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Tempo foi inimigo do "Programa do Jô", que saiu do SBT por "inquietação"

Enfoque NT analisa passagem de Jô Soares na Globo com o seu talk-show


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"Programa do Jô" chega ao fim no próximo dia 16 - Reprodução/TV Globo

Começa nesta quinta-feira (1) o último mês do "Programa do Jô", diariamente nas madrugadas da Globo. O talk-show terminará no próximo dia 16 de dezembro, sexta-feira. 

No ar desde 2000, Jô Soares fechou contrato para retornar ao canal carioca ainda em maio de 1999, e todos do extinto "Jô Soares Onze e Meia", do SBT, mudaram junto com o apresentador. 
 
As negociações começaram no final de 1998. Na época, Jô creditou sua mudança à uma "inquietação artística" e a linha de programação do SBT, que era outra de quando chegou, por exemplo. 
 
"Quando fui para o SBT, a programação tinha Boris Casoy, Lillian Witte Fibe, dramaturgia e investimento em jornalismo. Hoje, isso mudou. Os rumos da programação são outros", afirmou Jô numa edição de junho de 1999 do jornal O Globo. 
 
"Jô Soares Onze e Meia", no SBT, em 1997
 
A Globo prometeu independência à Jô, além de investimentos maciços, num formato que já havia sido consagrado na emissora concorrente. O Gordo voltaria à Globo após 12 anos fora. 
 
Mesmo com um contrato sendo assinado em meados de 99, o apresentador cumpriu seu contrato até dezembro, com exibição até o dia 30 daquele mês no SBT.
 
Isso também não impediu que Silvio Santos fizesse uma homenagem à Jô no extinto "Em Nome do Amor". Os dois sempre nutriram uma relação de repeito e admiração mútuos. 
 
Jô Soares no "Em Nome do Amor" em novembro de 1999; apresentador já estava com contrato assinado com a Globo
 
Estreia alardeada e marasmo ao longo do tempo 
 
Estreando em abril de 2000, Jô Soares esteve motivado por muito tempo a fazer de seu talk-show um produto que tivesse sempre um frescor, mesclando o que sabe fazer muito bem: entrevistar. 
 
Mas o tempo foi inimigo do "Programa do Jô", que pareceu ter perdido estímulo, juntamente com sua produção. Sem grandes novidades e com um formato quadrado e hard, poucas entrevistas fugiram do óbvio e do comum nos últimos tempos.
 
O quadro "Meninas do Jô"
 
Um dos grandes acertos foi o "Meninas do Jô", que estreou em 2005 em meio ao mar de lama que vivia o país no aspecto político (e ainda vive), como o escândalo do Mensalão. 
 
Mas é muito pouco para alguém multifacetado como Jô, que também escreve com maestria e foi um humorista como poucos. Um profissional completo. 
 
O término do "Programa do Jô" pode servir para que ele repense a carreira e saia da zona de conforto, onde está há muitos anos.
 
Seja em outra TV aberta ou canal fechado, o que Jô Soares realmente não pode fazer, é abandonar a profissão. Ele ainda pode colaborar muito com seu talento e uma nova "inquietação". 
 
 
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há 11 anos e assina a coluna Enfoque NT há cinco, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter: @tforatto
 
 
 
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