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"João Kléber Show" diverte e constrange com seu apresentador "copia e cola"

Estação NT


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Fotos: Divulgação/RedeTV!

Onipresente na TV brasileira desde o começo dos anos 2000, João Kléber pode ser considerado uma colagem ambulante. O termo aqui não tenta evitar o clichê da “metamorfose ambulante”, pelo motivo de que, mesmo carregando influências de vários apresentadores (incluindo Chacrinha, a quem substituiu na Globo quando o Velho Guerreiro já estava doente), ele se mantém o mesmo, para irritação e delírio da sua plateia.

Esta sensação mistura-tudo-e-vê-no-que-dá era inevitável para quem acompanhou a estreia de “João Kléber Show” neste domingo (05), na RedeTV!. Apresentador que garantiu, durante anos, audiência para a emissora de Osasco com a sua miscelânea de programas que juntavam variedades e sensacionalismo, ele realizou o sonho (como repetiu incontáveis vezes durante a estreia) de ter um programa de auditório aos domingos. Estranhamente, o colocaram às 22h30, quando o telespectador já se prepara para a labuta do dia seguinte, e também quando os maiores concorrentes do gênero encerraram suas atrações (mas Silvio Santos ainda está firme no ar).

Para ter uma noção da bricolagem de “João Kléber Show”, basta fazer uma lista mental. Apresentação de calouros? Teve. Calouros com histórias de superação? Sim. Dançarinas de figurino berrante? Checked. Cenário colorido e reciclado, um estilo entre Amaury Jr. e "Clube do Bolinha"? Sim. Jurados subcelebridades, assíduos da RedeTV! (a repórter e ex-BBB Íris Stefanelli, os cantores Ovelha e Nahim, o produtor musical Miranda)? Estavam lá. Câmeras que fazem movimentos giratórios infinitos, no melhor estilo anos 90? Não faltaram. O que dizer da entrevista-coringa com uma celebridade internacional? Claro. Neste item, João Kléber pecou pela conversa ligeira com Andrea Bocelli em sua mansão na Itália, em que mal deixou o tenor abrir a boca.

Neste liquidificador de influências, o telespectador experimenta aquele déjà vu constante, a impressão de ter entrado em um túnel do tempo sem freios, onde esbarra em Chacrinha, Flávio Cavalcanti, Carlos Imperial, Faustão em “Perdidos na Noite”, Bolinha, Silvio Santos, Gugu Liberato em início de carreira, e mais um sem-número de apresentadores e programas que fizeram a educação televisiva de João Kléber.

Mas apesar da reciclagem precária, “João Kléber Show” tem aquele detalhe escondido que nos faz acompanhar o apresentador mesmo em seus momentos mais constrangedores (o que dizer dos “segredos” revelados em “Vi na TV”?).

Tal detalhe é a absoluta franqueza de João Kléber sobre os seus objetivos e a sua já citada educação televisiva. Diferente dos concorrentes, ele não quer inovar, e sim, se aproximar do público. Ponto para o apresentador e a sua colagem ambulante.


Ariane Fabreti é colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há sete anos.

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