Opinião

Aos 70 anos, Record busca reverter prejuízo milionário sendo mais evangélica

Emissora está cada vez mais voltada para o público evangélico


Foto do elenco de Reis
Reis é feita pela Igreja Universal e comprada pela Record, que tem hoje como liderança Cristiane Cardoso
Por Sandro Nascimento

Publicado em 27/09/2023 às 04:00,
atualizado em 27/09/2023 às 10:10

A Record completa 70 anos nesta quarta-feira (27), consolidada no segundo lugar de audiência, mas sem incomodar a liderança da Globo, como já conseguiu. A emissora não tem muito o que festejar na data. Em 2023, tem o desafio de equilibrar seu caixa após o prejuízo milionário do ano passado. Conforme o NaTelinha adiantou, a Record fechou seu balanço negativo em meio bilhão de reais e, para mudar esse cenário, vem realizando demissões e cortando despesas operacionais.

Nesse caminho de redução de custos, desativou seu núcleo de dramaturgia e passou a comprar o produto totalmente gravado pela produtora da Igreja Universal. Reis já está enquadrada nesse modelo de contrato. Apostando em novelas evangélicas, a Record deixou de ser um problema para a Globo.

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A única produção que emplacou desse nicho foi Os 10 Mandamentos, há oito anos, e depois nada mais foi um sucesso a ponto de chegar ao primeiro lugar. Mas, ao manter tramas religiosas na grade, dá-se a sensação de que o produto tem outros propósitos.

No passado, a emissora tentou vender a imagem de ser uma TV independente da Igreja Universal do Reino de Deus para ter uma melhor aceitação entre os profissionais da publicidade, mas hoje parece que isso não é mais uma preocupação.

Filha de Edir Macedo, Cristiane Cardoso é hoje a principal liderança da emissora e exímia conhecedora da Bíblia. Mas será esse o principal atributo para conseguir gerir uma empresa de mídia do tamanho da Record?

O canal não é o mesmo que, em 2005, sacudiu o mercado com a compra dos estúdios de Renato Aragão no Rio e produziu Prova de Amor, de Tiago Santiago, que tinha uma linguagem moderna e forçou mudanças até mesmo na dramaturgia da Globo. No jornalismo, contratou Ana Paula Padrão e vários nomes de peso da emissora carioca. Na época, a Globo sentiu o avanço da concorrência.

Com o plano de caminhar à liderança, a emissora de Edir Macedo parecia ser o futuro da TV, mas infelizmente o tempo passou e isso não aconteceu. Hoje, ninguém sabe quais são os programas e nem a hora em que entra a linha de shows da Record. No último ano, sofreu um duro golpe no seu departamento comercial com a saída do executivo Walter Zagari, considerado o Silvio Santos da área.

Suas maiores apostas no horário nobre são antagonistas do ponto de vista artístico: as novelas evangelizadoras, que a cada novo folhetim atingem menor ibope, e as baixarias sazonais das subcelebridades de A Fazenda. Que estratégia de programação é essa?

Aos 70 anos, a Record perdeu força. Sua vice-liderança decimal na TV aberta acontece pela ausência de competitividade do SBT e pelos investimentos do passado canalizados no seu jornalismo: Domingo Espetacular, Balanço Geral, Cidade Alerta e Câmera Record são alguns exemplos de bons produtos no ar. Outro acerto da emissora é a estratégica de abrir espaço para a grade regional.

A Record tem um espaço importante na história da televisão: revelou grandes talentos, exibiu programas marcantes e ditou tendências no Ibope. E essa emissora, mais pulsante, é que gostaríamos de assistir mais vezes na TV. Parabéns, Record. E se prepare para os próximos 70 anos porque o futuro será desafiador com o crescimento das plataformas digitais.

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