Coluna do Sandro

O maior desafio da Record TV agora é buscar carisma para seu jornalismo


Jornal da Record
Record TV lançou seu novo news room para o "Jornal da Record" recentemente - Divulgação

Na semana em que comemora 65 anos, a Record TV precisa repensar, visando seu futuro, seu atual modelo de jornalismo.

Levando-se em conta a importância deste setor numa televisão aberta, por inúmeros fatores, conquistar o carisma para seu jornalismo será seu maior desafio para os próximos anos, mas que precisa ganhar os primeiros contornos agora.

Os jornalísticos da Record TV precisam encontrar seu caminho para se mesclar com a sociedade e ser amalgamada por ela, com intuito de conquistar repercussão.

Atualmente, nenhuma reportagem exibida em seus telejornais ultrapassa os limites lineares da sua própria grade, mesmo possuindo um cast de excelentes profissionais e uma estrutura capaz de competir no mesmo patamar com a Globo. Mas carisma não tem relação com tecnologia.

O maior desafio da Record TV agora é buscar carisma para seu jornalismo

Um exemplo disso era quando a emissora estava sob a antiga administração de Paulo Machado de Carvalho e colocou no ar, em 1973, o "Record em Notícias", conhecido como o "Jornal da Tosse", comandado por Hélio Ansaldo (foto/acima) e tendo uma grande repercussão em diversos setores na época.

Conversando com pessoas que vivenciaram essa parte da história da televisão, elas relataram que Ansaldo comprava todos os dias os jornais na banca com o dinheiro do seu próprio bolso para criar temas de debates para o programa. Além de ser o apresentador, ele era diretor e único produtor do "Record em Notícias".

Mesmo com todas essas dificuldades de produção, o "Record em Notícias" ficou por 23 anos no ar, perdendo força nos últimos seis, com a saída de Ansaldo após a venda para a Igreja Universal do Reino de Deus, com identificação pelos telespectadores. Sua relevância e repercussão com a dona de casa fizeram, por vários vezes, que seus debatedores fossem eleitos para o Congresso.

Por outro lado, na atual gestão da Record TV, a emissora conseguiu ameaçar a liderança da concorrência exibindo novelas, reality rural, programas dominicais e de fofocas, mas nunca conseguiu fazer frente ao carisma do jornalismo global.

Mesmo quando tem oportunidade de mesclar com o coletivo, toma atitudes equivocadas. Entre esta sexta-feira (28) e sábado (29), o canal promoveu debates para governador em diversas praças no país. Mas a Record TV escalou apresentadores de São Paulo para mediar o evento, afastando os profissionais destas regiões que possuem um vínculo diário com seu público.

Atualmente, a repercussão de jornalismo da Globo continua forte e a dona de casa ainda não encontrou o controle remoto em busca de uma opção. Mesmo após anos sendo veiculado diversas estreias do mesmo segmento na TV, o "Jornal Nacional", "Globo Repórter" e "Fantástico" continuam como produtos jornalísticos de maiores identificações dentro da nossa sociedade.

A única exceção fora da Globo atende pelo nome de Roberto Cabrini. Isso é explicável pelo fato que ao longo da sua trajetória, ele foi gerando esse carisma e se misturando com a sociedade, e a sociedade foi reconhecendo sua competência e se misturado com ela. Suas reportagens reverberam em diversos veículos em todo país, uma ilha dentro de um controverso jornalismo do SBT.

Num futuro ainda duvidoso sobre a sobrevivência da programação linear da televisão diante da concorrência do streaming, a Record TV precisa além de encontrar o costume da audiência, ir em busca de carisma para esse setor estratégico dentro de qualquer grande emissora do mundo.

Mas isso precisa ser rápido, agora, antes que uma Netflix de jornalismo entre no mercado e conquiste esse espaço que continua desocupado abaixo da Globo.

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