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Quando até o "Cidade Alerta" entra no clima, vai ter Copa sim

Confira mais uma análise da coluna "Território da TV"


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Fotos: Reprodução

Samba, festa, torcida... Tente pensar um programa em que você possa conferir isso tudo. O “Cidade Alerta” certamente aparecerá bem no final da sua lista. Mas a Copa do Mundo conseguiu contagiar até mesmo Marcelo Rezende e seus convocados.

Como uma boa atração popular, o jornalístico da Record se rendeu ao clamor das ruas. Se há um ano era defensor incansável das manifestações, agora entrou na corrente de torcida pela Seleção Brasileira.

Ontem, a única aglomeração exibida pela “lente nervosa” do helicóptero do comandante Hamilton foi a de torcedores acenando para o ônibus que levava a delegação brasileira a Arena Corinthians, onde fez o reconhecimento do gramado.

De contrato recém-renovado até 2020, Marcelo Rezende chamou não só reportagens sobre crimes nessa quarta-feira (11), mas também matérias sobre as musas da Copa, a trajetória do craque Neymar. Além disso, ouviu ao vivo no estúdio a jornalista Fabíola Reipert. Por telefone, o apresentador Rodrigo Faro também comentou a sua torcida preparatória.

Além de Fabíola, Percival de Souza e diversos repórteres do “Cidade” pelo país estavam trajados de verde e amarelo.

Em alguns instantes, o “Brasil Urgente”, de José Luiz Datena, que narra hoje a abertura do Mundial no BandSports e amanhã surge direto de Natal com México x Camarões no canal aberto, não falava sobre o Mundial, mas seu concorrente na Record seguia com a pauta.

E Rezende até mesmo contextualizou sobre a realização da cobertura mesmo sem os direitos de transmissão do evento. Citando nominalmente Globo e Band, ele falou que há regras, mas não é por isso que o evento deve ser ignorado. Marcelo aproveitou ainda para cutucar o “Jornal Nacional” por não ter feito menção sobre a morte do narrador Maurício Torres, mesmo com ele tendo trabalhado por anos na emissora.

O apresentador comentou ainda que começou sua carreira no esporte e já acumula diversas Copas no currículo.

A postura é compartilhada por todo o jornalismo da casa. O “Jornal da Record” e, em maior escala, o “Fala Brasil” vem fazendo coberturas intensivas sobre as chegadas das equipes estrangeiras ao país com links espalhados em diversas cidades.

Pode se dizer que a normalidade com que uma Copa do Mundo no Brasil vem sendo levada pela Record é surpreendente. Edir Macedo, proprietário do canal, promove convenientemente um “jejum de mídia” entre seus fiéis na Igreja Universal do Reino de Deus justamente durante o período do torneio. Ou seja, mostra-se certo distanciamento entre o lado religioso e o jornalístico, que em um passado não tão recente se cansou de produzir matérias sobre os livros de Edir.

O canal ainda prova maturidade em separar as boas denúncias encabeçadas pela equipe e que ajudaram a derrubar o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira do lado futebolístico da Copa. De quebra, evita uma saia-justa ao garantir que não será contraditório em 2016 quando vibrar com a realização da Olimpíada do Rio, da qual aí sim tem os direitos de exibição.

1 hora de "Jornal Nacional"

Por causa do futebol, o “JN” da quarta-feira muitas vezes não chega em 30 minutos de duração (incluindo conteúdo e intervalos comerciais).

Só são recordáveis duas oportunidades em que dobrou esse período e fechou em 60 minutos: 11 de setembro de 2001, data que dispensa maiores aprofundamentos e 20 de junho de 2013, quando Patrícia Poeta já estava em boletim ao vivo desde antes das 20h30 com a cobertura do auge das manifestações de rua pelo Brasil.

Dessa vez, Patrícia saiu da bancada, como faz desde a segunda-feira passada e foi para São Paulo, onde ficou ao lado de Galvão Bueno em um estúdio de vidro montado em frente ao estádio de abertura da Copa.

De lá que chamou a maior parte das reportagens que dominaram essa hora de telejornal, enquanto Heraldo Pereira, que substituiu o gripado William Bonner, ficou nos estúdios do Rio de Janeiro.

De 27 conteúdos diferentes exibidos, 16 foram sobre a Copa, desde a previsão do tempo específica para hora de Brasil x Croácia até a mensagem enviada pelo papa Francisco aos atletas e torcedores. Até o encerramento foi especial, com imagens da iluminação do Cristo Redentor para o Mundial.

Para hoje, é claro, a expectativa é ainda maior. A grade da Globo aponta programação ao vivo desde 6h15 com o “Bom Dia Praça”, seguido pelos também exibidos em tempo real “Bom Dia Brasil”, “Mais Você”, “Bem Estar”, “Encontro”, “Praça TV”, “Globo Esporte” e “Jornal Hoje”, que em edição especial já entregará a faixa para Galvão Bueno, que deve ficar por 5 horas no ar com as festividades de abertura e os 90 minutos de bola rolando.

A sequência teoricamente será cortada somente por “Geração Brasil”, que tem o horário excepcionalmente invertido com a segunda edição do telejornal local, hoje programado para estar colado ao “JN”. Mas não é de se duvidar que qualquer fato mais atípico nos arredores do estádio derrube a exibição da novela.

Na Band, a previsão é ainda maior. Desde 6h com o “Café com Jornal”, o canal só corta para conteúdo gravado (e em horário comprado) às 20h30, quando entra o “Show da Fé”. Mas já tem agendada até mesmo uma reprise do duelo brasileiro contra os croatas.

E isso tudo pode ser somente uma prévia de um gigantismo muito maior da cobertura de ambas em 13 de julho. É aguardar (e torcer) para ver.
 

No NaTelinha, o colunista Lucas Félix irá mostrar um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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