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Globo tem fim de semana bipolar de tratamentos distintos com a "Rede Fuso"

Território da TV


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Jornal teve um encerramento diferenciado na última sexta (6) - Divulgação/TV Globo
Por Redação NT

Publicado em 09/11/2015 às 14:37,
atualizado em 13/05/2021 às 12:42

 

O mesmo público que ganha um encerramento especial do “Jornal Nacional” não consegue um simples corte no “Altas Horas”. Em pouco mais de 24 horas, a Globo tratou de maneira bem diferente os telespectadores do Nordeste, Pará, Amapá, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Antes de tudo, se você não conhece a “Rede Fuso”, pode entender melhor nessa reportagem de Gabriel Vaquer, feita ao começo do horário de verão e que apresenta as diferenças básicas a que são submetidos os telespectadores que ficam uma hora atrás da capital federal em seus relógios.

Entre essas alterações de praxe, está a inversão do “Jornal Nacional” e da novela das 19h, que até sexta era “I Love Paraisópolis”, para que o “JN” possa ser transmitido ao vivo às 19h30 locais.
 
É por isso que William Bonner e Renata Vasconcellos anunciam as notícias do “Jornal da Globo” para mais tarde, mas praticamente nunca a novela das 21h que vem na sequência no Sul, Sudeste, Distrito Federal e Goiás. Afinal, boa parte dos telespectadores só verá o folhetim das nove algum tempo depois.  

Mas a fala genérica foi trocada para os “atrasados” na sexta (6). O público foi surpreendido com uma mensagem especial de Bonner informando que “agora você assiste ao último capítulo de 'I Love Paraisópolis', mas antes vai ver como é que começa a história da próxima novela, 'Totalmente Demais'”.

Texto curto, medida simples, mas eficiente para situar melhor a plateia que teve sua programação de horário nobre remexida há pouco tempo.

Pena que esse cuidado não se repetiu um dia depois, quando a mesma região foi obrigada a assistir completamente gravadas as lutas do "UFC Fight Night" em São Paulo. Transmitidos ao vivo para os estados que compartilham o horário com Brasília, os combates foram ao ar integralmente com atraso no NE, PA, AP, MT e MS.

Quando Cléber Machado abriu a transmissão informando ser 00h53, para esses estados, na verdade, já era 01h07 locais. Na prática, 74 minutos de atraso, uma eternidade se tratando de esporte. Qualquer um que quisesse poderia acessar facilmente em seu smartphone o resultado dos confrontos e ir dormir sem aguardar o desdobramento deles na TV.

O que impressiona é que essa medida de pouco caso é rara pelos lados globais. Em outras ocasiões, o “Altas Horas” era dividido ao meio com uma mensagem pré-gravada de Serginho Groisman e retornava para um bloco final após o UFC.

Também seria simples a transmissão ter começado às 1h07 locais cortando ao vivo direto para o ponto em que a rede estava, permitindo a exibição simultânea ao menos dos duelos mais importantes.

Na semana anterior, a habilidade da programação da emissora colocou ao vivo para todo o país o treino da Fórmula 1 unindo o “Caldeirão do Huck” em um break ao mesmo tempo a partir de variadas deixas. Já na seguinte, com o Grande Prêmio do Brasil, as alterações deverão ser maiores, colocando praticamente toda a programação do sábado em rede para a exibição dos treinos. Ao menos se dessa vez o padrão de outras oportunidades for mantido.

Foi bem

Ainda na linha “Rede Fuso”, vale destacar quando há acertos, como nos dias que se seguiram ao desastre das barragens em Minas Gerais, com o “Jornal Hoje” sendo ancorado por, respectivamente, Sandra Annenberg e Monalisa Perrone ao vivo em duas edições quase que consecutivas para contemplar todo o país.

As jornalistas fizeram praticamente o mesmo telejornal por duas vezes, com a diferenciação entre eles sendo somente no conteúdo dos links. A medida permitiu a presença de informações atualizadas sobre o andamento dos resgates em Mariana, além de evitar gafes como um “Plantão” interrompendo o “JH”, o que ocorreu durante a cobertura dos ataques em Paris.

Ainda sobre Mariana...

A Globo News, com suas equipes deslocadas para a região da tragédia, acumula furos. Foi dela a primeira equipe a entrar na região mais devastada e também a pioneira a transmitir ao vivo dos locais mais afetados. Já a cobertura local da Globo Minas ficou devendo. Os telejornais não ganharam uma esticada que é comum em outras praças para notícias até menos relevantes e muitos dos boletins exibidos nos breaks foram gravados.

Ainda sobre jornalismo...

Sem encerramento personalizado, mas também digno de nota foi o “Jornal Nacional” do último sábado (7), ancorado por Ana Paula Araújo e Giuliana Morrone. Foi a primeira ocasião em que duas mulheres dividiram a bancada sem que o fato fosse colocado como uma comemoração.

Foi mal

Os telespectadores de parte do Amazonas, Roraima e Rondônia sofrem ainda mais com os desmandos da “Rede Fuso”. Nesses estados, até a grade de domingo é gravada em parte.

A “Temperatura Máxima” entra após o futebol e só depois do filme que surge o “Domingão do Faustão”. O problema é que a votação da “Dança dos Famosos” é anunciada normalmente nessas localidades como se os votos do público pudessem influir na disputada mesmo depois dela ter acabado...

Realities como “BBB” e “A Fazenda” costumam inserir GCs com avisos sobre a invalidade da votação a partir de determinado horário. O mais bizarro é que o domingo não tem nenhum problema com a classificação indicativa para que esse delay seja forçado, sendo ele pura “estratégia” de grade.

 

O colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira. Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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