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SBT ainda cai em velhos erros com nova programação aos sábados

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Divulgação/SBT
No último dia 4, o SBT estreou uma nova programação, marcando uma verdadeira revolução nas noites de sábado da emissora.
 
As estreias de “Operação Mesquita”, a segunda temporada de “Duelo de Mães” e “Fábrica de Casamentos” fizeram a noite diferente, mas ficou aquela pitada de decepção com os índices de audiência dos programas.
 
Recebendo do “Programa Raul Gil” e com uma atração que preza a boa técnica, mas não prima por originalidade de conteúdo e espontaneidade, “Operação Mesquita” foi mal. Apenas 4,3 pontos, segundo dados do Ibope na Grande São Paulo. A RecordTV, com seu tradicional "Cidade Alerta", deu 3 pontos a mais.
 
Otávio e Raul Gil são de épocas semelhantes, mas públicos distintos. O estilo mais engessado de Raul contrasta com o “Pedrinho” de Mesquita, ainda mais quando o estreante da noite traz como principal referência o “Caldeirão” de Luciano Huck.
 
Ambos os programas pressupõem-se de família, mas as “famílias” são diferentes. Raul tem estilo conservador, que traduz um pouco de seu público. Raramente se arrisca a fazer algo novo e, quando o faz, busca fazê-lo de forma mais “reconhecível” possível.
 
Já Mesquita prima pelo arrojo. Seus programas, desde muito tempo, não têm um apelo de conteúdo tão forte, mas a linguagem sempre é arrojada. Usa e abusa de drones, câmeras esportivas, imagens externas e cenários inusitados. O mal do apresentador? Seu humor é próprio. Pouco para os mais jovens e muito para os mais velhos. Talvez por isso ainda não tenha se fixado em horários mais interessantes da televisão.
 
 
A grande quebra de público entre Raul Gil e Otávio é evidente e aí começa o erro estratégico do SBT. Ao anunciar as mudanças de sábado, a emissora propôs uma boa troca: Sairia Raul Gil, entraria Celso Portiolli. Essa simples alteração poderia conferir a Mesquita alguns pontinhos a mais no Ibope.
 
Celso tem mais jogo de cintura, é menos sisudo e permite uma abrangência de público maior que Raul Gil. O estilo de Portiolli transita, desde muito, entre aqueles que acompanham os dois outros apresentadores, que poderiam beneficiar-se caso um programa com o apresentador fosse encaixado entre ambos. Não foi e o SBT sentiu os efeitos da quebra.
 
Mais tarde, o badalado “Fábrica de Casamentos” estreou para o público certo. Pegando 7 pontos do inabalável “Esquadrão da Moda” de Isabella Fiorentino e Arlindo Grund, seguiu a tendência e deu 6,9. Uma audiência normal para o horário, mas que poderia ter sido mais se o SBT tivesse pensado melhor a programação posterior.
 
Ao escalar o filme “Tróia” para suceder a atração, acabou com uma importante alavanca. A composição da audiência de um programa passa pelos produtos que o cercam. Quanto menos “quebras de público”, melhor para quem entrega e para quem recebe. Fosse o filme programado uma comédia arrebatadora de bilheteria, ou um “fofinho” estilo “Os Batutinhas”, a chance de manter o público seria muito maior que o épico, sangrento e derrubador de audiências “Tróia”.
 
 
Mas a principal demonstração de falta de planejamento se dá quando percebemos que o produto ideal para o horário, que poderia alavancar a estreia de “Fábrica”, esteve no ar até duas semanas anteriores à mesma: o "Sabadão".
 
Apenas para efeito de comparação, enquanto “Tróia” sofreu com 5,1 pontos de média, “Sabadão” deu 8,5 em sua última exibição e, com o fim da atração, a Record cresceu de 6,4 para 8,3 com seu “Legendários” - que está migrando para as sextas.
 
Já neste próximo sábado (11), estreiam mais dois programas no SBT: as novas versões do "Show do Milhão" e "Roda a Roda", com crianças de até 12 anos. Ocuparão justamente a faixa que era de Celso Portiolli, empurrando o "Cine Belas Artes" para a meia-noite. Pode ficar melhor assim.
 
Mas essa perda inicial de audiência é só mais uma mostra de como a falta de um estudo básico de perfil de público, de apenas dois programas, pode fazer toda a diferença no desempenho de uma grade de programação inteira. Foi, nos sábados, como têm sido nas tardes e nos inícios da manhã: O SBT tropeça ao não fazer a lição de casa.
 
 
Helder Vendramini é formado em Rádio e TV e pesquisa esse meio há vários anos. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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