Colunas

Dr. Osmar de todos os canais abertos

Papo de Bola


osmardeoliveira-band-terno.jpg
Divulgação

Por dois meses, houve a expectativa em torno da sua melhora e até de alta conforme algumas previsões, mas que acabavam contrariadas devido a complicadores que surgiam para dificultar tudo. Lamentavelmente, o que surgiu não pôde ser positivamente contornado e uma parada cardíaca decorrente de complicações de uma hemorragia vitimou Osmar de Oliveira.

Pouco depois das 18h desta sexta-feira (11), o médico e jornalista morreu aos 71 anos completados no mês passado, representando mais uma grande perda para o jornalismo esportivo neste ano de 2014 que está difícil demais e que, especialmente para a TV Bandeirantes (onde trabalhava em terceira passagem), já foi de superação nesta Copa do Mundo por causa do adeus ao Luciano do Valle antes dela.

Velado desde a madrugada na Assembleia Legislativa de SP, Dr. Osmar será enterrado no Cemitério São Paulo às 17h deste sábado (12). Assim que seu falecimento foi confirmado, muitos colegas de Band e profissionais que ao seu lado estiveram em variadas épocas prestaram homenagens.

Claro que uma muito emocionante foi da Renata Fan, que tem passado por provações sequenciais por ser esta a terceira grande perda que sofre, somada a de Osmar às do Luciano e a do Fernandão, ídolo do seu Internacional. Se para ela fazer o primeiro "Jogo Aberto" após os falecimentos do titular da casa e do campeão mundial alvirrubro foi sofrido, imagina o desta segunda-feira (14), quando ausente definitivamente estará seu companheiro por 11 anos seguidos entre Record e Bandeirantes. Sim, eles batiam boca de vez em quando por causa de seus clubes, mas era fato que se gostavam bastante.

Osmar de Oliveira nunca escondeu que era torcedor do Corinthians, ainda mais que trabalhou no clube como médico de 1969 a 1977, exercendo esta função também no São Bento, na seleção brasileira de basquete e no Comitê Olímpico Brasileiro de 1980 a 1988. O jornalismo surge na década de 60, em Sorocaba, onde cursou medicina. Foi no jornal Cruzeiro do Sul e na Rádio Cacique. Depois, participou da Revista do Corinthians e do jornal Coringão. A chegada à televisão na capital paulista ocorreu em 1978, por Roberto Petri, na Gazeta. Além de fazer no canal 11 a "Mesa Redonda", também comentava em programas da Rádio Gazeta AM.

Dr. Osmar foi locutor da Rede Globo de 1980 a 1983. Em seu último ano na Plim-Plim, foi a Caracas transmitir os Jogos Pan-Americanos, que incluíram entre os enviados Léo Batista e Luiz Fernando Lima, este estreando na televisão e repórter dos jogos de vôlei que Osmar narrava. A saída foi quase no término daquele 1983, sendo mais específico, em dezembro. Ele se transferiu para a Bandeirantes, nela estreando antes até do líder Luciano do Valle, que ainda encerrava seu compromisso com a Record. O "Show do Esporte" estreou em 4 de dezembro e Osmar estreou no terceiro domingo do programa, transmitindo sozinho o clássico decisivo Coritiba x Atlético do Campeonato Paranaense. Foi a primeira de três presenças no canal 13. Mas de canal mudaria em 1985.

Neste ano, Osmar foi para o SBT em primeira passagem, que durou dois anos e na qual transmitiu Eliminatórias em 1985 e Copa do Mundo em 1986. Logo, compôs o inesquecível pool "Unidos Venceremos", que uniu o SBT à Record, da qual Silvio Santos tinha 50% de ações. No México, Osmar, Juca Kfouri e Jorge Kajuru representaram a emissora do Patrão, enquanto a maioria do time era da Record e liderado era por Sílvio Luiz. Depois disso, ele voltaria para a Bandeirantes por mais dois anos. Em 1987, narrou o histórico título do basquete masculino diante dos Estados Unidos nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis pela "Rede do Pan", com variadas emissoras independentes pelo país (entre elas Gazeta de São Paulo, Corcovado do Rio de Janeiro, Nacional de Brasília e Guaíba de Porto Alegre). A Koch Tavares comprou os direitos e vários profissionais foram emprestados pela Band, ele um desses. Em 1988, participou da equipe que cobriu os Jogos Olímpicos de Seul.

A seguir, três anos na Rede Manchete como narrador, apresentador e diretor esportivo em São Paulo. Osmar de Oliveira narrou o título brasileiro do Vasco sobre o São Paulo em 1989 e compôs a equipe enviada para a Copa do Mundo na Itália em 1990, transmitindo o primeiro jogo da Seleção ao lado de Zagallo e Falcão. Depois, chegaria a segunda e mais marcante passagem pelo SBT, que durou sete anos e novamente o trouxe como diretor esportivo e narrador. Cobriu as Olimpíadas de 1992 e 1996 e as Copas do Mundo de 1994 e 1998, além de muitos torneios de futebol. Apresentou programas como "Esporte Mágico" e "SBT Esporte" e narrou o último jogo da fase áurea da TV de Silvio Santos no futebol: a final da Copa Mercosul de 1998, ganha pelo Palmeiras sobre o Cruzeiro.

Em 1999, Osmar ficou uns poucos meses no "Cartão Verde", da TV Cultura. Seu primeiro trabalho para televisão fechada veio entre 2000 e 2001 na PSN, o canal da HMTF (Hicks, Muse, Tate & Furst), o fundo de investimentos que depositou grana em clubes dos quais foi parceiro, entre eles Cruzeiro e o Corinthians do coração do locutor. A volta à televisão aberta se dá em 2002 pela Record, onde passou a ser menos narrador e mais comentarista, tanto nas transmissões ao fazer a maioria das partidas exibidas no Rio de Janeiro (até 2005) quanto em atrações como "Terceiro Tempo", para todo o país aos domingos, e especialmente "Debate Bola", diariamente só para São Paulo. Nela, assumiu de vez seu corintianismo, o que mudou bastante seu perfil no vídeo em comparação ao que sempre mostrara. Meio que "vestiu o personagem". Não digo que não exagerava às vezes pois exagerava, sim. Mas ainda mantinha análises mais isentas e sérias. E, claro, virava alvo de gozações quando o Timão ia mal.

A terceira e definitiva passagem pela Rede Bandeirantes começou em 2007, quando a emissora voltou a exibir os campeonatos de futebol sublicenciados pela Globo e adquiriu alguns profissionais da Record, entre eles Osmar e Renata Fan, agora convertida em estrela principal no "Jogo Aberto". O doutor não é membro da equipe original de estreia, mas entrou de vez no programa poucos meses depois. No mesmo ano de 2007, ele e Renata fizeram o "Futebol Compacto" aos domingos, repercutindo a rodada do fim de semana. É no ano seguinte que Osmar e Milton Neves, parceiros de Record entre 2002 e 2006, ficam juntos outra vez quando o apresentador retorna à Band. O doutor passou a participar do "Terceiro Tempo". Em 2008, ele narrou eventos da Olimpíada de Pequim. De vez em quando, narrava um ou outro jogo das competições de base da FIFA, geralmente mostradas em VT na madrugada ou ao vivo durante a manhã. Na atual Copa, transmitiria dois jogos na fase de grupos.

Porém, isto não aconteceu. Depois de passar pouco tempo fora do ar em 2013 devido a um infarto e retornar ao trabalho, Osmar desta vez foi internado logo após a convocação do Brasil para o Mundial de Seleções e não mais deixaria o Hospital AC Camargo. Cirurgia para retirada de um tumor na próstata bem sucedida, mas problemas na sequência que mantiveram tanto complicado quanto agravado seu estado de saúde lamentavelmente resultaram no que sabido pelo público foi no começo da noite desta sexta-feira.

Até por tanto defendê-lo especialmente nos anos 2000 nos debates dos quais participava, seria de bom grado que o Corinthians preparasse uma homenagem especial a ele para o jogo da próxima quinta-feira (17), contra o Internacional, na retomada do Campeonato Brasileiro.

É isso. Num ano miserável de infeliz, mais uma perda significativa. Que o Dr. Osmar descanse em paz.


Edu César é titular do site www.papodebola.com.br e está de volta ao NaTelinha para falar sobre a cobertura da Copa do Mundo pelas TVs.
 

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado