É hora de privatizar a TV Cultura
Diante das novas tecnologias de informação, a TV Cultura deixou de ter razão de existir
Publicado em 05/07/2019 às 05:00
Desde junho, a TV Cultura está com nova administração sob o comando do advogado José Roberto Maluf, de grande experiência em TV privada, no ano em que ela completa 50 anos. No SBT e Band, onde exerceu a função de vice-presidente, entendeu que o objetivo destes canais era lucro e redução de despesas.
Maluf terá ao seu lado um notável e conceituado conselheiro, que é o famoso Boni, José Bonifácio de Oliveira, que ao lado de Walter Clark criou a programação líder da Globo. E Boni sempre declarou que, em sua época, a TV Globo era lucrativa. O mesmo que, ao deixar a emissora, criou sua rede de TV regional com grife Globo no Vale do Paraíba e a fez muito rentável.
Para a dupla que vai liderar a TV Cultura, experiência é o que não falta no trato de TV aberta. Mas, esperem um pouco. A experiência deles é de sucesso em TV aberta particular e não em TV pública. E neste momento o leitor vai questionar: "qual a diferença?".
Na TV aberta particular, a palavra particular tem motivo de ser porque a carta patente de TV sai em nome de pessoa física, tem um dono que manda e decide as despesas que faz e se responsabiliza pelos lucros positivos ou negativos.
A criação da TV Cultura
A TV Cultura foi criada inicialmente por Assis Chateaubriand, uma das personalidades da área empresarial e política de maior poder da história do Brasil, dono da TV Tupi e emissoras outras espalhadas pelo país, além de um império editorial de jornais e revistas.
Chateaubriand acreditava que duas emissoras em São Paulo poderiam lhe dar o dobro de lucro. Mas na realidade o que acontecia não era bem isso e a Cultura, que até transmitia luta livre aos sábados, era deficitária e passou a ser uma preocupação ao empresário.
Chateau queria resolver seu problema de lucro negativo e articulou a criação da Fundação Padre Anchieta, que poderia receber dotação orçamentária do Estado e assim comprar a TV Cultura dele.
Assim foi feito, e como a Fundação não poderia ter lucro, a justificativa da aquisição da Cultura foi transformá-la em educativa e pública.
Dentro da emissora, se um diretor quiser fazer alguma coisa mais arrojada, precisa de aprovação de um Conselho que é bem eclético, e atender interesses políticos.
Mas um dos maiores problemas da TV Cultura, atualmente, é o custo alto de sua folha de pagamento. E iSão não pode ser resolvido de uma forma irresponsável. Porque uma grande onda de demissões, em contrapartida, geraria volumosas indenizações, e este dinheiro teria que ser desembolsado pela Fundação, que não tem a verba e teria que pedir dotação especial ao Estado, que atravessa um momento que possui outras prioridades. A melhor solução que se pode pensar é a privatização da TV Cultura.
Um leilão da carta patente da emissora pode render no mercado de hoje pelo menos 1 bilhão de reais, de acordo com alguns executivos ligados a televisão. E grupos até existem que entrariam na disputa. O arrematante poderia assumir a indenização dos funcionários que seria descontada do lance vencedor de leilão da Carta.
Com isai, os funcionários seriam todos indenizados sem custos ao Estado e o governo deixaria de destinar verbas todo ano à emissora.
O Estado estaria livre dos gastos que tem com a TV Cultura e poderia criar, com menos verba, um bom plano de mídia para publicidade ostensiva nas emissoras de TV em horário nobre, páginas de jornais e redes sociais, tendo até visibilidade que não tem na Cultura por sua audiência.
Para a televisão, a emissora já cumpriu sua missão. Há muito tempo, pelo desenvolvimento das comunicações e das plataformas digitais, onde as pessoas podem escolher desde ensino à distância até inúmeras atrações culturais, a TV Cultura e deixou de ter razão de existir com prejuízo às verbas do Estado.
Enquanto for pública, nem o gênio Boni e o experiente Maluf poderão fazer muita coisa.