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Apesar de bons ganchos, "A Lei do Amor" é novela sem identidade

Antenado


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Fotos: Divulgação/TV Globo

Desde que Silvio de Abreu assumiu o comando da teledramaturgia diária da Globo - trocando em miúdos, das novelas -, é notório a preleção por produtos que padeçam de maiores atrativos de público do que de qualidade.

"Velho Chico" ter sido colocada no ar antes de "A Lei do Amor" parece um caso raro, mas curiosamente, a trama se saiu até bem nos números de audiência, além de ter tido uma qualidade impecável.

Um mês depois da estreia do novo folhetim das 21h, que conta a história da família Leitão, é possível notar alguns fatos interessantes. A primeira delas é que Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari têm um bom texto, com bons diálogos e conseguem criar situações instigantes.

A carga dramática da novela é bem visível, a direção não tem uma mão pesada e sabe dosar tudo corretamente. A fotografia é boa e o núcleo de humor, normalmente feito por Claudia Raia e Grazi Massafera, é divertido.

Claudia Abreu dispensa maiores apresentações. No meu ver, maior atriz de sua geração e ótima no papel. Reynaldo Gianecchinni cresceu bastante de uns tempos pra cá e faz um bom mocinho de novelas.

Porém, o grande problema de "A Lei do Amor" é uma coisa chamada déjà-vu. Sabe aquela coisa de "eu já não vi isso aqui em algum lugar?". Tudo bem, já diria o outro que novela é a arte de contar a mesma história de maneira diferente, mas precisa usar artifícios tão surrados? Com tanta oferta de conteúdo, ser comum não é bom.

Outro ponto negativo é o elenco extenso. A trama tem vários núcleos, muitos atores, sendo que vários ainda nem se desenvolveram. Tem personagens que ficam dias sem aparecer, e quando aparecem, são apenas figuração de luxo. É o caso de Camila Leitão, interpretada por Bruna Hamú - por mais que sua trama tenha a ganhar espaço nos próximos dias.

"A Lei do Amor" tem potencial, e de fato precisa de ajustes pontuais. A audiência baixa não é tão merecida, pois a novela tem qualidades para pelo menos manter o que "Velho Chico" vinha marcando. Mas, urgentemente, precisa de identidade. De uma cara própria. De algo que a faça se lembrar. Com recursos já tão batidos, a audiência só tende a cair.


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Ainda assina as colunas "Antenado", sobre TV aberta, e "Eu Paguei pra Ver", sobre TV por assinatura. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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