Coluna do Sandro

Globo é o canal que mais dá espaço para negros na TV

SBT e Record ainda engatinham na busca da diversidade racial


Maju Coutinho e David Junior
Montagem NaTelinha

Em diversas ocasiões, se discute a abertura de oportunidades para talentos negros exercendo funções de liderança frente às câmeras de TV.  Seja como apresentadores, âncoras de telejornais, repórteres e protagonistas de novelas. É uma antiga luta da classe artística, movimentos negros e ONGs, desde a implantação da televisão no país, em 1950, que vem ganhando força nos últimos anos, mas que infelizmente ainda avança de forma tímida na Globo, SBT e Record.

Ainda longe do equilíbrio, dentre as grandes redes de televisão, a Globo é a que mais vem oferecendo a chance do protagonismo do talento negro. No jornalismo, dentre inúmeros repórteres, temos os âncoras Zileide Silva, Heraldo Pereira, Thiago Oliveira, Glória Maria, e recentemente, optou por Maju Coutinho à frente do Jornal Hoje, o segundo telejornal mais importante da emissora.

No entretenimento, Taís Araújo apresenta o Popstar, Érico Brás está no Se Joga e Lázaro Ramos já teve a chance de comandar o Lazinho Com Você e o Melhores Anos das Nossas Vidas.

O curioso é que no principal setor da emissora, a dramaturgia, parece que essa representativa racial ainda engatinha. Óbvio que houve uma mudança de comportamento na escalação de atores negros desde a lamentável polêmica que envolveu a novela Segundo Sol ( 2018). A trama se passava na Bahia e a Globo acabou escalando em sua grande maioria atores brancos. De acordo com o IBGE,  80% da população do estado é composta por pessoas negras.

David Junior em Bom Sucesso

Globo é o canal que mais dá espaço para negros na TV

Mesmo depois do episódio, a emissora continua persistindo no erro e escalando profissionais para representar papéis na periferia, em núcleos pobres e sem expressão, e reforçando, assim, os estereótipos. A Dona do Pedaço não tem nenhum ator negro em destaque, e sua antecessora, O Sétimo Guardião, a mesma ausência. Cabe destacar avanços, como o ator David Junior sendo um galã em Bom Sucesso, mas nem tudo é festa: ele faz parte do núcleo pobre do folhetim.

Se olharmos para as outras emissoras, SBT e Record, elas ainda engatinham na busca da representatividade racial na TV.  O SBT não tem nenhum apresentador ou âncora negro na frente das câmeras do canal. A Record vem sinalizando um avanço no jornalismo, mas a diversidade é praticamente nula no restante da sua grade.

A luta contra a branquitude na televisão, mesmo com os avanços, é algo que ainda precisará do alerta de todos e inúmeros protestos.

A Globo não é a perfeição nesse tema, mas mesmo com seus tropeços, continua sendo a emissora que mais tenta furar esse imbecil padrão branco. Um padrão envolto numa embalagem do preconceito.

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