em contato com a direção do Rio de Janeiro e foi atendido por uma enfermeira que recomendou o afastamento imediato. O repórter, porém, diz que só foi liberado pela chefia de Minas Gerais horas depois e, na semana seguinte, incluído na escala de trabalho. 

Em razão do episódio, os advogados de Marques acusam a Globo de hipocrisia, uma vez que, em público, cobrava o governo federal por medidas mais eficazes na prevenção ao Covid-19, inclusive com um editorial no Jornal Nacional, ao mesmo tempo que não dava suporte ao funcionário. De acordo com Aluisio, a falta de empatia não foi um caso isolado na pandemia. Em 9 de junho de 2022, o profissional teria apresentado atestado médico de três dias e, mesmo assim, teria sido incluído na escala de trabalho pelo diretor-geral, Marcelo Moreira. 

Por fim, a defesa descreve outro episódio controverso, em 15 de julho de 2022, no qual Marques teria encontrado dificuldades até mesmo para fazer uso do banheiro, uma vez que, para tal, precisava da autorização da editora-chefe, Lídia Procópio, o que comprovaria a suposta perseguição.  

Em um áudio anexado ao processo como prova, a chefia chega a perguntar se Aluisio iria demorar muito no banheiro e o que faria, "se o número 1 ou o número 2". As situações chegaram a ser encaminhadas ao compliance da empresa, mas o repórter não obteve qualquer retorno.

A Globo não comenta casos sub judice.

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