Coluna do Sandro

Hoje na Band, Roberto Justus se irrita com o Ibope mas esquece da Record

Roberto Justus criticou o instituto em entrevista à Folha, no último domingo (26)


Roberto Justus
Reprodução/Band

Roberto Justus reclamou da baixa audiência que os números da Kantar Ibope apontam sobre seu programa "O Aprendiz".

"Eu questiono um pouco esse negócio de Ibope. Dou um terreno no centro de Tóquio, que é o mais caro do mundo, pra quem me apresentar alguém que tenha o peoplemeter em casa. Eu nunca conheci. “Ah, mas, por contrato,  eles (domicílios quem tenham  o aparelho) não podem falar”. Mas você descobriria, né? Não estou dizendo que o Ibope é furado. Nem quero deixar polêmica. Só falo que não corresponde à repercussão que “O Aprendiz” tem. As pessoas estão vendo, comentando. É tão forte na rede social que é quase impossível imaginar que ele só tenha isso de audiência". 

Esta reclamação foi feita ao repórter Bruno Soraggi, na coluna de Mônica Bergamo, da Folha, no último domingo (26). Então procuramos entender o motivo da reclamação dele com os números.

De fato, a Kantar Ibope mostra índices bem abaixo do que ele gostaria de alcançar. De acordo com o instituto, nesta temporada na Band, o reality raramente chega a 0,9 de média.

Na Folha, Justus afirma que seu sucesso nas redes sociais é tão grande que questiona os números de audiência mostrados pela Kantar Ibope. Vamos voltar no tempo e contar algumas coisas que Justus, no calor de seu trabalho atual, pode não ter se lembrado.

Audiência TV aberta e internet

Hoje na Band, Roberto Justus se irrita com o Ibope mas esquece da Record

Primeiro temos que contar que as redes sociais nada tem a ver com o universo e a audiência de TV aberta.

Há muitos anos, a RedeTV! deu um programa para Rafinha Bastos porque ele tinha milhões de seguidores nas redes sociais e a atração marcou uma pífia audiência. Foi uma decepção para os que acreditavam que seguidores de redes sociais se convergiam na audiência de TV aberta, de forma automática.

Como Rafinha Bastos, inúmeras personalidades figuram como fenômeno de  seguidores nas redes e quando participam na TV aberta suas audiências não se repetem, como nas plataformas digitais.

Na última década, Silvio Santos, com dúvidas sobre os números da Kantar Ibope, resolveu montar um sistema igual, bancado por ele, para tentar provar que os números de audiência não representavam a realidade demonstrada.

Pouco tempo depois, Silvio desistiu do seu milionário projeto porque os números apresentavam índices muito próximos aos da Kantar Ibope.

Mais recentemente, um grupo de emissoras (lideradas por SBT, Record e RedeTV!) decidiu bancar a vinda de uma empresa de audiência da Alemanha para fazer trabalho igual ao Ibope.

Ao fim, mais uma vez, os números se mostraram muito parecidos com o primeiro instituto de pesquisa no país, fundado em 1942.

Então, todo profissional de TV antes de reclamar dos resultados de audiência aferida pela Kantar Ibope, devia entender que se existem algumas falhas, e podem acontecer, porém, não significativas ao grau de mudar o ranking na participação de audiência das emissoras.

Se houvesse uma proteção do Ibope à Globo, nem "A Praça é Nossa", nem “A Hora da Venenosa" ou "The Noite" e, no passado, o "MasterChef",  teriam tido números de ibope superiores aos da emissora, rotineiramente, líder.

Roberto Justus foi em seu tempo o mais importante publicitário do país. E em nenhum momento ele questionou o Ibope durante o período em que se destacou no mercado com estratégias baseadas nos números do instituto, ou quando seu "Aprendiz", na Record, marcava média de 8 pontos.

Aliás, foram os números aferidos pela Kantar Ibope da época da Record, um dos principais pontos durante a avaliação dos executivos da Band para aprovarem sua temporada na emissora.

TV aberta tem seu público bem definido, com o mesmo perfil de pensamento desde 1950. O controle remoto da TV aberta é determinado por senhoras maduras e conservadoras.

Quem não sabe se comunicar com estas chamadas de donas de casa, nunca terá um Ibope satisfatório.

Por enquanto, youtubers ou blogueiros só influenciam as plataformas digitais. O maior publicitário do país não poderia se esquecer desta lição antes de buscar culpados pela baixa audiência do seu reality na Band.

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