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Grandes nomes fora da TV em 2017 pede reflexão

Estação NT


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Fotomontagem NaTelinha/ Divulgação
Jô Soares se despedindo após várias décadas de SBT e Globo. Raul Gil desempregado a partir de fevereiro, o "Domingo Legal" de Celso Portiolli terminando sem prestígio. Xuxa Meneghel assumindo seu lado desbocado em esquetes na Internet, ainda que patine em audiência na Record, e já no fim do ano, o "Esquenta!" de Regina Casé anuncia seu cancelamento, enquanto Pedro Bial será substituído por Tiago Leifert na próxima edição do "BBB".
 
Houve uma época em que a programação da televisão parecia gravada em pedra. A razão para isto está na fórmula descoberta por Boni e Walther Clark nos primeiros anos de Rede Globo, e que a concorrência tentou seguir, à sua maneira: o telespectador é fisgado pelo hábito. Porém, a vedete televisiva de 2016 foi, sem dúvida, a mudança. Em várias escalas de surpresa, ela atingiu a todas as emissoras.  
 
A TV refletiu a turbulência econômica atual, seja renegociando cachês milionários ou repensando nomes e formatos que não ofereciam o retorno desejado, aliás, nomes e formatos cuja permanência nas grades de programação era mantida, ironicamente, por hábito. Mas a mudança não foi apenas financeira, obedecendo ao rastro da crise. 
 
 
O novo telespectador, do qual se fala desde o fim dos anos 1990, desafia a grade fixa usando a Internet como segunda tela, interage em tempo real com atores e apresentadores pelas redes sociais, migra para os serviços de streaming (Netflix, Hulu, agora a Amazon...), enfim, faz a própria programação, como publicitários e executivos afirmam o tempo todo. Então por que, apenas em 2016, tantos medalhões da telinha viram as suas carreiras minguarem de uma só vez? 
 
Seria imediatista apostar no cansaço desse novo telespectador (cansaço nem tão atual assim). Provavelmente muitos rostos que fizeram história na televisão brasileira refletem um bem-estar que não existe mais. Talvez o tão falado novo telespectador não deseje, pelo menos não tanto quanto antes, a TV como válvula de escape, ou até quer que ela volte a ser entretenimento, porém, que seja mais ácida, mais próxima do caos, como promete a nova geração de humoristas e apresentadores, por exemplo, vindos da Internet (onde nada é feito para ser certinho, higiênico). 
 
Afinal, a euforia colorida do "Esquenta!" sobreviveria ao governo Temer? Dá para se pensar. 
 
Ariane Fabreti é colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há sete anos.
 
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